terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Refugiados estariam fugindo de guerra em Mianmar para a China
Refugiados da etnia kachin, em fuga da guerra civil cada vez mais intensa no norte de Mianmar, entraram no sudoeste da China e estão vivendo em hotéis e em casas de parentes e amigos, segundo reportagens das organizações oficiais de notícias da China.
As reportagens, que apareceram nesta semana, disseram que o número de refugiados na China está crescendo, mas não deram estimativas. Um artigo publicado online pelo "Diário do Povo", o porta-voz do Partido Comunista, disse que alguns hotéis próximos da fronteira entre a província de Yunnan e o Estado de Kachin, em Mianmar, estão totalmente lotados.
As autoridades em um condado, Yingjiang, estavam montando um campo de refugiados com água corrente e eletricidade para o caso de refugiados chegarem sem ter onde viver, segundo a reportagem do "Diário do Povo", que foi escrita por um jornalista que viajou para o local.
Um aumento grande ou repentino no afluxo de refugiados poderia representar um problema para as autoridades na China, que já expressaram frustração com o fato de disparos de artilharia da guerra mianmarense estarem atingindo território chinês.
Desde junho de 2011, quando um cessar-fogo de 17 anos foi rompido, o exército mianmarense tem realizado campanha contra o Exército pela Independência de Kachin, que controla grande parte do território do Estado de Kachin e o protege como uma região autônoma. O combate atrapalhou projetos de hidrelétricas chinesas na região e mineração de jade, uma parte importante do comércio de fronteira em Yunnan.
Milhares de kachins, que são na maioria cristãos, entraram em Yunnan após o rompimento do cessar-fogo em 2011, e muitos se abrigaram em campos de refugiados. Cristãos chineses foram aos campos para fornecer ajuda, assim como kachins que vivem na China, que são chamados de jingpo em mandarim. No final de agosto, as autoridades em Yunnan forçaram a maioria dos refugiados a deixar os campos e voltar para a zona de guerra no Estado de Kachin. O Human Rights Watch e outros grupos de defesa criticaram as expulsões.
Os birmaneses são o maior grupo étnico em Mianmar, que foi por muito tempo governado por uma junta militar. O presidente Thein Sein, um ex-general, tenta conduzir Mianmar para uma democracia, mas conflitos étnicos e sectários, e particularmente a guerra em Kachin, levantam dúvidas sobre seu compromisso em desenvolver um sistema político inclusivo. O exército mianmarense deu início a uma nova ofensiva contra os kachins em meados de dezembro, e os militares parecem estar usando artilharia pesada, helicópteros de ataque e outras aeronaves para sobrepujar as posições dos guerrilheiros em torno de Laiza, o principal centro administrativo dos rebeldes.
Uma pessoa dentro da zona de guerra disse na sexta-feira que viu pelo menos dois jatos sobrevoando às 7h30 da manhã, vindos do lado mianmarense da fronteira para dentro da China, mas o significado disso não ficou claro.
Laiza fica do outro lado de um rio de Yunnan, e muitos refugiados kachins entraram na cidade chinesa próxima de Nabang, segundo um artigo na segunda-feira no "Diário do Exército de Libertação do Povo", o jornal oficial dos militares chineses.
Os líderes militares em Yunnan montaram um centro de comando na área e forças de segurança estão presentes por toda a cidade de Nabang. O artigo online do "Diário do Povo", que foi postado na quarta-feira, disse que policiais e guardas de fronteira podiam ser vistos em toda parte, checando os documentos de identidade dos civis. Muitas empresas fecharam as portas devido a interrupções nos transportes e fogo de artilharia pode ser ouvido à noite, disse o artigo.
"Os governos locais chineses estão prontos para pagar por qualquer dano que a guerra possa causar às propriedades das pessoas", disse a reportagem.
Quatro projéteis atingiram solo chinês desde 30 de dezembro, o mais recente na terça-feira, segundo a "Xinhua", a agência de notícias estatal. Hong Lei, um porta-voz do ministério das Relações Exteriores, disse na quinta-feira que as autoridades chinesas expressaram "preocupações sérias e insatisfação" ao governo de Mianmar e pediram por um cessar-fogo.
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