Na foto, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia e opositor ferrenho de uma intervenção militar na Síria |
A Rússia tem se mantido resoluta em seu apoio diplomático ao sitiado regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, mesmo enquanto Assad fica cada vez mais isolado dentro da Liga Árabe e da comunidade internacional.
O Kremlin enviou uma forte mensagem no início deste mês, quando seu porta-aviões, o Almirante Kuznetsov, ancorou nas proximidades do porto sírio de Tartus. Então, na semana passada, Moscou disse que uma minuta de resolução apresentada pela Liga Árabe ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo a renúncia de Assad, “cruzou nossas linhas vermelhas”.
O apoio da Rússia à Síria data dos tempos da União Soviética. A continuidade da parceria pode ser atribuída a vários fatores – laços históricos, interesses econômicos e geopolíticos.
As recentes vendas de armas russas para a Síria foram no valor de US$ 4 bilhões, incluindo caças e mísseis avançados. Os investimentos de empresas russas na Síria, em infraestrutura, energia e turismo, chegam a quase US$ 20 bilhões. Uma usina de processamento de gás natural, a cerca de 200 quilômetros a leste de Homs, está sendo construída por uma empresa de engenharia russa, a Stroytransgaz.
Mas o investimento financeiro tem um peso limitado diante das críticas internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham bilhões investidos no regime de Mubarak no Egito, mas suspenderam seu apoio diante do aumento dos protestos.
A Rússia se recusa a seguir o exemplo na Síria, demonstrando uma disposição de absorver as críticas. Para o Kremlin, parece mais importante demonstrar uma política externa confiante e soberana que desafie o Ocidente.
A Rússia possui grandes interesses geopolíticos e estratégicos que ditam o apoio a Damasco. Como maior produtora de petróleo do mundo e segunda maior exportadora, a Rússia não precisa da oferta de petróleo do mundo árabe. Moscou também colhe os benefícios de controlar os mercados regionais de energia. Portanto, a Rússia não precisa apaziguar o bloco árabe predominantemente sunita, que atualmente age em conjunto com o Ocidente na oposição ao regime de Assad.
Além disso, a Rússia tem seus próprios problemas com radicais islâmicos no Cáucaso e na Ásia Central, e teme rebeliões semelhantes às da Síria estourando em áreas como Daguestão, Abkházia, Inguchétia ou Tchetchênia. Ao apoiar seu aliado na Síria, o Kremlin está enviando uma forte mensagem aos grupos dissidentes que possam querer combater governos impopulares dentro da federação russa. O regime sírio também fornece para a Rússia um ativo estratégico chave: um porto em águas quentes profundas em Tartus. A falta de um porto como esse atormenta as ambições russas há séculos e teria sido o motivo por trás de sua invasão ao Afeganistão. A importância do porto pode não ser tão grande quanto era nos tempos soviéticos, mas acesso livre ao alto-mar permanece uma força motivadora por trás do pensamento estratégico russo, já que os principais portos ficam bloqueados pelo gelo durante grande parte do ano ou isolados por estreitos controlados por outras potências.
Tartus, que conta com guarnições da crescente frota mediterrânea de Moscou, vale a pena ser defendido pelo Kremlin. O recente envio de armas ao porto ressaltou o compromisso da Rússia com seu acordo de armas multibilionário, ignorando o embargo de armas pela União Europeia. O porto está sendo reformado para acomodar navios maiores, já que Assad declarou que o porto futuramente receberá alguns dos navios de guerra de Moscou, dotados de armas nucleares.
No final, as declarações e ações ousadas da Rússia em apoio ao regime de Assad são cálculos frios, que visam reviver sua posição como superpotência global. Apesar de a Rússia ter motivos estratégicos e econômicos consideráveis para manutenção do apoio, acima de tudo a Síria oferece ao Kremlin a chance de se opor à influência do Ocidente no Oriente Médio. O apoio ao regime de Assad não se baseia em convicções ideológicas ou morais, mas a um puro jogo de poder.
Tô aguardando a primavera árabe na Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes, Kwait.... todas monarquias sunitas... Lá não acontece, né?? Não tem eleições, n]ão tem partidos políticos, não há respeitos aos direitos humanos...
ResponderExcluirUé, mas então por que nesses países não acontece uma primavera árabe???
Simples, porque são todos aliados dos EUA.
Aliás, até houve um levante na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes. Sabe o que aconteceu? porrada e bala. Não saiu na mídia ocidental; ninguém sabe, ninguém viu.
CAMBADA DE HIPÓCRITAS!!!
TEM MAIS É QUE BAIXAR O SARRAFO NOS TRAIDORES SÍRIOS!!!!