Obama e Mahmoud Abbas, passam em revista a guarda de honra palestina, durante cerimônia na sede da Autorida Palestina, na cidade de Ramallah, na Cisjordânia |
Com frases em hebraico, menções às raízes ancestrais de Israel, expressões de profunda admiração e demonstrações de empatia, o presidente Barack Obama conquistou os corações de muitos aqui nos últimos dois dias, parecendo apagar anos de ceticismo e desconfiança da noite para o dia.
Mas uma venda muito mais complicada foi a mensagem dura presente em um discurso ousado na tarde de quinta-feira, ao dizer que o futuro de Israel como um Estado judeu e democrático estava ameaçado pela construção de assentamentos e outras atividades nos territórios palestinos, e pediu aos jovens para que pressionassem os políticos a darem andamento ao processo de paz. Após o discurso, alguns israelenses começaram a se perguntar se as palavras seriam seguidas por mais pressão por parte de Washington.
Cidadãos israelenses e analistas disseram que Obama foi perfeito em seu discurso televisionado internacionalmente e ao longo de toda sua primeira visita como presidente. Ele fez piadas, citou o Talmud e israelenses reverenciados, prometeu apoio emocional e financeiro constante dos Estados Unidos, reafirmou o direito de Israel de se defender, e, talvez mais importante, repetiu a narrativa israelense do conflito com os palestinos.
"Obama finalmente aprendeu a falar israelense", disse Yossi Klein Halevi, um escritor e membro do Instituto Shalom Hartman. Ele chamou o discurso de "uma canção de amor a Israel".
"O que ele percebeu é que os israelenses respondem melhor a um abraço do que a pressão", disse Halevi. "Nós conseguimos ouvi-lo de uma forma como não conseguimos antes, porque ele disse todas as coisas certas para nós."
Limor Shiffman, que escutou o discurso em seu smartphone em um café de Jerusalém, disse depois: "É uma pena que ele não possa ser o líder deste país".
Richard Thunder, que estava entre os mais de 100 que assistiram em um telão na Praça Yitzhak Rabin de Tel Aviv, foi encorajado por Obama "tentar se conectar às pessoas como indivíduos".
No centro de convenções onde Obama falou, o público era composto em grande parte por estudantes universitários e ativistas de esquerda, que aplaudiram até mesmo algumas de suas falas mais duras, mas a reação do lado de fora do salão foi mais silenciosa.
Sim, ele os encantou, até mesmo conquistou seu respeito. Mas uma nação cansada e temerosa já ouviu argumentos de que a paz é necessária e – talvez mais incômodo para elas – possível. Muitos estão convencidos de que a batalha com os palestinos é insolúvel, e temem que os pedidos apaixonados do presidente para que uma nova geração reviva um processo de paz moribundo possam ser seguidos por uma iniciativa diplomática específica, que poderia incluir medidas duras.
"Ele deu o melhor show do mundo", disse Jacob Tal, um empresário de 67 anos que assistiu o discurso em uma barraca de falafel, "mas algo aqui não cheira bem". Daqui aproximadamente meio ano ele voltará e ditará os termos", disse Tal.
Após uma campanha eleitoral em Israel e longas negociações de coalizão, em grande parte focadas em assuntos domésticos, a visita de Obama fez a atenção do país se voltar para os desafios externos, e energizou políticos e ativistas ávidos em promover a paz.
Mas o novo governo, que tomou posse nesta semana, está dividido na questão palestina. Não está claro se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que está politicamente enfraquecido, correrá o risco de testar rapidamente a estabilidade desse governo.
"Se o presidente acha que basta uns dois bons discursos em Jerusalém para fazer os israelenses se rebelarem contra o primeiro-ministro Netanyahu ou deixar Netanyahu mais flexível, ele está enganado", disse David M. Weinberg, que ajuda a dirigir o Centro Begin-Sadat para Estudos Estratégicos.
Netanyahu emitiu uma declaração de duas linhas após o discurso – no qual Obama buscou contornar o primeiro-ministro em um apelo direto ao público – que ignorava seus pontos principais.
Ele concordou com a visão de Obama em relação "à necessidade de promover a paz para assegurar a segurança dos cidadãos de Israel".
Tzipi Livni, a nova ministra da Justiça com uma pasta especial para promover a paz, abraçou o discurso de Obama com uma declaração dizendo que "é nosso dever implantar nossa visão sionista como foi expressada de modo tão eloquente em suas palavras hoje".
Mas Naftali Bennett, um ministro cujo Partido Lar Judeu é contrário ao estabelecimento de um Estado palestino, rejeitou um dos princípios principais do presidente, afirmando que "não há ocupação em nossa própria terra".
Talvez este tenha sido o motivo para Obama ter optado por não voltar sua mensagem aos políticos, se recusando a falar no Parlamento. O texto de seus comentários, distribuído pela Casa Branca, era intitulado "Ao Povo de Israel". Obama agiu de modo semelhante no discurso que fez na Universidade do Cairo em 2009, com uma linguagem sob medida para conquistar a confiança – e desafiar – seu público árabe. Aquele discurso, também considerado um sucesso, serviu para elevar expectativas que não foram concretizadas.
David Horovitz, editor do "Times" de Israel, disse que "a posição intermediária que precisa pender precisará de mais" do que o que ele descreveu como "um discurso presidencial excepcional", notando que os jovens que Obama esperava sensibilizar foram moldados pela segunda Intifada palestina violenta e pelas ameaças de destruição pelos líderes do Irã.
"Essas são as duras realidades que interferem na disposição dos israelenses de desenvolver confiança e assumir riscos", disse Horovitz. "Os israelenses são muito emotivos, mas também muito calejados."
Lulu Monsone, um taxista de Jerusalém usando quipá, disse que inicialmente ficou incomodado com a visita, que poderia lhe fazer perder dinheiro graças ao fechamento de ruas. Mas Monsone foi conquistado na quinta-feira, quando Obama sugeriu em uma coletiva de imprensa com o presidente Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina –cujo apelido é Abu Mazen – de que apesar de ser contrário à expansão dos assentamentos, isso não precisa ser resolvido antes da retomada das negociações.
"Antes, toda vez ele dizia que era preciso parar, nada de construções", notou Monsone. "Agora é possível vê-lo dizer a Abu Mazen: 'Você quer comer a sobremesa antes de comer a sopa – apenas sente-se à mesa e converse'."
Halevi, o analista, disse duvidar que Obama tenha convencido os israelenses de que Abbas estava pronto como parceiro ou que o mundo árabe revolucionado em breve "abraçaria um Estado judeu". Mas ele disse que a mensagem sobre os problemas causados pelas atividades de Israel na Cisjordânia repercutiriam enormemente.
"Da próxima vez que houver um anúncio de expansão de assentamento, grande parte do público reagirá com revolta em vez de indiferença", previu Halevi. "Se ele achou que conseguiria fazer os israelenses acreditarem na possibilidade de um acordo iminente, essa era uma missão impossível. Mas fazer os israelenses entenderem que, na ausência da paz nós ainda teríamos uma responsabilidade em não mudar o status quo em solo– neste ponto eu acho que ele foi bem-sucedido."
Muitas pessoas entrevistadas depois do discurso disseram que a pergunta crucial é: o que acontecerá a seguir? Obama prometeu não trazer um novo plano de paz consigo, no que ele descreveu como uma missão de ouvir, e ele fez apenas referências vagas aos "passos incrementais" que poderiam promover um avanço do processo. O secretário de Estado, John Kerry, deverá retornar a Jerusalém na noite de sábado, para começar a conversar sobre elementos palpáveis.
Rachel Cohen, uma professora, disse que Obama claramente "iniciou algo novo" e estava "se esforçando mais", mas que ela espera que o presidente não force Israel a fazer concessões arriscadas.
"Ele soube muito bem como fazer amizade com os israelenses", disse Cohen, "mas agora nós queremos ver algo sério".
Se os Palestinos acreditarem nesse sr.o obaobama, então, merecem a invasão e arbritrariedades q sofrem às mãos dos judeuss. Tem de iniciarem uma nova intifada, p se fazerem ser ouvidos ,vistos , respeitados e obterem o seu Estado de fato. sem a presenças dos judeuss. Sds.
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