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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Apoio do Hezbollah ao regime sírio pode fazê-lo sangrar até a morte

Hermel é o coração mais leal do Hizbollah. Ali mais de 2.000 apoiantes do Hizbollah se reuniram no Vale do Bekaa para enterrarem um de seus combatentes que tombara na região da fronteira com a Síria

"O exército convencional perde quando não vence. A guerrilha vence quando não perde." Essa observação de Henry Kissinger, feita durante a Guerra do Vietnã, deve estar assombrando o Hezbollah, a força guerrilheira mais competente do Oriente Médio, no momento em que o grupo se enreda em um esforço cada vez mais dispendioso para salvar o regime de Assad.

Em uma operação meticulosamente planejada, realizada em outubro, unidades ligadas ao Exército Livre da Síria na cidade de Qusayr, próxima da fronteira com o Líbano, mataram Ali Hussein Nassif – que foi rapidamente exposto como comandante de todas as forças do Hezbollah na Síria. A morte de Nassif jogou luz sobre o nível de envolvimento do grupo no conflito.

O interesse do Hezbollah em preservar Bashar Assad no poder é bem conhecido, e seu líder, Hassan Nasrallah, não poupou esforços para lembrar ao mundo o apoio político que seu grupo dá ao enrascado ditador. Durante três décadas, o apoio da dinastia Assad catapultou a população predominantemente xiita e camponesa do Líbano para dentro dos corredores do governo, apoiada por um braço armado cujo poder de fogo rivalizava com o de muitos exércitos nacionais convencionais.

O compromisso militar do Hezbollah na Síria não é menos óbvio. Desde início do conflito, os comandantes do Hezbollah se juntaram a seus colegas da Guarda Revolucionária do Irã para assessorar os militares sírios na repressão aos redutos da oposição, além de fornecer treinamento a uma milícia que, segundo informações, seria composta por 60 mil membros e visa a proteger as comunidades alauítas da costa noroeste da Síria.

Milhares de combatentes ligados ao Hezbollah ajudaram a proteger cerca de 20 comunidades xiitas sírias ao longo da fronteira com o Líbano de ataques sectários motivados por rebeldes linha-dura. Comenta-se que o Hezbollah usou seu arsenal para bombardear comunidades sunitas situadas nas fronteiras e que atuavam como bastiões rebeldes.

Informações indicam que o Hezbollah recentemente expandiu suas ações na Síria, passando a empenhar seu recurso mais valioso no conflito – suas unidades de forças especiais altamente treinadas e estrategicamente insubstituíveis. Relatos indicam que o braço militar secreto do Hezbollah é composto por um contingente que soma de 2.000 a 4.000 soldados profissionais, além de milhares de reservistas provenientes de aldeias xiitas localizadas ao sul do rio Litani e do Vale do Bekaa, cuja função seria entrar em ação para repelir uma futura invasão israelense. Durante o conflito de 2006 contra Israel, a perda de aproximadamente um quarto das forças especiais do Hezbollah constituiu o pior revés já sofrido pelo grupo.

Diferentes relatos provenientes da Síria sugerem que a participação direta dessas unidades de forças especiais em zonas de combate em todo o país aumentou – e forças adicionais podem estar a caminho. Planos secretos de contingência, supostamente firmados pela mais alta hierarquia do governo sírio e do Hezbollah, indicam que o Hezbollah teria concordado em empregar milhares de seus soldados de elite para defender o regime de Assad – seja de uma "invasão estrangeira" ou caso uma "assistência urgente" se faça necessária.

Com os rebeldes sírios consolidando seus avanços sobre áreas periféricas de Aleppo e Damasco, há indícios de que Nasrallah já começou a cumprir sua promessa. No início deste mês, um jornal saudita informou que quatro unidades do Hezbollah, cada uma com 1.300 combatentes, foram despachadas para ajudar os militares sírios nas grandes cidades, enquanto a unidade de elite do grupo, o comando 901, já estaria lutando na área de Homs desde julho passado.

Mais recentemente, o envio de homens do Hezbollah para os arredores de instalações de armas químicas da Síria levou o governo de Israel a ameaçar com uma intervenção militar como resposta a qualquer tentativa potencial de transferência dessas armas para bunkers do Hezbollah no Líbano.

Quer a intenção dessas movimentações seja proteger essas instalações-chave incrustradas em locais sensíveis ou transferir seus armamentos letais para outros lugares, o envio de soldados para esses locais, no entanto, corrobora o fato de que esses milicianos xiitas estrangeiros tornaram-se uma das unidades de combate de maior confiança de Assad.

Politica e militarmente, o Hezbollah tem muita coisa em jogo no conflito sírio, mas está se arriscando ainda mais ao tentar salvar um regime considerado pária pela comunidade internacionalmente – e que talvez seja um regime não passível de salvação. O grupo já registrou centenas de baixas em lutas contra rebeldes sírios, incluindo suas valiosas forças especiais.

O Hezbollah não é capaz de superar as forças rebeldes em número de combatentes, e terá que comprometer seus melhores soldados e seus equipamentos mais sofisticados para cortar as linhas de abastecimento desses rebeldes na esperança de impedir que uma força inimiga tome Damasco e ganhe tração.

O arsenal do Hezbollah, com aproximadamente 70 mil foguetes, provavelmente permanecerá apontado para os israelenses, mas o desperdício de suas unidades de elite cruciais na Síria pode privar a comunidade xiita do Líbano de proteção contra rivais sectários que podem se entusiasmar na esteira da deposição de Assad.

Enquanto isso, o auxílio do Hezbollah para que o regime de Assad continue cometendo atrocidades vai colocar seus líderes na mira dos futuros tribunais penais internacionais, além daqueles que já estão investigando o envolvimento do grupo no assassinato do ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafik Hariri.
Essa atenção negativa pode levar a União Europeia a se curvar à pressão dos EUA para colocar o Hezbollah em sua lista de organizações terroristas, o que pode ampliar o isolamento do braço político do grupo.

O mais ameaçador, no entanto, é a violação cada vez mais flagrante, pelo Hezbollah, do compromisso do Líbano de se manter neutro no conflito sírio – uma promessa feita na esperança de preservar o delicado equilíbrio sectário do país. O apoio de Nasrallah a Assad colocou xiitas e outras minorias na futura linha de fogo de jihadistas sírios, muitos dos quais provavelmente voltarão suas armas para o Líbano em retaliação no caso da destituição de Assad.

Nasrallah tem repetidamente afirmado sua crença de que o regime de Assad vai sobreviver. Independentemente de saber se ele está certo ou não, as afirmações de Nasrallah ilustram o fato de que o Hezbollah precisa vencer desesperadamente este conflito.

(Daniel Nisman e Daniel Brode são gerentes de inteligência da Max Security Solutions, empresa de consultoria sobre riscos geopolíticos com sede em Tel Aviv.)

14 comentários:

  1. Mais do que sangrar são vários episódios que demonstram que o apoio ao Hezbollah caiu muito.

    Razões claro que fácil de numerar, a irritação mesmo entre xiitas dependendo do nível começou na proibição de receber sírios sunitas no sul, como em 2006 foi o sentido contrário, muitos resmungavam a quebra da hospitalidade, depois houve o ex-ministro amigo do al-Assad preso com bombas vindo da síria, a morte do chefe da inteligência libanesa em atentado bomba depois de passar pelo aeroporto, o caso do clã que sequestrou vários cidadãos árabes e arruinou o turismo.

    Tanto que a noticia quando li em um jornal libanês em inglês, os comentários eram de hezcocaine, uma agressividade que era incomum até entre adversários deles. As próprias críticas da Tv Hezboallah (Al-Manar) as milicias na Líbia ajudam as pessoas a pensar, por que lá é ruim e aqui é bom ter um grupo mais poderoso que o exército.

    Acredito que mais que a perda da Síria, o golpe mortal é que hoje o Hezboallah não é mais o queridinho do mundo árabe e isso será fatal mais cedo ou tarde, por que em algum momento o Líbano vai ter um governo que vai querer centralizar o monopólio da violência.

    Abraços,

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    1. O apoio do Hizbollah não caiu. Hoje que faz a segurança de Assad é justamente a contra-inteligência do Hizbollah e o Pasdaran do Irã. Soldados de operações especiais do Hizbollah tomam parte dos combates em Aleppo e outras cidades da Síria.

      O Hizbollah sempre pregou a unicidade no mundo árabe e isso sempre foi visto com bons olhos naquela região. O Hizbollah é temido até mesmo pelos rebeldes que servem aos interesses do ocidente.

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    2. Michel, apesar de já ter lido sobre essa segurança, eu ainda acredito que o al-Assad está sendo bem guardado pela 4 divisão Blindada da Guarda Republicana, é uma tropa de elite muito bem equipada, e os sírios sempre tiveram orgulho da capacidade deles.

      Divergimos da analise dos jornais libaneses e opinião público do país, o que vejo é um desgaste do Hezbollah, não tanto pelo seu apoio ao regime xiita que é considerado natural, mas a alguns problemas que existiram como narrados anteriormente, e até alguns enterros "secretos" que para xiitas que viam seu familiar cumprindo o dever não lhe parecia correto.

      Isso não quer dizer que exista apoio a mudança de regime em Damasco no Líbano ou queiram o fim do Partido, mas claro que atentados como contra Wissam al-Hassan ou o caso Michel Samaha alienaram apoios do que é considerado formadores de opinião. O desgaste (se houve) veremos nas eleições, tão importante quanto os votos serão as pesquisas qualitativas de opinião.

      Dentro do mundo árabe nem toquei, ainda existe muito boa vontade ao Hezbollah e tem uma imagem positiva.

      Abraços,

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    3. Quem disse que o regime de Assad é xiita?

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    4. Neste momento ele não é religioso, mas os mais importantes cargos que decidem estão nas mãos se vc não considerar alawitta xiita, deste grupo, assim como xiitas propriamente ditos. Mesmo a oposição sunita, tem setores religiosos e outros não, assim como ainda existem apoiadores de origem sunita para o regime e alawitas para a oposição.

      Como a Síria é um estado que sofreu colapso*, seria natural do governo procurar apoio entre a parte da população fieis no caso Síria a questão religiosa é importante componente, mas isso não quer dizer será mais ou menos religioso, mas que se vencedor terá uma nova realidade e se adaptará para sobreviver.


      * colapso do Estado ocorre quando um Estado soberano não fornece ordem pública em pelo menos metade de seu território ou na sua capital por pelo menos 30 dias consecutivos e este é dominado por um grupo de rebeldes que efetivamente controla a área.

      abraços

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  2. Notícias vindo do Israel para tentar diminuir o inimigo. È típico propaganda vindo do Israel. Sem comentário...




    Edson Diaz

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    1. O Informante sempre que pode gosta de compartilhar a "opinião sionista" para diversificar as notícias.

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    2. Entendo você Michel. Diversificação é importante.



      Edson Diaz

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  3. O Hizbollah não vai se enfraquecer pelo seguinte, a ida do Hizbollah para guerra foi calculada pelo Irã, se o Hizbollah perder paramilitares importantes, nada impede do Irã repor esses paramilitares, o territorio do sul do Líbano é muito pequeno tem menos de 5.000 km² todo o sul do Líbano pe menor que o Distrito Federal, é fácil de ser defendido, o Hizbollah não precisa de forças muito grandes, o Hizbollah deve estar recebendo algo em troca do Bashar Al Assad, ninguém faz nada de graça pra ninguém, o exército possui segundo algumas fontes pelo menos 4.000 lançadores portáteis de mísseis antiaéreos, o que deve dar entre uns 20 e 40.000 mísseis, já se cada lançador recarregável tem geralmente no minimo 5 a 10 mísseis, o Hizbollah mostrou pouca defesa antiaérea frente Irente Israel, muitos SAMS de curto alcance podem estar entrando dentro do Líbano, como impedir que mísseis portáteis entre em malas de carros civis por exemplo? Ninguém tem como controlar isso, a OTAN pelo que parece não vai bombardear, Assad precisa mais dos militantes do Hizbollah do que de seus SAMS principais os velhos S-7 que segundo uns dados que vi a Síria teria quase 20.000 só desses SA-7.

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    1. Ninguém faz nada de graça pra ninguém, mas a Síria ajudou o Hizbollah e muito, sem contar que é muito mais importante para o Hizbollah o Assad no poder.

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  4. a balança no Oriente Médio esta pendendo pro lado do Iran, o Iran esta a cada dia mais próximo de ser membro pleno da Organização de Cooperação de Shangai (SCO), hoje e membro observador, enquanto isso Israel percebe que o melodrama pelo Holocausto não serve mais pra encubrir a limpeza étnica que estão fazendo com os palestinos, a tendencia e o apoio incondicional dos EUA diminuírem, boa parte da Africa e Asia são países de maioria mulcumana, e os EUA tem sua politica externa prejudicada por esse apoio descarado aos israelenses, com relação a Síria, oque houve e que o Assad ao invés de ter mais habilidade e diplomacia quando surgiram os primeiros tumultos na Síria ha dois anos(possivelmente plantados pelos EUA) o presidente sírio errou na forca da resposta, mas mesmo assim não ha como aceitar a hipótese do presidente sírio entregar o pais nas mãos de terroristas, vejo que a situação na Síria já demostra fraqueza pelo lado dos tais "rebeldes", e uma questão de tempo o governo sírio controlar todo o pais novamente, infelizmente essa "brincadeira" dos EUA custou a vida de milhares de civis e destruiu boa parte da infraestrutura. So mais uma informação, li uma noticia que o Assad e sua família esta vivendo em uma fragata russa estacionada no litoral sírio.

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  5. e com relação ao Iran, esse pais esta seguindo o mesmo caminho que a China e Índia fizeram, investir em defesa pra poder garantir a soberania, e investir em empresas próprias que dominem os mais diversos ramos da tecnologia, isso deveria ser exemplo pros outros países da região, ate o Brasil que e um pais que já possui um parque industrial diversificado deveria olhar estes exemplos e aprender tb, não temos multinacionais próprias em setores como automotivo, telefonia, etc, não investimos de maneira seria em tecnologia nacional no setor de defesa, vivemos de propaganda, o governo tenta mostrar vários produtos de defesa "nacionais" mas que por dentro são quase que 100% importados, não dominamos o envio de satélites ao espaço e assim nossas telecomunicações são totalmente dependentes de outros países, e por isso que a ONU, EUA e países europeus sempre fazem elogios pro Brasil, fazemos exatamente oque eles querem, se um dia quiserem nossa água da Amazônia infelizmente seremos mais pra Iraque do que Iran.

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    1. O Brasil ser mais pra Iraque que irã não sei cara, o Iraque perdeu brigando, está arriscado o Brasil dá de presente isso sim

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    2. O Iraque não perdeu brigando com ninguém cidadão. Enterrar caças e tanques no deserto é brigar?

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