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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Celso Amorim visita estaleiro francês envolvido na construção dos novos submarinos brasileiros

À direita Patrick Boissie, presidente executivo da companhia DCNS; À direita Celso Amorim, ministro da Defesa do Brasil

O ministro da Defesa, Celso Amorim, visitou nesta quarta-feira o estaleiro de Cherbourg da estatal francesa DCNS, no norte da França, onde está em construção a proa do primeiro submarino Scorpène-Br (S-BR), encomendado pela Marinha do Brasil dentro do acordo de parceria estratégica firmado entre os dois países em 2008.

A visita encerra uma viagem de dois dias, que teve como objetivo estreitar a cooperação entre os dois países. Antes de ir a Cherbourg, o ministro brasileiro foi recebido, em Paris, pelo presidente Nicolas Sarkozy. Na terça-feira, Amorim teve reuniões de trabalho com o ministro da Defesa, Gérard Longuet, e com o chanceler Alain Juppé.

O acordo assinado com a DCNS prevê a construção de quatro submarinos S-BR. A proa da primeira unidade será fabricada na França. Uma vez concluída, será transportada ao Brasil para ser montada com as seções central e de popa no estaleiro que está sendo construído pela Itaguaí Construções Navais (ICN). Será o primeiro passo rumo à construção do submarino com propulsão nuclear brasileiro (SN-BR) – marco maior do programa –, que empregará um reator de projeto e fabricação nacional.

Hoje, apenas China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia possuem tecnologia para fabricar submarinos com propulsão nuclear, que possuem vantagens táticas e estratégicas significativas. Basicamente, estão limitados pelo estoque de munição e alimento a bordo.

Com enorme autonomia, podem desenvolver velocidades elevadas por longos períodos de navegação, aumentando sua mobilidade e permitindo a patrulha de áreas mais amplas no oceano.

Estaleiro e base naval

A ICN é uma parceria entre a francesa DCNS e a construtora brasileira Norberto Odebrecht, formada com a participação da Marinha do Brasil, que detém golden share (direito de veto) sobre questões referentes à atuação da empresa. O Prosub também contempla a construção de uma sofisticada base naval e a instalação de uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem) ao lado da unidade da Nuclep, que fabricará as seções que formam os cascos dos submarinos.

Esse processo de capacitação da indústria de defesa nacional, que envolve transferência de tecnologia e expressiva nacionalização dos equipamentos, permitirá que a qualificação obtida pelos profissionais brasileiros, sobretudo na fabricação do SN-BR, possa ser utilizada em vários outros segmentos da indústria nacional.

Estima-se que cada um dos submarinos a ser fabricado no Brasil contará com mais de 36 mil itens produzidos por mais de 30 empresas brasileiras. Entre esses equipamentos estão quadros elétricos, válvulas de casco, bombas hidráulicas, motores elétricos, sistema de combate, sistemas de controle, motor a diesel e baterias especiais de grande porte, além de serviços de usinagem e mecânica.

Empregos

O estímulo, pelo Prosub, à indústria de fornecedores nacionais, aliado ao grande processo de capacitação empreendido, é considerado o maior trunfo do programa. Entende-se que, uma vez capacitado e com parque industrial ativo, o Brasil não irá depender de outro país para fazer submarinos convencionais e de propulsão nuclear.

A previsão é de que o primeiro dos quatro submarinos convencionais a serem construídos esteja pronto em 2016 e seja entregue à Marinha em meados de 2017, após a realização dos testes de cais e mar. Os demais submarinos convencionais serão entregues a cada ano e meio de defasagem. O primeiro submarino com propulsão nuclear ficará pronto em 2023.

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil irá gerar, somente durante as obras de construção previstas, mais de 9 mil empregos diretos e outros 27 mil indiretos. Projeta-se para o período de construção dos submarinos, apenas na área de construção naval militar, a criação de cerca de 2 mil empregos diretos e 8 mil indiretos permanentes, com utilização expressiva de mão-de-obra local.

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