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quinta-feira, 26 de julho de 2012

“Eu nunca deveria ter exposto o super-espião egípcio da guerra de 1973”

Ashraf Marwan
Cinco anos depois da morte misteriosa de Ashraf Marwan, genro do falecido presidente do Egito Gamal Abdel Nasser e espião israelense de codinome “Angel”, Ahron Bregman, acadêmico israelense que revelou ao mundo que Marwan era espião israelense, faz-nos uma confissão dolorosa.

Na tarde de 27 de julho de 2007, um homem caiu da sacada do seu luxuoso apartamento, no bairro nobre de Mayfair, em Londres. O homem morto foi rapidamente identificado como Ashraf Marwan, que tinha ficado conhecido no mundo inteiro em 2002 como o mais importante espião israelense no alto escalão do governo egípcio. Se ele caiu ou foi empurrado, talvez nunca saberemos.

No mesmo dia de sua morte, Mawan, 63, tinha programado de se encontrar com o doutor Ahron Bregman, acadêmico israelense que revelou ao mundo Mawan como espião israelense.

Em uma entrevista em 2002 ao jornal egípcio Al-Ahram, Bregman revelou que Marwan era o “Angel” (Anjo), o espião que durante anos causou rumores e temores no Egito. Fora Marwan que alertou Israel de um ataque eminente às vésperas da Guerra de Yom Kippur. Na verdade, Bregman alegou na entrevista que Marwan era um agente duplo, cuja lealdade ao Egito prevaleceu até o momento da verdade em 1973, ano que ele forneceu aos israelenses deliberadas informações imprecisas sobre os planos de guerra do Egito.

Agora, cinco anos após da morte de Marwan, Bregman é consumido pelo remorsos de sua ação. Em entrevista concedida por telefone ao jornal “Times Of Israel” a partir de Londres, Bregman descreve a revelação de Marwan como espião de “um erro trágico colossal”. Mas, os homens da segurança de Israel deviam compartilhar de sua consciência culposa, argumenta Bregman.

Segundo Bregman, um chefe da segurança de israelense fora que revelou formalmente que Marwan tinha espionado para Israel, e que, publicamente, brigou com um outro chefe da segurança israelense sobre lealdade de Marwan estava principalmente com Israel ou com o Egito. Marwan começou a sentir o cheiro da morte depois que documentos israelenses oficiais acerca do assunto foram publicados na internet.

A morte de Marwan, em circunstâncias dignas de um filme de John le Carré, foi o culminar de uma saga que começou quase há 40 anos antes, e tem repercussões que ainda estão sendo sentidas. Uma batalha jurídica em torno da identidade de Marwan e sua lealdade só foi resolvida na semana passada.

Genro de Nasser ao telefone
Em um dia em 1969, um jovem secretário de imprensa egípcio em Londres liga para a embaixada israelense. Ele alega que casado com uma das filhas do coronel Nasser, Muna, e ofereceu seus serviços à Israel. No inicio, o Mossad estava desconfiado do arrojado e alto-confiante Marwan, mas depois ele produziu protocolos secretos e negociações bélicas entre a URSS e o Egito em Moscou. Ao fazer isso, Marwan conquistou a confiança de Shmuel Goren, chefe do Mossad à época.  Marwan começou a trabalhar para o Mossad no mesmo ano e continuar a prover informações para Israel até o final da década de 70.

Foi em 1999 que Bregman começou a suspeitar de Marwan como o referido agente “Angel” na literatura israelense em torno da Guerra de Yom Kippur.  Durante três anos ele trabalhou para ligar os pontos e se convencer que Marwan e o “Angel” eram as mesmas pessoas. Durante esse período, Bregman diz que enviou à Marwan uma série de artigos e documentos implicando-o, mas não obteve resposta.

“Eu lhe envia artigos que escrevia sobre ele, com a esperança de que ele me responderia dizendo que eu estava errado”, disse Bregman, acrescentando que “ele nunca o respondeu. Ele me conhecia, mesmo sem nunca ter falado comigo, durante três anos”.

Em setembro de 2002, Bregman publicou um livro intitulado “As Guerras de Israel”, no qual ele praticamente identifica Marwan como espião israelense. Ele escreveu que o “super-espião” egípcio era um parente do presidente Nasser e apelido-o no livro de “genro”. A imprensa egípcia se voltou para Marwan, o homem óbvio em questão, mas ele negou as acusações de Bregman, chamando-o de “um estupido detetive da história”. “Foi nesse ponto, diz Bregman, que decidiu expor Marwan conclusivamente ao Al-Ahram.

“A razão imediata para expô-lo era que eu estava profundamente ofendido com o que ele tinha dito”, reconhece Bregman. “Ele tinha sido meu principal projeto por três anos. Aqui estou eu, tentando expor o espião mais importante do Oriente Médio. Eu estava ocupado com outras coisas no momento, mas o que realmente me interessou foi as fendas na porca. De repente, vem aqui “a porca” e chama meu  trabalho de estúpido”.

A declaração de Marwan era também um sinal de fraqueza, diz Bregman. “Ele piscou primeiro”. Bregman tinha previsto que Marwan iria ridiculizar a revelação e iria ameaçou de ação legal. “Eu esperava que ele dissesse isso. Eu estou processando-o por dificação. Mas ele não disse isso, e eu, mais tarde, provei estar certo”, disse Bregmen.

Como não houve nenhuma ameaça legal, a tenção de citar Marwan se provou irresistível.  “Ele era o espião mais importante. Todo mundo falou sobre ele: [Moshe] Dayan, Golda [Meir], [Henry] Kissinger. Ele era o homem. E lá estava eu, alguém que veio do nada. Eu tinha (a informação) na minha mão, m e eu simplesmente tinha que revelar. Eu não poderia deixar de expor o seu nome, é o instinto primitivo jornalístico.

Mas o impulso, Bregman diz agora, deveria ser resistido. Uma vez que ele revelou ao jornal Al-Ahram quem era Marwan, em 22 de dezembro de 2002, ele começou a temer que o espião seria prejudicado – e foi o que realmente aconteceu. Bregman não diz abertamente que Marwan foi assassinado, ele não tem provas, diz ele a respeito de que de quem poderia ter matado ele.

Contato pessoal
A preocupação pelo bem-estar de Marwan se tornou algo pessoal, porque, depois de ter ignorado a sua correspondência desde 1999, Marwan telefonou para Bergman após a sua entrevista ao Al-Ahram. Os dois homens manteriam pouco contato quando até a chegada do dia da morte de Marwan, dia esse que Marwan e Bregman iriam se encontrar no Kings College, Londres.

“Foi um erro trágico colossal ao expô-lo”, diz Bregman. “Eu era um grande herói quando eu fiz isso, mas um muito pequeno depois que ele morreu. Uma das lições que os jornalistas devem aprender com esse assunto, é que tenham cuidado com a exposição dos espiões da vida, devido ao alto risco para sua segurança”.

No entanto, Bregman se nega a levar o fardo da culpa sozinho. Ele acusa os chefes dos aparatos de segurança de Israel do momento da Guerra de Yom Kippur, caso do diretor do Mossad Zvi Zamir e do diretor da Direção de Inteligência Militar (Aman), Eli Zeira, de brigarem por suas honras ao custo de Marwan.  Zeira confirmou que Marwan era um espião do Mossad e disse que ele era um agente duplo em uma entrevista em 2004 a TV israelense. Ja Zamir duvida até hoje da leadade de Marwan. Uma semana depois que Zeira foi a um programa da tarde de uma TV israelense, Zamir foi ao mesmo programa “acabar” com Zeira por citar o nome de Marwan. A discussão entre ambos foi tão feia, que comprometeu a capacidade Israel de recrutar novos agentes. Zeira processou Zamir por dificação. Zamir ganhou a ação em primeira instância no começo de 2007.

Depois da morte de Marwan, o Shin Bet (Agência de Segurança Interna) começou a investigar Zeira sobre sua entrevista. O procurador geral Yehuda Weinstein decidiu encerrar o caso semana pasada.

O debate entre Zamir e Zeira tirou a questão central dos fatos: que a agência de inteligência israelense foi a principal culpada em fracassar em não se adiantar sobre os planos de Nasser atacar Israel no feriado religioso de Yom Kippur. A Comissão Agranat, encarregada de investigar a guerra, colocou a maior parte da culpa na Direção de Inteligência Militar (Aman) e no seu chefe, Zeira. Ao alertar que Marwan foi desleal com seus manipuladores do Mossad, Zeira queria eximir-se da culpa pelos fracassos, pelo menos parcialmente.

Os defensores da “teoria de agente duplo”, incluindo Bregman, alegam que Marwan enganou Israel mais de uma ocasião, mais notadamente em relação a hora exata da ofensiva egípcia através do Canal de Suez, marcando o início da guerra. Hosni Mubarak, outro serviçal de Israel, e à época comandante da Força Aérea Egípcia, negou que Marwan era um espião israelense.

Um veredito que vazou
Quando Bregman  foi notificou Marwan que Zeira e Zamir estava a ponto de se enfrentar na justiça por sua casa, Marwan não acreditou. Bregman diz que ele apenas respondeu com uma palavra: “Nunca!”. “Ele não poderia acreditar que dois generais que ele conhecia poderiam brigar abertamente assim. Ele estava totalmente surpreso por seu comportamento”, diz Bregman.

A sentença da justiça vazou na internet dois antes da morte de Marwan. Bregman diz que estava assustado ao encontrar documento oficial que implicava como espião vazar na internet. Dez dias antes de sua morte, Marwan ligou em pânico para Bregman. Ele deixou 3 recados em sua secretária eletrônica. Eles marcaram um encontro para discutir a decisão da justiça israelense, mas antes que isso pudesse acontecer, Marwan morreu.

“Marwan se sentiu abandonado pelos israelenses”, diz Bregman. “Marwan, que era um homem muito sábio, me transformou em sua fonte. Era importante para ele saber o que estavam dizendo para ele na imprensa israelense, após sua exposição... Eu também acho que ele permaneceu em contato comigo, a fim de descarregar sua raiva em Israel. Ele não poderia falar sobre esse assunto com ninguém,  nem com a esposa, nem com os filhos. A única pessoa que ele poderia expressar sua fúria sobre a sua exposição, era eu”, diz Bregman.

Bregman não revela como ele descobriu que Marwan era o “Angel”. Ele nega categoricamente que obteve a informação de Zeira. Ele afirma que muitos jornalistas israelenses sabiam que Marwan era um espião israelense, mas se abstiveram de revelar a informação por razão de autocensura.

“Em Israel, os jornalistas são primeiramente patriotas”, diz Bregman.

Cinco anos depois da morte de Marwan, o funcionamento de sua mente segue sendo um mistério, inclusive para aquele homem que o descobriu e que o conhecia. Portanto, Bregman está desenvolvendo um novo projeto. Ele convoca o único controlar de Marwan no Moassad, cujo o nome está protegido por uma censura militar, para dar um passo adiante e revelar sua informação sobre Marwan, e resolver de uma vez por todas o debate em torno da lealdade do espião.

“É muito importante que fale (o controlador de Marwan no Mossad”, diz Bregman. “Creio que fui enganado por Marwan e que levo toda a culpa pelos acontecimentos trágicos”, conclui Bregman.

Um comentário:

  1. Tem um filme na Netflix. Muito bom! Particularmente eu acho que ele fez tudo aquilo somente por dinheiro.

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