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terça-feira, 11 de junho de 2013

Obama não é Bush, mas parece

Em menos de um mês, Barack Obama expressou sua vontade de terminar a guerra contra o terrorismo --"essa guerra, como todas as guerras, tem que acabar"--, completou uma equipe de política externa situada bastante à esquerda no espectro político e justificou a vigilância de milhões de telefonemas e mensagens de internet sob a teoria de que é preciso sacrificar certa privacidade em favor de maior segurança.

Na realidade, nada de novo, é o mesmo Obama de sempre, nessa luta constante entre o compromisso com a lenda do "Yes, we can" e a realidade do governo. Provavelmente essa é a própria essência do poder: os limites entre o que se quer fazer e o que se pode fazer.

No caso de Obama, o episódio dos registros telefônicos e o rastreamento de mensagens eletrônicas, bate-papos ou fotos em todo o mundo acabou de decepcionar alguns de seus seguidores mais entusiásticos. O jornal "The New York Times" declarou rotundamente em um editorial que "não se pode confiar" mais nele. Nas TVs e nas redes sociais, as críticas, tanto da esquerda como da direita, foram dominantes e, com essa capacidade de síntese característica dos jornalistas, alguns títulos o expressaram assim: "George W. Obama".

A ideia de que Obama é uma repetição de Bush é fácil de entender, muito mais fácil de transmitir e conta com muitos adeptos, tanto entre os que tentam eximir Bush como entre os que sempre tiveram suspeitas de Obama. Mas o assunto é um pouco mais complexo.

Obama herdou a estratégia completa da guerra ao terrorismo elaborada pelo governo Bush, incluindo os dois programas de vigilância das comunicações que agora foram conhecidos, e a verdade é que não fez grande coisa para substituí-la. Talvez tenha tentado, mas o convenceram de que era impossível. Como confessou inocentemente na sexta-feira (7), inicialmente ele foi cético sobre o valor desses programas, mas seus assessores lhe recomendaram mantê-los.

Uma boa direção exige escutar os colaboradores, é claro. Mas a liderança é forjada no risco pessoal que um presidente assume sozinho em determinadas ocasiões. Completam-se agora 50 anos do assassinato de John F. Kennedy, de quem se recorda como se manteve só, contra a opinião de todos os seus assessores militares, na posição de não atacar Cuba durante a crise dos mísseis, o que provavelmente evitou uma guerra nuclear.

Obama não é a repetição de Bush por sua concepção do mundo, do papel dos EUA ou do uso dos meios que tem à sua disposição. Mas se parece com ele, no sentido de que até agora foi incapaz de estabelecer sua própria e diferenciada presidência. O problema não é que Bush seja o modelo de Obama, pois não é. O problema é que neste momento é impossível saber por que Obama queria um segundo mandato e para onde conduz o país. Não é que seja como Bush, é que a escassez de liderança fez recordar Bush.

Para sermos justos, é preciso reconhecer que o registro de chamadas telefônicas sem escutar seu conteúdo, ou o acompanhamento dos movimentos da internet no mundo, ocasiona aos indivíduos menor dano que as torturas, as prisões secretas ou os sequestros clandestinos. Obama eliminou os ingredientes mais nocivos da guerra contra o terrorismo e, em linhas gerais, criou um ambiente de cooperação e entendimento internacional. E isso é muito, quando se avalia em perspectiva.

Mas, novamente, o problema é que esses méritos não correspondem a uma linha de atuação coerente e constante. Nem sequer teria sido tão difícil defender a vigilância das comunicações, que pode ter sua lógica dentro de um projeto próprio e arrazoado.

Alguns dos que apoiam Obama, e o próprio presidente, se encarregaram de lembrar que os dois programas agora conhecidos já existiam na administração anterior. Má desculpa, que só põe em evidência o continuísmo, a paralisia e a escassez de ideias da atual administração.

Bush tinha seu plano, por mais descabelado que fosse. Mas qual é o de Obama? Um pouco daqui e um pouco de lá, algumas ideias genéricas de futuro, misturadas com muito da realidade do passado. Diante da confusão da resposta, vai se fortalecendo a ideia de que Obama continuou o plano de Bush.

É decepcionante, quando se leva em conta o que Obama representa na história como o primeiro presidente negro, e injusto, quando se conhecem um pouco as qualidades pessoais e intelectuais de um homem que pensa muito melhor do que atua. Mas é o preço que se paga pela indecisão.

2 comentários:

  1. Conforme eu disse na eleição dele : o mt do mesmo...eis a prova. Sds.

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  2. Que me apontem qual o presidente dos EUA que não cumpriu com a regra, já pré-estabelecida pelo lobby armamentista, para a política externa que tenha um pouco de bom senso? Truculência/brutalidade/destruições/mortes ... etc, esse é tom. São todos iguais.

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