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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Embaixador brasileiro apoia Ahmadinejad


Representante do país em Teerã diz que frase de presidente do Irã sobre "varrer Israel do mapa" foi "mal compreendida" 


No Rio, chanceler britânico defendeu sanções a Teerã como 'pressões pacíficas', sob críticas de brasileiros 


Ahmadinejad
O embaixador brasileiro em Teerã, Antonio Salgado, advertiu contra a "demonização" do Irã e disse que a frase "infeliz" do presidente Mahmoud Ahmadinejad sobre "varrer Israel do mapa" -citada como evidência de intenções agressivas- foi "aparentemente mal compreendida" no Ocidente.

"Na realidade ele não queria dizer que Israel deveria desaparecer do mapa, mas sim desaparecer da história. Seria mais uma analogia com o que aconteceu com a União Soviética ou a África do Sul do apartheid", afirmou Salgado em debate no Rio com o chanceler britânico, William Hague.

O diplomata disse que, em vez de aprovar novas sanções contra o Irã -defendidas por Hague como "pressões pacíficas"-, o Ocidente deveria insistir em negociações sobre o programa nuclear. Citou a proposta "passo a passo" feita pela Rússia, que prevê um processo paulatino de concessões mútuas.

"Não estou defendendo o Irã, mas existe nos últimos anos uma demonização que tem mais a ver com a fase inicial da revolução [islâmica]. Depois houve oportunidades de normalizar relações com o Ocidente que foram perdidas", acrescentou.

Ao relativizar a declaração de Ahmadinejad -por sua vez uma citação do aiatolá Khomeini, líder da Revolução Islâmica- o diplomata retomou polêmica que vem desde que ela foi reportada pelo "New York Times" em 2006.

Especialistas como o americano Juan Cole dizem que a frase foi mal traduzida e a versão correta é metafórica, e não uma ameaça de guerra: "Esse regime de ocupação sobre Jerusalém deve desaparecer da página do tempo".

Outros, porém, argumentam que o próprio governo do Irã já usou a expressão "varrer do mapa" em páginas em inglês na internet.

No debate promovido pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) no palácio do Itamaraty, Hague não recuou diante das críticas de brasileiros -que também questionaram, como o embaixador Marcos Azambuja, a viabilidade de uma solução para o caso iraniano enquanto Israel mantiver arsenal atômico.

O britânico disse que a recente invasão da embaixada de seu país em Teerã "mostra como é difícil tentar boas relações com o Irã" e que há "sinais perigosos" vindos do país, como o suposto complô para matar o embaixador saudita em Washington.

Ele se mostrou confiante em que o embargo ao petróleo iraniano será aprovado pela União Europeia na segunda-feira. A diplomatas brasileiros, informou que a única dúvida é se será implementado em dois meses, como querem Reino Unido, Alemanha e França, ou em seis, como propõem Grécia, Itália e Espanha, mais dependentes do produto.

O enviado especial brasileiro ao Oriente Médio, embaixador Cesário Melantonio, disse que o acordo feito por Brasil e Turquia com Teerã no ano passado "continua na mesa". No entanto, ele acha difícil que seja reativado em ano de eleições nos EUA, na França e no Irã (legislativas).

Essa hipótese foi sugerida por Anne-Marie Slaughter, ex-conselheira do presidente Barack Obama, e pela revista "Economist" nesta semana, entre outros.


6 comentários:

  1. Esse é o nível de nossa diplomacia! Esse embaixador brasileiro deveria ser afastado sumariamante.

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  2. Concordo plenamente com nosso embaixador. Alíás, a nossa diplomacia acordou de sua longa ibernação e deu um basta na subserviência às potências ocidentais, em especial os EUA. Isso incomoda muita gente aqui no Brasil, principalmente a turminha entreguista da era psdb que privatizou quase todos os setores estratégicos do país. O Brasil, hoje em dia, é visto pelo mundo como uma potência emergente, não mais como o "país do futuro", o Brasil é uma realidade. E esse salto foi dado durante o governo Lula, que na minha opinião, depois de Getúlio, foi o presidente mais importante da nação. Dilma segue a mesma cartilha. O Brasil tem opinião própria e não mais se limita a seguir os passos do tio Sam.

    Gostaria de saber que ameaça o Irã representa para o mundo. O problema é pontual, é com Israel – que já está grandinho. Não consta na história nenhum capítulo de agressão do Irã contra ninguém. Muito pelo contrário, sofreu anos nas mãos de ingleses e americanos. E desde os anos 80 sofrendo rigorosos embargos do ocidente (liderados pelos EUA) conseguiu notáveis avanços tecnológicos. O programa nuclear iraniano é lícito, é fruto de desenvolimento e pesquisa dos persas. O Irã, diferentemente do Brasil, não dispõe de tantos recursos hídricos, sendo a energia nuclear uma fonte limpa (não poluente) para seu constante desenvolvimento.

    E outra, sou da opinião de que, enquanto houver uma única nação com uma única bomba nuclear, todo país terá o mesmo direito de tê-la também.

    O bom mesmo seria um mundo sem armas nucleares. Mas se alguns têm, por que outros não??? É notório que quando se tem uma ogiva debaixo do braço, o tom da conversa muda, parece que a sua opinião passa a ter valor, que os seus diretios passam a ser respeitados.

    É uma lástima, é triste, mas é a dura realidade.

    Brasil acima de tudo!

    Força Irã!
    Avante, Rússia!
    Pra cima deles, China!!

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  3. Pra mim a Dilma é entreguista. Ela quis mudar a “doutrina” do Itamaraty, mas parece que não deu certo. Ela nos afastou do Irã, país que tinha proposto uma balança comercial de US$ 10 bilhões e parece que os intercâmbios culturais e tecnológicos estão congelados por causa da Dilma.

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  4. A situação é muito complicada, Michel. Como nosso próprio diplomata disse, há anos o Irã vem sofrendo uma demonização por parte do ocidente. Alguns Países o vêem como um estado terrorista. Um apoio declarado neste momento pode não ser de bom tom. Mas o Brasil faz sua parte, sempre se manifestando contra sanções e votando contra as medidas unilaterias. E tem a mesma postura em relação à Síria. Imagine a pressão que os EUA põem sobre o Brasil! É bem complicado.

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  5. O ex-ministro da Defesa, o Jobim, disse que o Brasil precisa se arma para poder dizer não para as potências. Se o Brasil gozasse de um excelente arsenal, o Brasil poderia apoiar quem quisesse, vide a China, que é proibida de vender e comprar certos tipos de armas pela ONU, mas faz o bem o que quiser. Lembro também o país vive um momento diferente de 10 anos atrás. Hoje podemos nos dar ao luxo de irmos contra os interesses das potências e ficar ao lado do Irã. Em tempos de crise, o máximo que as potências podem fazer é reclamar. E se forem fazer, que façam o minimamente, caso contrário não terão a ajuda brasileira para saírem da crise.

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