Lula e Ahmadinejad |
Os esforços do Irã para cultivar apoio político na América Latina, em um momento de crescente tensão internacional em relação ao seu programa nuclear, parecem ter encontrado um obstáculo significativo: o Brasil, a potência econômica da região.
Depois que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez uma visita a quatro países da América Latina neste mês, durante a qual ele se encontrou com vários críticos dos Estados Unidos, mas notadamente não foi convidado a parar no Brasil, um de seus principais assessores criticou publicamente a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, dizendo que ela "destruiu anos de bom relacionamento" entre os dois países.
"A presidente golpeou tudo o que (o ex-presidente) Lula havia feito", disse Ali Akbar Javanfekr, que trabalhou como assessor de imprensa de Ahmadinejad, em uma entrevista publicada na última segunda-feira (23) pela "Folha de São Paulo", um importante jornal brasileiro.
Lula, que deixou a presidência no ano passado, visitou Teerã em 2010, ingressando na diplomacia do Oriente Médio em uma tentativa de desarmar a crise em torno do programa nuclear do Irã. Juntamente com o governo da Turquia, ele obteve um acordo de troca de combustível para o Irã para envio do urânio pouco enriquecido para o exterior.
Esse acordo foi rejeitado pelo governo Obama e o Irã disse que planejava continuar enriquecendo urânio. Mesmo assim, as exportações do Brasil para o Irã cresceram nos meses que se seguiram; a certa altura o Irã ultrapassou brevemente a Rússia em 2011, como maior mercado de exportação para a carne bovina brasileira.
Nos últimos meses, entretanto, os laços comerciais entre os dois países se desgastaram um pouco. As exportações do Brasil saltaram para US$ 2,1 bilhões em 2010, em comparação a US$ 1,2 bilhão no ano anterior. Mas agora algumas empresas brasileiras se queixaram da dificuldade de obter licenças de importação iranianas, obstruindo o que antes era um mercado dinâmico para o Brasil.
"Desde outubro, nós notamos uma quebra abrupta nas compras pelo Irã", disse Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura, um grupo setorial. Ele disse que os funcionários da embaixada do Irã em Brasília e da embaixada do Brasil em Teerã asseguraram ao seu grupo que as exportações brasileiras ainda são bem-vindas no Irã. Turra disse que está aguardando pela divulgação de novas estatísticas de exportação para determinar como proceder.
Os pontos de vista de Javanfekr, uma figura política influente, porém, polarizadora no Irã, representam um dilema para o Brasil enquanto tenta elaborar uma política externa pragmática, que mantenha o acesso a mercados importantes, evitando ao mesmo tempo confrontação.
Todavia, no ano passado, após a eleição de Dilma, a sucessora escolhida por Lula, o Brasil apoiou a decisão da ONU de investigar as queixas de violações de direitos humanos no Irã, uma iniciativa liderada por Washington. A decisão foi vista como uma mudança sutil em relação às relações de Lula com Teerã.
Trovar da Silva Nunes, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, se recusou a comentar as palavras de Javanfekr.
Em vez disso, ele disse que os laços com o Irã permanecem calorosos, como refletiu o encontro em setembro, na ONU, entre o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e seu par iraniano, Ali Akbar Salehi, arranjado a pedido do Irã. Além disso, Tovar da Silva Nunes disse que o Brasil permanece "cético" em relação ao uso de sanções para exercer pressão sobre o Irã.
Não se sabe o quanto os comentários de Javanfekr refletem os pontos de vista do establishment político iraniano. Apesar de ele exercer influência no círculo dos principais assessores do presidente iraniano, tendo servido como chefe da oficial Agência de Notícias da República Islâmica e do jornal oficial do Irã, Javanfekr também foi alvo de escrutínio em meio à rivalidade dentro da liderança iraniana.
Um tribunal de Teerã recentemente o sentenciou a um ano de prisão por insultar o aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo do Irã, expondo o atrito entre Ahmadinejad e os conservadores no governo.
Em sua passagem pela América Latina neste mês, Ahmadinejad visitou apenas quatro países, todos com relações tensas como Washington e influência regional limitada: Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador. O itinerário não incluiu os maiores países da região: Brasil, México, Colômbia ou Argentina.
Os esforços do Irã para fazer novos amigos na América Latina também pareceu ganhar pouca força durante a visita. Em uma exceção, enquanto estava em Manágua, a capital da Nicarágua, Ahmadinejad se encontrou com Dési Bouterse, o traficante de drogas condenado que atualmente é presidente do minúsculo Suriname.
Entretanto, o embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, surpreendeu os repórteres no sábado, ao dizer que Ahmadinejad ainda planeja visitar o Brasil neste ano. Ele não mencionou uma data. Mas Tovar da Silva Nunes disse na segunda-feira que nenhum pedido formal de visita foi feito.
Brasil e Colonia sera que ele nao noto iso, Lula tomo atitude de nacao nao de colonia
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