Na ordem: Ehud Barak, Benjamin Netanyahu, Gilad Shalit e Noam Shalit |
Eles não têm muita coisa em comum, além do fato de terem entrado para a política ao mesmo tempo e... de terem imediatamente atraído para si uma enxurrada de críticas. O jornalista israelense Yair Lapid saiu 24 horas à frente de Noam Shalit, mas eles estão em pé de igualdade: o primeiro recebeu ameaças de morte em sua página do Facebook; o segundo foi acusado de “cinicamente” usar sua fama para “dançar no sangue de nossos filhos”, alusão ao fato de seu filho Gilad ter sido libertado de uma prisão do Hamas, no dia 18 de outubro de 2011, em troca de 1.027 prisioneiros palestinos.
A questão nunca foi saber se Yair Lapid, apresentador de um programa muito popular do Canal 2, atravessaria o Rubicão que separa o jornalismo da política, mas sim quando. Ele acabou com essa espera no domingo (8), explicando que não entrará para o Kadima, o partido de centro-direita cujo líder Tzipi Livni não faria questão desse forasteiro.
Ele, que se diz a quintessência do israelense moderno, seria como o “genro perfeito”, sendo aquilo que se chama de “boa pinta”, uma mistura de James Dean mais velho com Arnold Schwarzenegger, segundo o professor de ciências políticas Schlomo Avineri. Ele é também filho de Tommy Lapid, morto em 2008, que havia relançado com sucesso o antigo partido liberal e laico Shinoui, com uma agenda ferozmente anti-ultraortodoxa. Seu filho prefere um registro sistematicamente moderado, acima de tudo.
A imprensa israelense se deleita com as reflexões de Yair Lapid, pinçadas em seus editoriais, todas de uma lamentável banalidade. Não importa: o partido que esse carismático jornalista provavelmente criará deve obter 10 a 20 cadeiras (das 120 da Knesset, o parlamento israelense), segundo as pesquisas. Não é o suficiente para preocupar o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, mas sim para abocanhar o eleitorado de Livni.
Não é certeza que o premiê esteja contente com a iniciativa de Noam Shalit. O “pai de Gilad” surpreendeu todo mundo, ainda mais quando explicou que defenderia as cores do Partido Trabalhista. Os comentaristas saudaram o “golpe” político realizado por Shelly Yacimovich, a presidente de Partido Trabalhista que se encontrava em vias de marginalização, e agora se revigora nas pesquisas. Só que Noam Shalit será atacado: ele não poderá evitar ser acusado de querer se aproveitar de uma situação, da popularidade de seu sobrenome.
Ele começou a se preparar para isso, garantindo não ter a intenção “de usar Gilad”, ao mesmo tempo em que admite que sua esposa, Aviva, “não havia exatamente concordado” com sua decisão. A campanha eleitoral para as eleições parlamentares, previstas para 2013, ainda não foi lançada, e dois homens muito populares, mas novatos na política, tentam tomar a dianteira. Em nome do pai, do filho...
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