sexta-feira, 5 de abril de 2013
Funerais na Cisjordânia tornam-se demonstrações de resistência palestina
O funeral de um prisioneiro palestino morto de câncer em uma prisão israelense gerou manifestações de revolta na quinta-feira (4) na cidade de Hebron, na Cisjordânia. Atiradores mascarados leais ao presidente palestino atiraram para o alto com pedidos de vingança, e confrontos irromperam entre soldados israelenses e jovens que queimavam pneus e jogavam pedras.
Mais ao Norte, na cidade de Tulkarm, o enterro de dois outros palestinos mortos em confrontos com forças israelenses no final da quarta-feira também se tornou um comício de cidadãos enlutados exortando a resistência contra a ocupação israelense.
A inquietação na Cisjordânia, que vem fermentado há vários meses, levantou temores de uma explosão de violência, com alguns palestinos em Hebron convocando um novo levante para libertar prisioneiros palestinos de prisões israelenses. O ambiente carregado não é um bom presságio para a diplomacia, enquanto o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se dirige à região na semana que vem, em parte para tentar encontrar uma forma de retomar as negociações de paz.
A liderança palestina acusou Israel de atrapalhar o esforço norte-americano.
"Esse agravamento prova que o governo israelense só vê a realidade por meio da força bruta, atividades de assentamento e medidas judaizantes", declarou Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente Mahmoud Abbas.
Em Hebron, milhares de pessoas participaram do funeral do prisioneiro Maysara Abu Hamdiya, 64, que morreu de câncer. Segundo a autópsia israelense, a doença começou nas cordas vocais e se espalhou para os pulmões, pescoço, peito, fígado, coluna e costelas. Os palestinos acusaram as autoridades israelenses de atrasarem deliberadamente o diagnóstico e o tratamento. O serviço prisional israelense disse que um comitê iria examinar as circunstâncias da morte.
Um general aposentado dos serviços de segurança da Autoridade Palestina, Hamdiya foi enterrado com honras militares. Ele foi detido por Israel em 2002, no ápice do segundo levante palestino, e estava cumprindo prisão perpétua por tentativa de assassinato por seu envolvimento em um ataque suicida em um café de Jerusalém.
Os milhares de prisioneiros palestinos nas prisões israelenses detêm um lugar sagrado na sociedade palestina como heróis da causa, e a morte de Hamdiya gerou reações de revolta. Abbas e seu primeiro-ministro, Salam Fayyad, também acusaram Israel de adotar uma política de negligência médica. O ministro de assuntos de prisioneiros da Autoridade Palestina, Issa Qaraqe, participou do funeral de Hamdiya junto com muitos dignitários locais.
A cidade natal de Hamdiya, Hebron, no Sul da Cisjordânia, é notoriamente volátil, com poucas centenas de colonos judeus vivendo entre 170.000 palestinos.
Sua morte pareceu unificar os palestinos profundamente divididos, ao menos temporariamente. Bandeiras de todas as facções políticas militantes rivais foram erguidas pela multidão, inclusive do Fatah, partido secularista liderado por Abbas, e seus rivais, Hamas e Jihad Islâmica.
Com a greve geral na cidade, dezenas de guerrilheiros mascarados da Brigada de Mártires Al Aksa, da Fatah, que não estiveram em evidência nos últimos anos, participaram do funeral.
Em um discurso para a multidão, um porta-voz do grupo disse: "Não vamos permitir que os israelenses matem nosso povo, especialmente os prisioneiros".
Ele acrescentou: "Estamos pedindo ao presidente Abbas que nos dê sinal verde para reagirmos ao que aconteceu a Maysara Abu Hamdiya".
Os militares israelenses informaram que grupos de palestinos jogaram pedras na principal estrada para Hebron e em outro local no Norte da Cisjordânia.
A morte de Hamdiya também foi a causa aparente de um ressurgimento da violência pela fronteira entre Israel e Gaza nesta semana. Um pequeno grupo islâmico extremista lançou foguetes contra o Sul de Israel, dizendo agir em apoio aos prisioneiros palestinos, e Israel retaliou tarde na noite de quinta-feira com um ataque aéreo em Gaza, o primeiro desde um cessar-fogo após oito dias de combates na fronteira em novembro. Essa frente parecia ter se aquietado na quinta-feira.
Contudo, o potencial para confrontos na Cisjordânia pôde ser visto na noite de quarta-feira, quando jovens protestando pela morte do prisioneiro enfrentaram soldados em um posto do exército israelense perto da cidade de Tulkarm, na Cisjordânia. Os militares israelenses disseram que os jovens jogaram bombas de fogo nos soldados, que responderam com tiros. Amer Nassar, 17, foi morto no local. O corpo de Naji Balbisi, 18, foi encontrado durante a madrugada.
Thabet Amal, prefeito de Anabta, a aldeia perto de Tulkarm onde os jovens viviam, disse à rádio oficial Voz da Palestina que ambos foram feridos no peito. Os militares israelenses estão investigando o episódio.
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Thabet Amal, prefeito de Anabta, a aldeia perto de Tulkarm onde os jovens viviam, disse à rádio oficial Voz da Palestina que ambos foram feridos no peito. Os militares israelenses estão investigando o episódio.====As investigações vão garantir q esses jovens Palestinos se 'mataram'..por uma nova intifada.Quem viver verá. Trágico.Sds.
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