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sexta-feira, 14 de março de 2014

Credibilidade de senadora que acusa CIA de espionar Casa empodera ataque

 Dianne Feinstein 
A senadora Dianne Feinstein conta com uma reputação conquistada arduamente de ser um das pessoas em Washington que apoiam mais ferrenhamente as agências de espionagem do país, uma que fez a popular democrata da Califórnia ver sua aprovação cair a um ponto baixo recorde no ano passado, após sua defesa vigorosa da imensa coleta de dados de Internet e telefônicos pelo governo Obama.

Esse é o motivo para toda Washington ter parado e dado ouvidos quando Feinstein, presidente do Comitê de Inteligência, fez um discurso de 45 minutos no plenário do Senado, na manhã de terça-feira (11), contra a Agência Central de Inteligência (CIA).

Duas horas depois, o diretor da CIA, John Brennan, era questionado sobre se permaneceria no cargo.

Brennan negou categoricamente a acusação de Feinstein de que a CIA roubou documentos da investigação de anos de seu comitê de suposta tortura de suspeitos de terrorismo durante o governo George W. Bush, onde Brennan serviu.

"A senadora Feinstein talvez seja a maior defensora da CIA no Congresso", disse Joe Cirincione, presidente da Plowshares, uma fundação de segurança global com sede em San Francisco e ex-funcionário do comitê da Câmara. "Se ela está irritada, você sabe que algo está seriamente errado. Essa não é uma senadora em busca de manchetes nesse assunto."

Conhecida em seus 22 anos de carreira no Senado como uma legisladora que trabalha facilmente com os republicanos, a credibilidade de Feinstein é tamanha que importantes falcões republicanos saíram em seu apoio –inclusive, na quarta-feira (12), John Cornyn do Texas, o segundo na hierarquia republicana no Senado.

"Ela é uma pessoa séria e uma líder, obviamente, em assuntos de inteligência", disse Cornyn. "Eu não acho que ela faria alegações como essas sem uma base, o que é muito perturbador."

Cornyn disse que não julgará o mérito das alegações até a investigação do Departamento de Justiça. Mas ele acrescentou: "Algumas das alegações feitas violam nossas leis criminais, sem contar ser uma invasão sem precedente do Executivo, por meio das agências de inteligência, nas deliberações do Comitê de Inteligência do Senado".

"Eu levo as alegações a sério", prosseguiu Cornyn. "Basta dizer que é uma questão que não desaparecerá."

Sempre temerosa de uma repetição dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, Feinstein pressionou consistentemente por maior financiamento à agência e por uma ampliação de seu papel em contraterrorismo. Também integrante do painel do Comitê de Apropriações que aloca as verbas para a defesa, Feinstein é uma aliada fundamental do presidente Obama em segurança nacional.

Obama "depende muito de Dianne Feinstein", disse Cirincione. "Trata-se de uma senadora que você não deseja peitar."

Exibindo lampejos de raiva controlada, Feinstein pela primeira vez, no foro público mais sério disponível para ela, narrou cuidadosamente a história problemática da investigação de tortura lançada por ela assim que assumiu o comando do painel em 2009.

Funcionários do Comitê de Inteligência examinaram mais de seis milhões de documentos, produzindo um relatório de 6.300 páginas sobre as práticas de detenção e interrogatório da CIA após os ataques terroristas de 2001, incluindo a simulação de afogamento e outros métodos conhecidos eufemisticamente como "técnicas aprimoradas de interrogatório", ou em inglês comum, tortura.

O relatório permanece confidencial, apesar da aprovação pelo comitê de suas conclusões em dezembro de 2012. A CIA contestou o relatório e resiste em aprovar a divulgação de uma versão editada, apesar de Obama ter dito que deseja que o relatório seja público.

Feinstein descreveu como a agência resistiu desde o início à investigação, primeiro insistindo, sob o então diretor Leon Panetta, um ex-congressista da Califórnia, que os funcionários estudassem os documentos no quartel-general da CIA na Virgínia, não em seus próprios escritórios no Capitólio.

A senadora disse que ficou preocupada com esse procedimento, diante do fato de a CIA ter destruído fitas de vídeo das supostas sessões de tortura.

Todavia, Feinstein concordou. A agência então despejou mais de seis milhões de documentos, fora de ordem e sem índices, criando uma tarefa monumental para os funcionários entendê-los.

Feinstein disse que os funcionários notaram em 2010 que faltavam aproximadamente 920 páginas de documentos críticos, incluindo o que ela chamou de revisão interna de supostos eventos de tortura ordenada por Panetta. Feinstein disse que realizou uma reunião privada com o advogado geral da Casa Branca, que ela disse que reconheceu a gravidade da acusação e assegurou a ela que não ocorreriam mais interferências.

Mas depois que Brennan pediu uma reunião de emergência em 15 de janeiro para informá-la e ao líder da bancada republicana no comitê, Saxby Chambliss da Geórgia, que a CIA investigou o sistema de computadores segregado do comitê na Virgínia, e a informou que ele ordenaria uma investigação por peritos criminais do trabalho de seu comitê, Feinstein exigiu uma explicação e um pedido de desculpas. Sem receber nenhuma, ela foi a público na terça-feira, defendendo ferozmente seus funcionários e a obrigação constitucional de seu comitê de supervisionar o poder Executivo.

Ela atacou Robert Eatinger, o advogado geral em exercício da CIA e ex-advogado da unidade da CIA que dirigia as prisões secretas onde os suspeitos eram interrogados. Apesar de não ter citado Eatinger nominalmente, ela o acusou de tentar intimidar seus funcionários.

Cirincione disse que as agências sob investigação frequentemente querem esconder informação danosa.

"Isso acontece o tempo todo", ele disse. "A diferença é que eles foram pegos pelos funcionários dela."

A negação categórica de Brennan às acusações de Feinstein coloca Obama em uma situação delicada entre seu próprio nomeado e sua principal aliada no Senado. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, se recusou a tomar partido, citando a investigação do Departamento de Justiça.

Obama está "preso entre seus princípios e seus nomeados", disse Cirincione. "Ele chegou prometendo maior transparência e um fim dos abusos cometidos pelo governo anterior, mas as pessoas que ele nomeou para fazer isso estão defendendo as práticas anteriores e o presidente está hesitante em contradizê-los. É uma escolha que ele não poderá continuar evitando."

A disputa quase certamente alimentará os pedidos de Feinstein, apoiados pelos grupos de liberdades civis, para que a investigação de tortura do comitê se torne pública.

"Isso pode ser o início de um reconhecimento de que, pelo menos dentro das agências de inteligência, há um verdadeiro desprezo pela supervisão pública", disse Jennifer Granick, diretora de liberdades civis do Centro para Internet e Sociedade da Universidade de Stanford. "Talvez isso se transforme em um momento de virada na discussão sobre que papel as agências de inteligência exercem e quais limites devemos impor a elas em uma democracia moderna."

Kevin Diaz, da sucursal da Hearst em Washington, contribuiu com reportagem. Carolyn Lochhead é correspondente em Washington do "San Francisco Chronicle". E-mail: clochhead@sfchronicle.com.

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