quarta-feira, 8 de maio de 2013
Operação da PCERJ que matou o "Matemático" segundo a visão dos americanos
Um vídeo feito por um helicóptero da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que mostra a caçada frenética a um traficante de drogas foragido – na qual foi utilizada uma câmera de visão noturna, que detecta o calor dos corpos –, está gerando novas preocupações no Brasil em relação ao uso pesado de força pela polícia contra alguns criminosos. Durante a perseguição, vários tiros foram disparados no carro do suspeito, a partir do ar, em uma área residencial densamente povoada.
O vídeo, que foi obtido pela TV Globo e transmitido nacionalmente na noite de domingo (5), rapidamente atraiu críticas das autoridades judiciais e dos defensores dos direitos humanos. Marfan Martins Vieira, promotor de destaque no Rio de Janeiro, disse na segunda-feira (6) que irá reabrir as investigações relacionadas a esse assassinato.
O vídeo em preto e branco mostra a polícia perseguindo meticulosamente, a partir do ar, o seu alvo: Marcio José Sabino Pereira, um traficante de drogas condenado e que era conhecido como "Matemático". A perseguição ocorreu na Favela da Coreia. Gravado na noite de 11 de maio de 2012, o vídeo apresenta os policiais tensos e conversando no helicóptero enquanto a câmera noturna permite que eles mantenham o foco em um homem que sai de uma casa na favela.
"Tá parecendo ele, hein?", diz um policial para o outro no vídeo.
"É isso aí. Parece mesmo", responde o outro. O homem entra em um carro, que, em seguida, se move lentamente ao longo de uma rua residencial. Depois de avançar poucos quarteirões, o helicóptero da polícia chega mais perto do carro.
Um policial grita: "Pega!" E eles começam a atirar no carro, atingindo também vários prédios ao redor do veículo. Perguntado pela Globo sobre o volume de tiros disparados e os riscos para os moradores, Adonis Lopes de Oliveira, comandante do helicóptero, respondeu: "Aquela rua era frequentada principalmente por traficantes".
Em um comunicado, a polícia disse que seus homens foram alvejados por tiros antes da operação de helicóptero, ao entrarem na favela naquele mesmo dia para tentar evitar a fuga de Matemático. Um dia depois da gravação do vídeo, o corpo de Marcio José Sabino Pereira foi encontrado nas proximidades, dentro de um carro. Na época, a polícia descreveu a morte de "Matemático", 36, como uma "morte causada por resistência".
O vídeo que registra esse episódio assustador ressalta os desafios relacionados à segurança que o Rio ainda precisa enfrentar. A cidade está se preparando para ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 e para sediar as Olimpíadas de 2016. Apesar de a criminalidade ter diminuído em algumas regiões da cidade, os traficantes de drogas e as milícias – grupos que praticam extorsão e são operados por policiais aposentados ou da ativa – ainda controlam algumas áreas extensas do município.
"A chamada pacificação do Rio de Janeiro foi realizada em um determinado território que interessa a determinados investimentos que estão sendo realizados na cidade", disse Marcelo Freixo (PSOL-RJ), deputado estadual e líder ativista dos direitos humanos no Rio de Janeiro, referindo-se ao bairros da zona sul da cidade. "A cidade do Rio é muito maior do que isso, e as áreas que não fazem parte desses mega-eventos ainda estão convivendo com o tipo de imagens que você viu".
Não ficou claro se outras pessoas ficaram feridas ou se foram mortas durante a caçada a "Matemático", que foi monitorado durante meses por policiais do departamento de inteligência da polícia. Ainda assim, após a exibição do vídeo, as autoridades da polícia do Rio pareciam prontas a reconhecer que os policiais foram longe demais em seu uso da força.
"Estas imagens nos levam a admitir que pode ter havido uma ação desproporcional", disse Martha Rocha, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
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Faltou a parte da visão dos americanos sobre a operação, mas enfim...
ResponderExcluirEu achei que foi é pouco pro traficante, a morte dele, mas não concordo com a forma que a operação foi realizada. Não tinham certeza se aquele realmente era o traficante (parecia ele? como assim "parecia"? não dava pra ver nada!) e também atiraram numa área povoada, atingindo prédios e casas.
Me estranha duas coisas nesse incidente. Uma porque esse video fora divulgado somente agora? Outra porque quando o fora apurado inicialmente o ocorrido decidiram arquivar o "processo"? Tudo isso me leva a crer que existe interesses escusos por trás dessa reportagem da Globo. Seja político ou da própria corporação mas parece ter. Obviamente nada justifica a péssima atuação daqueles agentes. Fim de papo!!!rs.
ResponderExcluirPerfeito Hebert. É a mesma coisa que me vem a cabeça. A globo SEMPRE exibiu O QUE quiz e QUANDO quiz. Lembram do Collor? Esta operação da polícia pode não ter sido das melhores mas acredito que traficantes desse nível são irrecuperáveis e nesse caso infelizmente para um bem maior comum é necessário tirar a vida deles sim.
ExcluirRealmente, a ação poderia ter sido mais meticulosa. Foi taticamente bruta demais. O problema é que a polícia não possui helicópteros propícios a um ataque certeiro, com armas presas e, portanto, a dispersão dos projéteis poderia ter sido BEM menor. Enfim, essa é minha modesta opinião.
ResponderExcluirMas quem disse que as polícias tem que ter um helicóptero dos moldes dos militares? Nenhuma polícia está autorizada pelo Exército Brasileiro a ter pontos fixos para a instalação de metralhadoras. Aliás, nenhuma polícia pode utilizar metralhadoras em um helicóptero no Brasil, só as Forças Armadas. O helicóptero policial é pra prover uma melhor visão do TO, não para dar tiro em bandido. Os atiradores embarcados servem para proteger a aeronave, nada mais.
ExcluirEntão vamos fazer o seguinte, troquem as armas dos policiais se isso agrada "alguéns".
ResponderExcluirhttp://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2013/05/130506_arma_3d_impressora_fn.shtml