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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Medidas do Japão para enfraquecer o iene têm efeito global

O novo presidente do Banco Central japonês, Haruhiko Kuroda

A nova política anti-deflação do Banco do Japão produziu ondulações em todo o sistema financeiro global na segunda-feira, derrubando o iene e levantando os preços das ações em Tóquio, mas economistas dizem que o efeito ainda não foi plenamente sentido no exterior.

O sinal mais visível das medidas tomadas pelo banco central do país foi a forte queda do iene e um aumento de 2,8% no índice de referência Nikkei 225. O dólar se estabeleceu em 99,3 ienes na segunda-feira em Nova York, a maior alta em quatro anos. O euro foi cotado em 129 ienes, seu nível mais alto em mais de três anos.

"Eles estão tirando uma página do manual de flexibilização quantitativa, multiplicado 2 1/2 vezes o que o Fed [Federal Reserve, o Banco Central americano] está fazendo", disse Michael H. Strauss, estrategista-chefe de investimentos da corretora Commonfund em Wilton, Connecticut.

Isso, segundo ele, criou uma situação em que instituições e indivíduos enfrentaram pressões para comprar ações, no país ou fora. A mudança foi desencadeada na quinta-feira por Haruhiko Kuroda, o novo governador do Banco do Japão, que anunciou uma ruptura decisiva com as políticas de seu antecessor. Ele disse que o banco quase dobraria a quantidade de moeda japonesa nas mãos de indivíduos e bancos ao longo dos próximos dois anos à medida que tenta aumentar a taxa anual de inflação para seu novo alvo de 2%.

O plano de Kuroda demanda que o banco central injete quase 62 trilhões de ienes, ou US$ 630 bilhões, na economia este ano, um dinheiro novo que precisa encontrar um lar. Parte disso irá sem dúvida para o exterior. "Esta é uma injeção muito grande de dinheiro no sistema global", disse Thomas Mayer, consultor sênior do Deutsche Bank, em Frankfurt, Alemanha, e os títulos e ações no exterior estarão entre os beneficiários.

Ações e títulos dos EUA, que já estão sendo negociados a níveis altos, são um alvo óbvio para investidores com ienes para gastar, disse ele. Países europeus importantes como a Alemanha, França e Grã-Bretanha também são destinos favorecidos para o capital japonês, bem como a Austrália e Nova Zelândia.

A dívida dos governos em todo o mundo desenvolvido já está sendo negociada a rendimentos baixos, observou Mayer, mas enquanto a crise continuar na zona do euro, países em dificuldades como a Espanha, Itália e Portugal podem atrair menos interesse dos investidores por causa das preocupações com o risco político.

Embora o tamanho da intervenção japonesa seja talvez sem precedentes em relação ao tamanho da economia do país, o Banco do Japão está em boa companhia. O Federal Reserve, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu têm derramado liquidez e trabalhado para manter as taxas de juros baixas à medida que o setor financeiro global range ano após ano. Esse dinheiro é considerado responsável por ajudar a manter os custos de empréstimos governamentais baixos e empurrar o Dow Jones para níveis altos este mês.

A moeda japonesa enfraquecida abre uma janela para os investidores internacionais lucrarem em duas frentes. Com o alvo de derrubar quase a zero a principal taxa de juros do banco central, eles podem comprar ienes mais baratos, e emprestá-los no exterior. Este "carry trade" oferece a possibilidade de retornos mais altos no exterior – e se o iene cai, os investidores também colherão um ganho cambial, uma vez que pode reembolsar o empréstimo em ienes mais baratos.

É claro, um iene em ascensão traria o resultado oposto, mas a magnitude do plano do banco central poderá convencer os investidores de que a moeda deve cair ainda mais. Julian Jessop, economista-chefe da Capital Economics, em Londres, estimou que o dólar continuará a se fortalecer até 100 ienes este ano e 120 ienes no ano que vem. "A nova postura política do Banco do Japão certamente não equivale a uma virada de jogo", observou, "pelo menos para os mercados de câmbio."

O enfraquecimento do yen também poderá ser sentido pelas companhias que operam fora do Japão – como nas automotivas alemães e nas fabricantes de dispositivos da Coreia do Sul, que competem cabeça a cabeça com corporações japonesas. Essas empresas poderão se ver sob pressão para espremer as margens de lucro para concorrer contra empresas japonesas repentinamente endinheiradas.

"Algumas das empresas japonesas eram rentáveis quando o iene estava 78 para o dólar", disse Strauss, então o dólar a100 ienes seria um benefício para o setor corporativo. Vai levar tempo para que os concorrentes das empresas japonesas sintam os efeitos, disse Mayer, mas ele advertiu que há grupos maiores a considerar: "ao injetar uma quantidade tão grande de dinheiro no sistema financeiro global, você pode acabar distorcendo os preços de tal uma maneira que isso causará distorções na economia real."

Strauss disse que o maior impacto seria sentido no Japão, onde o investidor poderia ter um título do governo de 10 anos com um rendimento de menos de 0,4%, ou poderia assumir um pouco mais de risco com ações. A lição depois que a bolha de investimento japonês entrou em colapso em 1990 foi "nunca mais compre ações", disse ele, mas pode ter chegado o momento em que isso não é mais verdade. Mas os investidores japoneses de hoje são mais cautelosos do que os de uma geração atrás, acrescentou. "Eu não acho que eles vão sair comprando Pebble Beach", disse Strauss, referindo-se ao campo de golfe na Califórnia que foi adquirido por um empresário japonês em 1990 a um preço extremamente inflacionado.

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