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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Esquerda franco-alemã está atolada em dificuldades

Chanceler alemã, Angela Merkel, cumprimenta o presidente da França, François Hollande

Os social-democratas da Alemanha esperavam que a vitória de François Hollande no ano passado lhes daria algum impulso. Mas a visita a Paris na sexta-feira do candidato do SPD, Peer Steinbrück, acentuou as dificuldades enfrentadas pela esquerda europeia. Um renascimento na eleição deste ano parece improvável.

Há um ano, o sentimento entre os membros do Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha era de otimismo exultante. Em maio de 2012, o candidato do Partido Socialista, François Hollande, venceu a eleição presidencial da França, abrindo a possibilidade de uma mudança de guarda da direita para a esquerda também na Alemanha. Poucas semanas após sua vitória, Hollande convidou a liderança do SPD a Paris para permitir que desfrutasse de sua popularidade.

Na sexta-feira, o candidato a chanceler pelo SPD, Peer Steinbrück, esteve novamente em Paris. Mas enquanto a campanha eleitoral alemã está começando a esquentar para a eleição deste ano, o sentimento entre a esquerda franco-alemã esfriou. Com as pesquisas de opinião mostrando uma queda na aprovação de Hollande, a economia de seu país em dificuldades e seu governo atolado em escândalos, parece ter lhe restado pouco brilho para emprestar ao seu aliado político do outro lado da fronteira.

E a campanha de Steinbrück também parece ter chegado a um impasse. Uma nova pesquisa na Alemanha indica que, caso os alemães pudessem votar diretamente nos candidatos (em vez de nos partidos políticos), apenas uma pessoa entre quatro votaria em Steinbrück, contra 60% que votariam na chanceler Angela Merkel. Além disso, apenas 32% aprovam o trabalho que ele está realizando, sua avaliação mais baixa desde que ingressou na política federal em 2005, segundo uma pesquisa divulgada na noite de quinta-feira pela emissora pública de rádio e televisão alemã "ARD".

Somadas, as dificuldades enfrentadas pelos dois políticos representam um desvanecimento das esperanças, particularmente entre os países membros da zona do euro em dificuldades com a crise do euro, de que a eleição de Hollande marcaria um ressurgimento da esquerda europeia –e um fim da abordagem de austeridades de Merkel para os problemas da moeda comum.

Hollande como um risco
Steinbrück fingiu não dar importância à situação na sexta-feira. Hollande, ele notou, só está no cargo há 11 meses e não se pode esperar que ele resolva todos os problemas "não tratados por seus dois antecessores conservadores nos últimos 10 a 15 anos". Ele também disse que um Hollande bem-sucedido é de interesse da Alemanha, para que a parceria franco-alemã possa novamente assumir seu papel tradicional como motor da Europa.

Mas até mesmo o SPD passou a se preocupar em se associar de modo muito estreito com Hollande. Por mais difícil que seja o relacionamento do presidente francês com Merkel –um produto das abordagens conflitantes à crise do euro, mas também resultado do apoio aberto de Merkel ao ex-presidente Nicolas Sarkozy na campanha francesa do ano passado– Steinbrück e seu partido estão começando a ver Hollande mais como um risco do que como um apoio potencial na campanha eleitoral alemã.

Por um lado, os alemães em geral apoiam a forma como Merkel tem lidado com a crise do euro até agora, com a pesquisa da "ARD" de quinta-feira indicando que apenas 33% dos pesquisados concordam com a declaração de que "Berlim não se importa com a situação das pessoas nos países membros da zona do euro atingidos pela crise". E o próprio Hollande parece ter tido pouca sorte em provar ser um gestor de crise eficaz. Seu governo se mostrou incapaz de atingir as metas de redução do déficit, muitos analistas acreditam que a França possa se tornar o próximo foco da crise do euro e o desemprego no país subiu a níveis recordes nos últimos meses.

Obstáculos adicionais a Hollande surgiram mais recentemente. Nesta semana, o ex-ministro do Orçamento, Jerome Cahuzac, que renunciou em meados de março, reconheceu que tinha contas ilegais em bancos estrangeiros e que praticou evasão fiscal, após meses negando as alegações. E na quinta-feira, o "Süddeutsche Zeitung" noticiou que o gerente de campanha de Hollande, Jean-Jacques Augier, tem duas empresas de fachada nas Ilhas Cayman, apesar de Augier ter dito que não violou nenhuma lei.

'Ingênua'
Mesmo assim, os dois escândalos eram a última coisa que um governo Hollande em dificuldades precisava. Além disso, o próprio Steinbrück nem sempre se mostrou impressionado com seu aliado francês. O ministro das Finanças de Merkel de 2005 a 2009, Steinbrück não aprova a introdução por Hollande de um imposto de 75% sobre a faixa de renda mais alta na França. Ele se referiu recentemente a isso como um "imposto proibitivo" e disse que nunca introduziria uma lei dessas na Alemanha.

Steinbrück também repreendeu Hollande no ano passado, quando o presidente francês recém-eleito sugeriu que queria reabrir as negociações do "pacto fiscal" da União Europeia, um tratado conduzido por Merkel visando fortalecer as regras orçamentárias da UE. Steinbrück chamou as exigência de Hollande de "ingênua", um comentário que incomodou profundamente o presidente francês.

Apesar do sentimento em baixa entre os dois campos esquerdistas, Hollande fez questão de estender o tapete vermelho para Steinbrück na sexta-feira. O candidato do SPD realizou reuniões de alto nível com o líder do Partido Socialista, Harlem Désir, e com o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault.

Hollande também abriu uma hora em sua agenda para receber Steinbrück. Mas os dois optaram por abrir mão de uma aparição conjunta na sexta-feira. Após o encontro, Steinbrück deixou o Palácio do Eliseu sozinho –e passou correndo pela mídia reunida do lado de fora.

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