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terça-feira, 2 de julho de 2013

França também foi alvo de espionagem dos EUA

Foi com constrangimento e choque que, no domingo (30) à noite, após um dia de reflexão, os serviços de Catherin Ashton, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela diplomacia dos 27 países-membros da UE, divulgaram um comunicado de nove linhas em resposta às informações publicadas na véspera pelo site da "Der Spiegel". A revista alemã havia revelado que a Agência Nacional de Segurança Americana (NSA) espionara a representação diplomática da União Europeia (UE) em Washington, a delegação da UE na ONU e a sede do Conselho Europeu, em Bruxelas.

Quase ao mesmo tempo, o jornal britânico "The Guardian" revelava que a França, a Itália e a Grécia figuravam entre os 38 alvos privilegiados dos serviços de escuta americanos. Paris, assim como Bruxelas, está pedindo explicações a Washington.

Ben Rhodes, conselheiro adjunto de Segurança Nacional, afirmou que os europeus estavam "entre os aliados mais próximos" dos Estados Unidos na área de inteligência.

"Alvos a atacar"
As informações da "Der Spiegel" se baseiam em documentos confidenciais de 2010 e obtidos, em parte, graças a Edward Snowden, o autor das recentes revelações sobre o Prism, a rede de monitoramento geral dos arquivos eletrônicos dos europeus. Eles também mencionam diplomatas europeus apontados como "alvos a atacar", que podem ter suas conversas espionadas.

Os documentos publicados ressaltam que países europeus (França, Alemanha) são "menos confiáveis" que o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, todos os quatro membros da rede de monitoramento Echelon, um sistema de escuta global dirigido pela NSA, criado durante a Guerra Fria e depois ampliado para a espionagem financeira e comercial.

O comunicado da Comissão tentou mostrar cautela. Já Viviane Reding, comissária para Justiça e Direitos Fundamentais, defendeu um congelamento das negociações comerciais entre a Europa e os Estados Unidos. "Não podemos negociar um grande mercado transatlântico se houver qualquer suspeita de que nossos parceiros estejam espionando os gabinetes de nossos negociadores", considerou a comissária.

"Se as informações forem confirmadas, isso criará uma situação muito grave", acredita Karel De Gucht, comissário para o Comércio, negociador-chefe com os Estados Unidos. Mas, segundo o comissário belga, ainda não chegou a hora de copiar eurodeputados que, como Daniel Cohen-Bendit, co-presidente dos Verdes, estão exigindo uma suspensão dessas negociações de livre-comércio, cujo início estava previsto para o dia 8 de julho.

Estagnação
As discussões tratarão sobretudo das questões de proteção de dados, tema controverso. Os Estados Unidos esperam chegar a um mecanismo de reconhecimento mútuo garantindo que suas empresas não receberão a imposição de mais regras em solo europeu. Os europeus estão irritados com a estagnação de conversas iniciadas em 2011.

Os embaixadores junto à UE deverão tentar, na quarta-feira, coordenar as reações e entrar em um acordo sobre os questionamentos a fazer sobre a administração Obama. Um dos planos seria nomear um grupo de especialistas em inteligência. Foi a solução que surgiu após as revelações sobre o Prism, no início do mês de junho, e conversas com o governo americano. Até o momento, os especialistas ainda não foram designados e Washington não respondeu aos diversos questionamentos de Bruxelas.

Esta semana o escândalo deve agitar o Parlamento europeu, que se reunirá em sessão plenária em Estrasburgo. Seu presidente, Martin Schulz, se diz "chocado": para ele, se o caso se confirmar, deverá ter um "sério impacto" sobre as relações entre os Estados Unidos e a Europa.

Em Bruxelas, as revelações da "Der Spiegel" confirmam a ideia de especialistas de que a cidade é "a mais escutada do mundo". Um caso de espionagem do prédio Juste-Lipse, que abriga os serviços secretos do Conselho da UE, foi revelado em 2003. Não se sabe até o momento se é o mesmo caso mencionado por Edward Snowden e atribuído à NSA. Um sistema de escuta foi criado. Microfones teriam sido colocados no prédio, permitindo ouvir as representações de diversos países, entre eles a França. A investigação dos serviços secretos belgas não apresentou conclusões determinantes, exceto pela falta de diligência do Conselho em dar esclarecimentos.

Pazes feitas em 2009
Em 2006, o caso Swift --nome de uma empresa sediada no subúrbio da capital belga-- havia mostrado que a CIA e o Tesouro Americano tiveram acesso durante anos às informações sobre as transações bancárias mundiais, violando regras sobre a proteção de dados. A Swift havia sido submetida a injunções americanas sob pretexto de combate ao terrorismo. Europeus e americanos fizeram as pazes em 2009.

No início da década, uma comissão parlamentar belga que investigava o programa de monitoramento Echelon denunciou diversas invasões em redes belgas. Os deputados também haviam acusado a espionagem financeira conduzida pelos serviços britânicos e exigiram, em vão, o acesso às suas instalações de escuta. A Comissão Europeia se manteve discreta quanto ao Echelon. No Parlamento, os diferentes países se dividiram.

Um comentário:

  1. Nao vou me asustar se isso tbm foi usado para espionar a venda do Rafale no Brasil e ao redor do Mundo

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