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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Relação entre Alemanha e França ficou mais difícil com a crise, diz pesquisa

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês, François Hollande

Que país! A Cidade do Amor com sua Torre Eiffel, Saint-Tropez, Bretanha e Normandia, uma terra de vinhos, baguetes, champanhe e camembert. Um país definido pela cultura, moda, luxo e prazeres da vida.

A visão que a Alemanha tem de seus vizinhos, resultado de uma nova pesquisa entre os dois lados da fronteira na ocasião do 50º aniversário da assinatura do Tratado do Eliseu este mês, é uma mistura entre um cardápio e um guia de viagens. A França é vista como a invejável pátria de riquezas culturais, habitada por bon vivants de elite.

E o que vem à cabeça dos franceses quando eles pensam na Alemanha? Cerveja, Berlim, carros, nazistas e guerra. As associações espontâneas que os franceses fazem a respeito de seus vizinhos do leste tendem a não ser tão lisonjeiras. Com a chanceler Angela Merkel liderando a lista com 29%, o resto da lista era mais livro de História do que guia de viagens: reunificação e queda do Muro de Berlim, disciplina, ordem, poder, trabalho e indústria. Pelo menos a salsicha e o chucrute apareceram na lista de 24 características associadas à Alemanha.

A coleção de estereótipos mantidos de cada lado da fronteira franco-alemã é produto de uma pesquisa conduzida a pedido da Embaixada Alemã em Paris pelo instituto público de pesquisa francês IFOP. Ambos os lados mostraram "visões amplamente positivas" do outro. Mas o catálogo de clichês e preconceitos mostrou diferenças significativas.

Seguindo a "lua-de-mel" franco-alemã orquestrada pelo líder francês Charles de Gaulle e pelo chanceler alemão Konrad Adenauer após a Segunda Guerra Mundial e os cinquenta anos seguintes de relações amistosas, um terço dos entrevistados na França respeitam muito os alemães. Mas somente 10% dos alemães dizem o mesmo sobre a França. Por outro lado, 65% dos alemães dizem ter simpatia pelos franceses, ao passo que somente 26% dos franceses disseram o mesmo dos alemães. Pior, um terço dos franceses mostra inveja, desconfiança, raiva ou até medo no que diz respeito à Alemanha. Alemães são vistos como arrogantes.

Valores compartilhados?
Oficialmente, os políticos costumam falar da "relação especial" entre a Alemanha e a França. De fato, esse é o foco das celebrações planejadas para o aniversário da assinatura do Tratado do Eliseu. Mas há muito tempo interesses econômicos passaram a triunfar sobre a proximidade geográfica ou sobre valores compartilhados.

Nesse sentido, a reputação da Alemanha entre os franceses só melhorou nos últimos anos. Por volta de 91% dos franceses dizem que a Alemanha foi capaz de manter sua posição como "grande potência industrial", com 86% dizendo que a Alemanha "empregou muitos esforços para permanecer competitiva diante da globalização" e assim se tornou uma "potência de liderança" na Europa.

Quase dois terços dos entrevistados franceses dizem que a Alemanha se tornou um exemplo para o resto da Europa, apesar de seu desejo proferido por mais cooperação nas políticas trabalhistas e tributárias.

Ainda assim a crise econômica deixou sua marca, e a relação entre Paris e Berlim tem mostrado novas fraturas. Durante a última campanha presidencial francesa no ano passado falou-se muito em "modelo alemão", e o país se cansou disso.

Um número crescente de pessoas na França passou a ver a Alemanha como uma rival, de 7% há dez anos para 18% hoje. Por outro lado, uma porcentagem cada vez maior de alemães tem se preocupado com os desdobramentos econômicos na França.

De fato, os alemães não veem mais seus vizinhos como uma potência política e econômica. Ainda que gostem de viajar para lá atrás de boa comida e diversão, a França não é mais vista como um modelo a ser imitado. Uma maioria de alemães concorda com a afirmação: "A pobreza e a desigualdade aumentaram lá nos últimos anos".

Fim de sua utilidade
A pesquisa deste ano também revelou uma preocupante discrepância entre como os dois países veem sua próxima cooperação como atores principais na  União Europeia. Enquanto a ampla maioria das pessoas de ambos os lados da fronteira veem a aliança como "importante" para a UE, os franceses e os alemães discordam quanto à cooperação ser "satisfatória". Oitenta e cinco por cento dos alemães veem a relação como mais ou menos igual; na França somente 59% concordam.

O diretor do IFOP, Jérôme Fourquet, avisa que a divisão pode continuar a se aprofundar. Ele observa que, enquanto metade dos entrevistados na França acreditam no valor de uma "parceria privilegiada" com a Alemanha, somente um quinto dos alemães concordam. Somente nos últimos 24 meses, a porcentagem de alemães dizendo que a parceria Berlim-Paris chegou ao fim de sua utilidade subiu de 58% para 71%.

Porém, isso pode ser um sinal positivo – um sinal de que a aliança França-Alemanha se tornou somente uma das muitas que mantêm a Europa unida.

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