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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Líder sul-coreana tenta acabar com o "ciclo vicioso" com o norte

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, faz o juramento ao tomar posse no cargo, em cerimônia no parlamento sul-coreano, em Seul
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, disse na terça-feira passada (2) que está determinada a quebrar o "ciclo vicioso" estabelecido com a Coréia do Norte, que sempre é recompensada com concessões e assistência econômica por seu mau comportamento.

A rejeição à crescente tática de pressão da Coréia do Norte emergiu um dia após o norte ter retirado todos os seus 54 mil trabalhadores do complexo industrial de Kaesong, administrada em conjunto com o sul. Após a evacuação, Pyongyang avisou, ainda na terça-feira, que os estrangeiros que vivem na Coreia do Sul deveriam pensar em um plano de evacuação. "Não desejamos fazer mal aos estrangeiros que vivem na Coréia do Sul caso ocorra uma guerra", informou a agência de notícias KCNA, citando um funcionário norte-coreano.

A retirada dos trabalhadores norte-coreanos de Kaesong acabou efetivamente com o último projeto de cooperação intercoreana, que sobrevivia havia oito anos, apesar das tensões militares na península coreana dividida. A Coreia do Norte disse que o complexo industrial de Kaesong, localizado na cidade norte-coreana de mesmo nome, só poderá ser reaberto quando o sul mudar sua "atitude".

Mas, até terça-feira passada, a presidente sul-coreana Park não havia mexido um músculo para alterar a situação. "Isso é muito decepcionante", disse, durante uma reunião de seu gabinete, realizada na terça-feira (2). "Quanto tempo ainda vamos repetir este ciclo vicioso, no qual os norte-coreanos criam tensões e nós lhes fazemos concessões e damos ajuda financeira?"

"A Coreia do Norte deve parar com seu comportamento equivocado e fazer a escolha certa para o futuro da nação coreana", disse ela, acusando o norte de desrespeitar acordos intercoreanos para proteger seus investimentos. "Se o norte desrespeita as normas internacionais e as promessas que faz dessa forma, qual país e quais empresas vão querer investir no norte?"

Desde que produziu seus primeiros produtos, no final de 2004, o parque fabril de Kaesong, localizado ao norte da parte ocidental da fronteira intercoreana, mostrou como as duas Coreias poderiam utilizar a cooperação econômica para superar décadas de hostilidades políticas, dando sinais de esperança para uma eventual reunificação. Para colocar a planta industrial em funcionamento e construir uma estrada e uma linha ferroviária que ligavam Kaesong e Seul, as duas Coreias abriram sua fronteira fortemente armada, limparam campos minados e fizeram recuar acampamentos militares. Desde então, centenas de sul-coreanos e caminhões atravessaram a fronteira entre os dois países todos os dias, transportando têxteis e outros produtos de alto valor agregado confeccionados pelas 123 fábricas sul-coreanas instaladas em Kaesong com o auxílio da mão de obra barata disponibilizada pela Coreia do Norte.

A Coreia do Norte disse que foi obrigada a considerar o fechamento de Kaesong devido ao aumento das tensões causado por exercícios militares de rotina conjuntos realizados pelos EUA e pela Coréia do Sul e devido às sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) após seu teste nuclear do último dia 12 de fevereiro.

Analistas e autoridades locais concordam que o jovem e relativamente inexperiente líder norte-coreano, Kim Jong Un, está se aproveitando ao máximo da situação atual para impulsionar sua posição frente às forças armadas de seu país, para desviar a atenção dos fracassos econômicos domésticos e para fazer com que o mundo se acostume ao status de estado detentor de armas nucleares da Coreia do Norte.As incessantes manobras da Coreia do Norte para aumentar a tensão ampliaram o desafio enfrentado pela nova líder sul-coreana.

Park, a primeira presidente mulher da Coréia do Sul – que tem a falecida primeira-ministra britânica Margaret Thatcher como modelo –, utilizou como tática de campanha, que levou à sua eleição em dezembro do ano passado, a adoção de uma política batizada de "trustpolitik" para lidar com a da Coreia do Norte.

Em essência, essa tática copia a abordagem de "paciência estratégica" adotada por Washington: se o norte ganhar a confiança de Seul e de Washington – por meio da redução das tensões e da demonstração de sérias intenções para negociar a suspensão de seu programa nuclear –, conseguirá obter o diálogo, o respeito e a ajuda financeira de que precisa desesperadamente. Mas suas provocações só serão respondidas com mais sanções e isolamento.

Como parte do processo de construção de confiança, a presidente se ofereceu para desvincular a ajuda humanitária da redução das tensões políticas. Sua abordagem foi vista como mais flexível do que a de seu antecessor e colega conservador, Lee Myung-bak. Mas a oferta ficou muito aquém da demanda norte-coreana, que exigia o fim do embargo comercial que a Coreia do Sul impôs ao vizinho em 2010, quando o sul culpou o norte pelo afundamento de um navio de guerra sul-coreano, que matou 46 marinheiros. O norte negou qualquer responsabilidade no incidente.

Park também terá que lidar com o delicado equilíbrio político na Coréia do Sul, onde os eleitores continuam irritados com as recentes provocações norte-coreanas, incluindo o ataque da artilharia do norte a uma ilha sul-coreana, em 2010. Mas eles também se cansaram do prolongado impasse político entre as duas Coreias durante o governo de Lee.

Na segunda-feira passada, o porta-voz da presidente Park, Yoon Chang-jung, negou informações divulgadas pela imprensa local segundo as quais o governo planejou o fechamento de Kaesong. "Nossa posição permanece inalterada. Para nós, o complexo de Kaesong deve permanecer em operação", disse ele. Os responsáveis pela elaboração das políticas sul-coreanas também temem que a tensão contínua poderá agravar o risco geopolítico que tem se mostrado um empecilho para a confiança dos investidores estrangeiros na economia da Coreia do Sul.

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