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terça-feira, 4 de outubro de 2011

A volta de Vladimir Putin ao Kremlin poderá frear o crescimento, a longo prazo

O “Chávez russo” é a garantia de uma certa estabilidade. Mas o homem forte da Rússia vem fazendo contínuas referências ao reformista mão de ferro Stolypin

Seria a volta de Vladimir Putin ao Kremlin, em 2012, uma coisa boa para os investidores? Afinal, ele é o homem forte do país, cujo aval é necessário para a assinatura de qualquer projeto energético. A empresa petroleira Exxon, que, sob sua influência, fechou um acordo com a grande empresa russa Rosneft para explorar o Ártico, só tem a comemorar, assim como a EDF, a Eni e a Wintershall, tentadas pela construção do gasoduto Southstream, o canal sul do gás russo para a Europa Ocidental.

A estabilidade é um valor apreciado no mundo dos negócios. Ora, não há nada mais estável que a Rússia de Putin. Presidente de 2000 a 2008, o chefão do Kremlin se prepara para voltar em 2012, para um mandato renovável de seis anos. Ele poderá então permanecer até 2024... Menos tempo que Stálin (trinta anos no poder), mas mais que Brejnev (dezoito anos). Mas entre estabilidade e estagnação, o “Chávez russo” deverá prestar atenção.

Para a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a volta de Putin ao Kremlin poderá, a longo prazo, ser um freio para o crescimento. Embora por enquanto esteja fora de cogitação rebaixar a Rússia (BBB, estável), a agência alerta sobre a capacidade de Putin de melhorar o ambiente dos negócios, favorecer a concorrência e modernizar a infraestrutura.

Ainda mais pelo fato de que o ministro das Finanças, Alexei Kudrin, acaba de ser demitido de seu posto após onze anos. Defensor do rigor, respeitado pelos investidores, Kudrin criticava abertamente o populismo orçamentário do Kremlin. “Apesar de minhas repetidas objeções, para certos públicos, foram tomadas decisões que certamente aumentaram os riscos” para o equilíbrio financeiro do país, ele ressaltou. Nesse período pré-eleitoral, o primeiro-ministro Putin promete aumentar salários, aposentadorias, soldos e elevar em 20% o orçamento do exército em 2012. O orçamento russo, cujos dois principais postos são o social e o militar, lembra curiosamente o da URSS.

“A Federação da Rússia não é uma república das bananas, mas sim um grande país membro do Conselho de Segurança, detentor da arma nuclear. É por isso que, por mais triste que possa ser para o orçamento, nós sempre colocaremos ênfase nos gastos militares e com segurança”, respondeu o presidente Dimitri Medvedev a Kudrin, após sua demissão.

“O resultado poderia ser soviético. Afinal, foi por seus gastos militares que a URSS fracassou”, lembra o especialista militar Pavel Felgenhauer.

Obras diversas
Por enquanto, os indicadores econômicos são bons, está havendo crescimento (4% em 2011), o déficit orçamentário é inexistente e a dívida pública é ínfima. Mas as finanças públicas russas são vulneráveis, ainda mais pelo fato de serem muito dependentes dos preços das matérias-primas, e em particular do petróleo, aos quais estão atrelados 50% dos recursos orçamentários.

Não faltam obras para o futuro. Toda a infraestrutura industrial deve ser reconstruída. O país sofre com uma falta cruel de estradas, somente 30% das estradas nacionais são asfaltadas, as usinas elétricas são obsoletas, os aviões para voos domésticos são velhos demais (doze acidentes fatais desde o início de 2011).

O sistema de aposentadorias (deficitário em US$ 31 bilhões) está ameaçado, agora que a população ativa corre o risco de perder 10 milhões de pessoas até 2025.

Para enfrentar tudo isso, a Rússia precisará de investidores estrangeiros. Ora, os investimentos diretos estrangeiros (IDE) continuam fracos (20% do PIB, contra 50% na China) em todo o país. E não é certo que a volta de Putin vá atrai-los. Nos últimos meses, o chefão do Kremlin se colocou no papel de Piotr Stolypin, o primeiro-ministro do último czar Nicolas 2º, um reformista mão de ferro ao qual ele faz constantes alusões.

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