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terça-feira, 4 de junho de 2013

História de ilha entre Japão e Coreia do Sul simboliza relação entre os dois países

Ao longo dos séculos, a ilha montanhosa de Tsushima, localizada no estreito que separa o Japão e a Coreia, testemunhou algumas das mais violentas disputas entre esses antigos rivais asiáticos, servindo de esconderijo para piratas, como base avançada para invasores e como primeira e desesperada linha de defesa contra ataques. Mas, nos últimos anos, essa história conturbada parecia vagamente remota para a sonolenta aldeia de pescadores de Kozuna, situada na ilha de Tsushima, onde os habitantes se reúnem há gerações em um pequeno templo para orar diante de uma estátua da divindade budista da compaixão, que ocupa o local há vários séculos.

Corrigindo: que ocupava o lugar até outubro do ano passado, quando os moradores da aldeia descobriram que alguém havia arrombado o templo à noite para roubar a estátua de bronze, que teria sido produzida na Coreia. O templo não tinha nenhum tipo de vigilância. Mas, em janeiro deste ano, os habitantes da ilha japonesa suspiraram de alívio, pois receberam a notícia de que a estátua tinha sido recuperada pela polícia em Daejeon, na Coreia do Sul.

Em seguida, no entanto, o caso tomou um rumo inesperado. Um tribunal sul-coreano impediu repatriação da estátua, alegando que ela pode ter sido roubada da Coreia séculos atrás por piratas japoneses. Indignados com o que chamaram de alegação infundada, os ilhéus japoneses retaliaram, cancelando um desfile de verão que atrai turistas sul-coreanos com a colorida encenação de uma procissão de emissários coreanos que visitaram a ilha durante um raro período de paz.

O impasse envolvendo uma única e pequena estátua (de apenas 45 centímetros de altura) oferece um vislumbre de como os desentendimentos, ao longo da história, continuam dividindo o Japão e a Coreia do Sul, dois países que têm mais semelhanças culturais do que qualquer um gostaria de admitir.

Embora esse seja um desentendimento menor, a briga expõe os sentimentos de raiva e ressentimento que povoam as disputas mais relevantes entre japoneses e coreanos, na esteira do brutal processo de colonização da Coreia pelo Japão, ocorrido no século 20. Uma dessas polêmicas, relacionada à afirmação de que as coreanas e mulheres de outras nacionalidades foram obrigadas a fazer sexo com os soldados japoneses durante a 2ª Guerra Mundial, pegou fogo mais uma vez recentemente após o prefeito da cidade japonesa de Osaka ter sugerido que as mulheres em questão desempenharam um papel necessário ao proporcionar alívio para os homens que estavam arriscando suas vidas.

"É incrível como algumas pessoas são capazes de guardar rancor por tanto tempo, até mesmo durante séculos", disse Sekko Tanaka, abade emérito de um antigo templo Zen situado à sombra de fortificações de pedra usadas por um chefe militar japonês para invadir a península coreana no século 16. "Agora que a situação geopolítica está mudando, as antigas vítimas acreditam que é a hora de dar o troco."

Tsushima tem sido frequentemente apanhada no meio dessa história turbulenta. Conhecida como Daemado em coreano, a ilha comprida e fina --cuja área é um pouco menor do que a de Cape Cod, cabo localizado no estado norte-americano de Massachusetts-- fica a 145 quilômetros do Japão e a apenas 50 quilômetros da Coreia do Sul. Seus 33 mil habitantes, a maioria de idosos, ganham a vida com a pesca, com a indústria madeireira e, mais recentemente, com os turistas coreanos.

No passado, a localização da ilha levou alguns líderes coreanos a argumentarem que ela pertencia à Coreia do Sul. Mas o atual governo de Seul --que controla uma cadeia separada de ilhotas que o Japão diz serem suas-- não fez nenhuma reivindicação oficial sobre Tsushima.

Os ilhéus têm a forte sensação de que a história de Tsushima tem servido de trampolim para incursões militares de ambas as partes. Em uma praia varrida pelo vento, os moradores locais dizem que têm se reunido anualmente, durante a maior parte dos últimos sete séculos, para comemorar uma batalha em que um pequeno grupo de samurais foi exterminado tentando brecar uma esquadra de invasores coreanos liderada por mongóis, que se dirigia para o Japão. Segundo historiadores locais, os invasores, muitos deles soldados coreanos, capturaram e prenderam as mulheres locais usando cordas que foram amarradas através de furos cortados nas palmas de suas mãos.

"Somos uma ilha que serve como posto avançado e cuja história sempre parece estar oscilando entre o conflito e a abertura", disse Mamoru Nishi, gerente do escritório de turismo da ilha. "A história de Tsushima é a história de todas as relações entre Japão e Coreia."

Mas Tsushima também mostra como os países da região, embora separados pela história, estão se unindo por meio das forças econômicas. Tsushima tem ficado cada dia mais dependente dos sul-coreanos, que alcançaram a prosperidade recentemente e que viajam até a ilha em uma balsa de alta velocidade a partir de Busan, na Coreia do Sul. O trajeto leva uma hora.

Este ano, Tsushima espera receber cerca de 200 mil turistas sul-coreanos, total que deve superar pela primeira vez o número de visitantes que chegam de outros lugares do Japão. As placas de sinalização em coreano se tornaram uma visão tão comum quanto os ônibus cheios de sul-coreanos calçando botas de escalada, que vêm em busca da paisagem acidentada da ilha e do sashimi fresco.

Muitos ilhéus veem os sul-coreanos como a salvação contra o sombrio declínio econômico que atingiu grande parte da zona rural do Japão, especialmente após os investimentos realizados pelo governo japonês em obras públicas terem secado. Yukihiro Yamada, pescador de cavala que converteu o escritório de uma empresa de construção que passava por dificuldades econômicas em um restaurante, diz que atende 160 turistas coreanos por dia --e o dobro disso nos finais de semana.

"Nós estamos habituados a menosprezar os coreanos", disse Yamada, 50. "Mas, sem eles, Tsushima morreria."

Como muitos dos moradores de Tsushima, Yamada disse que, apesar de estar irritado com a recusa dos coreanos em devolver a estátua budista, ele gostaria de poder manter a disputa sob controle para proteger o turismo. Yamada disse que ele e outros empresários fizeram pressão para garantir que a encenação da chegada dos emissários coreanos --que envolve 400 japoneses e sul-coreanos vestidos em trajes de época, carregando bandeiras e espadas-- seja revivido no ano que vem.

Os organizadores do desfile dizem que adotaram a drástica medida de cancelar a celebração deste ano devido a sua própria e crescente frustração com o que eles chamam de falta de vontade da Coreia do Sul em esquecer o passado. Totalmente conscientes em relação ao declínio da posição do Japão na região, eles dizem que os japoneses estão perdendo a paciência com o fato de ainda serem demonizados por crimes cometidos décadas ou até mesmo séculos atrás.

"Nós tentamos lhes dar as boas vindas, mas eles nos traíram e roubaram a nossa estátua", disse Hiromi Yamamoto, chefe da comissão organizadora do desfile.

Para muitos sul-coreanos, a propriedade da estátua é clara. Eles dizem que ela foi levada por piratas japoneses que, no passado, utilizaram Tsushima como fortaleza para invadir o litoral coreano --apenas um exemplo, dizem eles, de como o Japão saqueou a Coreia e sua cultura repetidas vezes. Os sul-coreanos baseiam sua alegação, em grande parte, num pedaço de papel encontrado dentro da estátua oca, segundo o qual ela foi produzida em 1.330 no templo Buseok, no que é hoje a Coreia do Sul e onde a estátua deveria ficar "consagrada para sempre".

"Não há dúvida de que o templo Buseok é o proprietário da estátua", disse o Venerável Wonwoo, monge do templo de Seosan, na Coreia do Sul.

Mas Tanaka, o abade emérito cujo templo é responsável pela supervisão do templo menor que abrigava a estátua, diz que não há provas de que piratas estejam envolvidos nessa disputa ou de que o artefato tenha sido roubado. Ele disse que a estátua, provavelmente, foi vendida ou dada aos comerciantes de Kozuna séculos atrás.

Ele disse que os aldeões japoneses não tinham conhecimento sobre o valor da estátua até ouvirem que os cinco homens sul-coreanos que foram presos e acusados de roubá-la estavam tentando vendê-la, junto com outra estátua roubada de outro templo em Tsushima, por mais de US$ 1 milhão cada.

Após a prisão dos ladrões, em janeiro passado, os monges do templo Buseok apresentaram uma moção judicial para impedir a devolução da estátua. Em fevereiro deste ano, um tribunal de Daejeon emitiu uma medida liminar para evitar que a estátua fosse devolvida a Tsushima até que ambos os templos, de Coreia e Japão, pudessem apresentar suas respectivas provas em uma data não especificada.

O prefeito de Tsushima, Yasunari Takarabe, disse que recuperar a estátua se tornou a nova obrigação histórica da ilha.

"Nossos ancestrais enfrentaram o mesmo calvário das disputas entre Japão e Coreia durante séculos", disse Takarabe. "Eu até consigo vê-los olhando aqui para baixo agora, rindo de nós."

2 comentários:

  1. "Nós tentamos lhes dar as boas vindas, mas eles nos traíram e roubaram a nossa estátua" ri muuuito!! o final é sensacional, "roubaram a nossa estatua!" rsrsrs isso q da ir contra os direitos humanos e achar q vai ficar tudo bem. crimes de guerra dificilmente sao esquecidos pelas populações civis, e o minimo a se fazer é pedir desculpas publicas. ate hoje dizem q os paraguais nos odeiam --- e nao é à toa.

    a maior comedia de tudo q é uma estatua de divindade da compaixao, rsrs
    A situação é seria, mas é tao engraçado q nao tem como nao rir, rsrs

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  2. Seria comico se ñ fosse serio, se armar tenda vira circo, td , são uns loucos. O planeta, nós, poderemos ser respingados pelas doideiras desses falcões...Q Deus (YHWH) nos ajude.Lamentável. Sds.

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