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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Curdos sírios aderem à luta anti-Assad

Curdos demonizam a imagem de Assad 

A transformação do agricultor Omar Abdulkader em comandante de uma força rebelde parece com a de incontáveis outros na Síria, onde desde 2011 dezenas de milhares de homens foram arrastados para uma guerra civil contra o ditador Bashar Assad.

De início, afirmou Abdulkader, os rebeldes apenas fizeram protestos pacíficos. Só quando o governo reagiu com força foi que suas táticas mudaram.

"Só depois de eles mostrarem que nos matariam que nós nos armamos", afirmou.

Mas Abdulkader é curdo, não árabe, e por isso contraria o senso comum de que os curdos não veem essa luta como sua.

A julgar pelo o que dizem os governos da Turquia e da Síria, os curdos sírios tendem a permanecer neutros ou se aliarem a Bashar Assad.

O governo do ditador apoiou até 1998 a sangrenta insurgência do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) contra Ancara, quando então Damasco relutantemente extraditou o líder do grupo curdo, evitando uma guerra contra a Turquia.

Mas as cenas em Alghooz e em aldeias curdas ao norte de Aleppo apresentam um quadro mais complexo sobre os curdos da Síria, sobre suas ambições e sobre suas relações com o governo.

Os curdos daqui observam que também sofreram nas mãos de Assad e contrariam a noção de que dependem da proteção do regime do ditador.

Então, embora haja sinais de que muitos curdos continuam sendo pró-governo, com alguns combatentes pró-PKK enfrentando os rebeldes, centenas de outros aderiram ao Exército Livre da Síria (ELS), como os combatentes anti-Assad se denominam, segundo líderes curdos e rebeldes.

As planícies ao norte de Aleppo estão pontilhadas de aldeias. Os homens locais dizem que cerca de 40 mil curdos vivem aqui e que suas famílias forneceram mais de 600 combatentes para a luta contra Assad.

Os combatentes estão organizados em pelo menos oito grupos, segundo líderes curdos e combatentes. Seus nomes incluem a Frente Islâmica Curda, os Falcões Peshmerga e os Mártires de Meca.

Desafiando os relatos oficiais e populares sobre as lealdades curdas, esses homens combatem ao lado dos árabes.

Eles e seus líderes criticam abertamente o PKK, que os Estados Unidos e a União Europeia qualificam como uma organização terrorista, e também se contrapõem a muitos nacionalistas curdos, argumentando que as propostas por um Curdistão independente não são partilhadas por todos os curdos.

"Não estamos interessados em uma pátria separada", disse Yousef Haidar, 72, o "mukhtar" (ancião da aldeia) de Alghooz. "Queremos ser parte da Síria."

"Há séculos vivemos junto com os árabes", acrescentou ele, "e depois da revolução queremos continuar vivendo juntos".

Os revolucionários curdos também rejeitam a neutralidade, posição pública assumida pelo Partido União Democrática, o maior partido curdo da Síria, que se manteve afastado da rebelião, reforçando a impressão de que os curdos não estão apoiando os rebeldes.

"Sou curdo e, como cidadão curdo, estou lutando lado a lado com o ELS. Não há ninguém que não tenha sido pisado pelo regime ou que não tenha sido injustiçado", declarou Haidar. "Fomos injustiçados também."

Alghooz é um pequeno povoado agrícola poucos quilômetros a leste de Marea, uma das cidades mais decididamente anti-Assad da região.

Menos de 3.000 pessoas vivem aqui. Seus anciões disseram que talvez 30 homens de famílias locais estejam lutando e que esses homens haviam atraído árabes, cristãos e turcomenos para lutar com eles sob a bandeira rebelde.

Abdulkader comanda uma das três seções de um grupo que se intitula Os Netos de Saladino.

Ele diz ter um total de quase 90 combatentes. Abdulkader atua sob o comando da Brigada Al Tawhid, a maior unidade do ELS na região de Aleppo.

Quando os protestos contra Assad começaram, no início de 2011, os sírios de outras aldeias rurais ao norte de Aleppo organizaram-se em um movimento clandestino. Porém, os curdos de Alghooz não se envolveram.

Mas, à medida que o governo de Assad tornou-se violento, a aldeia escolheu um lado, segundo seus anciões.

"Aderimos à revolução", disse Haidar.

"O governo mata gente inocente", afirmou ele.

"Sentimos que não temos outra opção senão lutar contra esse criminoso."

Nos últimos meses, os combatentes disseram ter tido cinco mortos e sete feridos -prova suficiente, dizem, do seu papel na causa anti-Assad.

"Não há muita propaganda de que os curdos estão com o regime", disse Abdulkader. "Não estamos com Assad. Estamos lutando contra ele."

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