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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mary Jo White chega para supervisionar Wall Street com desafio de 'não dar mole' aos bancos

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ouve o discurso de Mary Jo White, nomeada presidente da Comissão de Valores dos Estados Unidos (Security Exchange Commission), a agência que regula as operações financeiras americanas, em 24 de janeiro de 2013, durante cerimônia na Casa Branca, em Washington

O timing escolhido foi particularmente saboroso. Enquanto entre as espessas paredes do Fórum Econômico de Davos (Suíça) os figurões das finanças internacionais lamentavam as regulações excessivas infligidas ao seu setor, o presidente americano, Barack Obama pedia oficialmente ao Congresso, na quinta-feira (24), que nomeasse Mary Jo White, advogada especialista em crimes de colarinho branco, à frente da poderosa Comissão de Valores (SEC, na sigla em inglês), a agência que regula as operações financeiras americanas.

Aos 65 anos, essa senhora de cabelos curtos e de ar austero, chefe do departamento litigioso do escritório de advocacia nova-iorquino Debevoise & Plimpton, carrega uma reputação de dura na queda. Primeira mulher a ocupar o posto de procuradora federal (US Attorney) em Manhattan em 1992, assim que ela chegou teve um papel central na instrução dos atentados ao World Trade Center em 1993.

Depois de obter diversas condenações em casos de terrorismo, de crimes de direito comum e de crimes financeiros, ela voltou para o setor privado no início dos anos 2000 para defender bancos, instituições e pessoas envolvidas em casos de desvios financeiros. O JP Morgan Chase, a National Football League e ainda a Siemens são alguns de seus ex-clientes.

É o suficiente para apavorar os vilões da Bolsa, que têm tudo para temer a experiência acumulada por White durante essa década. A menos que sua experiência junto ao "1%" se torne um problema. Os potenciais conflitos de interesses de fato podem ser muitos. E seu passado de ex-advogada poderia obrigá-la a declinar, caso ela precise brigar com algum antigo cliente.

"Essas ressalvas são normais para esse tipo de posto", relativiza Evariste Lefeuvre, economista-chefe para as Américas na Natixis de Nova York, "ela é criticada por ter um potencial de conchavo com o meio, mas eu penso o contrário, que sua passagem pelo setor privado e seu passado de procuradora fazem dela uma excelente candidata".

A nomeação de uma advogada que, embora seja próxima dos meios financeiros, não é um produto de Wall Street, mostra uma mudança de direcionamento para uma instituição que foi criticada por sua permissividade antes da crise de 2008, e depois por sua casualidade com os processos contra os responsáveis pelo crash.

Qual o desafio? Que os processos abertos contra os bancos e as instituições suspeitas de irregularidades culminem em veredictos – de culpa ou não – e, caso seja necessário, em condenações dissuasivas.

Washington quer acabar com o modus operandi habitual da SEC, os acordos, os "settlements", transações negociadas em particular em torno de uma soma de dinheiro avaliada de acordo com os danos causados. "Duvido que ela consiga romper com a tendência à conciliação que prevalece na SEC desde o início da crise", acredita Evariste Lefeuvre, economista-chefe para a América do Norte da Natixis.

As expectativas que pesam sobre Mary Jo White são ainda maiores pelo fato de que a SEC foi incumbida de colocar em funcionamento uma peça-chave do primeiro mandato de Obama, o Dood-Frank Act, amplo conjunto de leis que reformam o setor bancário e os mercados, e cuja aplicação sofreu um atraso considerável.

Mary Jo White tem cinco anos para provar que ela pode mudar as coisas.

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