quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Feridos tratados pela organização Médicos Sem Fronteiras foram torturados em prisão na Líbia
A organização Médicos Sem Fronteiras suspendeu seus trabalhos na cidade líbia de Misrata na semana passada, pois as autoridades carcerárias repetidamente levavam vítimas de tortura para tratamento. Segundo a entidade, após o atendimento médico, as vítimas eram encaminhadas de volta para interrogatório. A “Spiegel” falou com o diretor geral do grupo, Christopher Stokes, sobre a situação na Líbia.
Spiegel: Sua organização suspendeu as operações em Misrata. Por quê?
Stokes: Porque algumas autoridades tentaram explorar e obstruir nosso trabalho médico. Nossa missão era tratar detidos feridos em guerra. Mas os médicos da Médicos Sem Fronteiras se viam cada vez mais diante de pacientes com ferimentos causados por tortura durante sessões de interrogatório. No total, nós tratamos 115 pessoas com ferimentos causados por tortura, líbios e estrangeiros de países africanos, que são acusados de terem trabalhado como mercenários para o regime de Gaddafi.
Spiegel: Como os pacientes foram torturados?
Stokes: Nós encontramos fraturas nos ossos resultantes de tortura e recebemos pacientes que foram submetidos a choques elétricos.
Spiegel: O que as autoridades em Misrata disseram em resposta?
Stokes: Nós enviamos uma carta ao conselho militar e ao conselho da cidade depois que 13 das 14 vítimas de tortura, no início de janeiro, foram enviadas de volta ao centro de interrogatório, apesar de termos pedido para que fossem enviadas a um hospital. Nós não recebemos uma resposta clara. Alguns disseram que acontece em toda parte; que aconteceu em Abu Ghraib, então pode acontecer aqui também. Desde a carta, ocorreram quatro novos casos. Basta.
Spiegel: A Líbia está no caminho de se tornar como era sob Muammar Gaddafi?
Stokes: Não, não é isso. O motivo para sabermos sobre a tortura dos detidos é por ainda termos acesso. O diretor do centro de detenção tem dado grande apoio, assim como o Conselho Nacional de Transição. O problema é as pessoas responsáveis pelos centros de interrogatório. Elas fazem o que querem.
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