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terça-feira, 5 de março de 2013

Por seu papel de mediador, EUA são fundamentais na resolução da questão palestina

O presidente dos EUA, Barack Obama (dir.), encontra-se com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Nova York

Ao longo dos anos, a argumentação de que o conflito árabe-israelense seria resolvido apenas por meio de "negociações diretas" tornou-se quase um mantra, especialmente para o governo de Israel e seus aliados.

Mas as negociações diretas entre inimigos implacáveis, sem o auxílio de uma mediação ativa, pode ser a pior forma possível de tentar solucionar o conflito. Sentar-se à mesa de negociações para enfrentar seu adversário cara a cara amplia as barreiras psicológicas mesmo se o objetivo como for o estabelecimento de um acordo mutuamente benéfico.

Dessa forma, se israelenses e palestinos embarcarem em mais um esforço para acabar com seu conflito, uma mediação ativa e vigorosa por parte dos Estados Unidos pode desempenhar um papel crucial para que os obstáculos psicológicos e de relacionamento sejam enfrentados – fatores que, até o momento, têm frustrado as conversas entre árabes e israelenses.

Uma pesquisa da Universidade de Stanford sobre as barreiras para a resolução de conflitos mostra que os processos psicológicos desempenham um papel fundamental na orientação das percepções e do comportamentos das pessoas que tentam acabar com conflitos políticos especialmente violentos ou difíceis de solucionar.

As partes em conflito são prisioneiras de crenças baseadas em sua história, que definem a maneira que como elas veem a si mesmas e a seus adversários. Como resultado, fica difícil para os participantes das negociações interpretar informações, avaliar os riscos e definir prioridades de uma forma puramente racional. Mesmo quando um acordo vantajoso está sobre a mesa, as partes ficam psicologicamente dispostas a rejeitá-lo.

Esses preconceitos vêm à tona especialmente quando as partes se enfrentam diretamente em uma mesa de negociação. Pesquisas experimentais mostram que as partes vêm para as negociações acreditando que enxergam o mundo como ele realmente é, enquanto o outro lado tem uma visão irracional ou equivocada.

Essa situação é classicamente ilustrada pelo caso de israelenses e palestinos. Os israelenses acreditam que estão diante de uma ameaça existencial representada por aqueles com quem devem negociar. Os palestinos se veem como vítimas de uma ocupação ilegal e injusta.

Na visão palestina, não se deve ter que negociar a paz com o ladrão que roubou seus pertences. Na visão de Israel, não se deve negociar os limites de uma propriedade com um vizinho comprometido em destruir você. Não é plausível esperar que as partes participem de negociações envolvendo uma troca de interesses se iniciam o processo a partir de pontos de vista fundamentalmente diferentes.

Outro fenômeno psicológico que entra em jogo é conhecido como "desvalorização reativa" – a tendência de minimizar o valor de quaisquer concessões oferecidas pelo outro lado: "se eles estão preparados para nos oferecer isso, talvez não valha muita coisa". No entanto, se a concessão for oferecida por uma terceira parte, ela poderá ser avaliada de forma mais realista.

Um terceiro fenômeno psicológico que dificulta as conversações diretas realizadas sem a participação de um mediador forte é a tendência natural do ser humano de dar mais peso às perdas potenciais do que aos benefícios potenciais de igual magnitude. Nós nos concentramos no que estamos sacrificando, em vez de olharmos para o que temos a ganhar.

A quarta é a tendência verificada em ambos os lados de um conflito é iniciar as negociações visando a alcançar o que consideram ser o justo – ou a reparação das injustiças sofridas. Esse é um desejo natural, e não será possível fechar nenhum acordo se ele não atender aos padrões mínimos de justiça. No entanto, a busca por justiça poderá impedir que se alcance um acordo, pois as duas partes têm opiniões muito divergentes sobre o sofrimento pelo qual passaram e sobre quem é responsável por isso.

A mediação pode ajudar a mitigar todos esses fenômenos – e é aí que os Estados Unidos, na função de única parte tem a confiança de ambos os lados, entram.

Mas a mediação formal não é uma solução mágica. Em última instância, nossas pesquisas sugerem que a paz só é possível quando cada parte está preparada para articular a visão de um futuro que atenda não apenas as suas próprias demandas, mas também que o outro lado considera suportável.

A construção da paz exige que as partes comecem a estabelecer padrões de comportamento que lhes permitam acreditar que a confiança mútua é possível. As partes devem reconhecer as perdas que um acordo imporá a ambos os lados para que possam garantir os benefícios da paz.

Fazer os Estados Unidos se envolverem como mediador ativo guiado por esses princípios é apenas o primeiro passo, mas é um passo fundamental. Não há garantia de que a reativação do processo de paz terá sucesso mesmo com a ativa mediação dos EUA. Mas sem ela, o processo de paz está quase que certamente fadado ao fracasso.

*Allen S. Weiner é diretor do Programa de Direito Internacional e Comparado de Stanford e codiretor do Centro de Negociação e Conflitos Internacionais de Stanford.

Um comentário:

  1. O interlocutor 'ñ confiável', só irá ajudar os seus aliados judeuss . Aliás, a liberdade sempre teve seu custo em sangue, esse é o prêmio a essa deusa.Saõ + de 200 enclaves, em terra palestinas. Saõ + de mt os postos de controles nas terras dos Palestinas feitas pelos judeuss. as terras dos palestinos são tomadas e suas casas destruidas...e os inakss sabemn disto. Saõ centenas de construções em terras Palestinas, e os ianks nada fazem para barrar esses invasores judeuss...Onde esse 'interlocutor e confiável?!?!Por um Estado Palestino Livre da presença dos judeuss.Quem viver verá.

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