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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

"Alemanha também deveria enviar tropas ao Mali", diz presidente da Costa do Marfim


Em uma entrevista, Alassane Ouattara, o presidente da Costa do Marfim e da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), pede aos líderes da Alemanha que se envolvam mais no combate contra os islamitas no norte do Mali. Além da ajuda logística, Berlim também deveria enviar tropas, ele argumenta.

Alassane Ouattara
Spiegel Online: A Alemanha prometeu dois aviões de transporte para a missão internacional contra os islamitas no Mali. Isso basta?
Ouattara: Mali está ocupado por terroristas. É uma situação muito perigosa para vários países da região, incluindo a Costa do Marfim. Nós apreciamos a missão francesa. Durante minha visita a Berlim na semana passada, eu expliquei a chanceler, ao presidente e a muitos outros que a Alemanha deve se engajar mais.

Spiegel Online: O que exatamente o senhor quer dizer?
Ouattara: A Alemanha é um dos países mais importantes na luta contra o terrorismo internacional. Ela deve estar presente em Mali com ajuda humanitária e logística, mas também com tropas. A Alemanha tem soldados no Afeganistão, ela também tem capacidade de enviar alguns para Mali.

Spiegel Online: A França é uma antiga potência colonial. Paris não deveria se conter?
Ouattara: Eu acho que é natural a França assumir a liderança. Mali é um país francófono, os franceses conhecem a região. Mas Paris não deve agir sozinha. Os países da Cedeao enviarão mais de 3.000 pessoas, e outros países na região também estão tratando a ameaça muito a sério. O Chade enviará 700 soldados. Nós queremos um contingente imenso, robusto, para resolver rapidamente o problema em Mali.

Spiegel Online: Os islamitas já estão no controle do norte há nove meses. Por que os africanos estão respondendo apenas agora?
Ouattara: Nós precisávamos de tempo. Nós na Cedeao nos reunimos oito vezes. Além disso, nós queríamos uma resolução da ONU para que nossa missão tivesse legitimidade internacional.

Spiegel Online: O conflito no norte só pode ser resolvido por meios militares?
Ouattara: Não, nós também temos que negociar.

Spiegel Online: Com muçulmanos fanáticos?
Ouattara: Não, com os vários grupos étnicos. O conflito teve início como uma rebelião de tuaregues. Ele se sentiam excluídos no Mali, por não permitirem que contribuíssem para a tomada de decisão política e por estarem lucrando muito pouco com o crescimento econômico. É especialmente com os tuaregues que temos que nos reunir.

Spiegel Online: Quanto tempo a missão durará?
Ouattara: O que é certo é que as tropas internacionais não podem combater os islamitas e então simplesmente partir. Os terroristas voltariam imediatamente. Elas precisarão permanecer por mais tempo, mas ainda veremos por quanto tempo.

Spiegel Online: A Europa e os Estados Unidos temem um novo Afeganistão, uma missão militar sem fim, sem passos reconhecidos na direção da democracia.Há uma ameaça de desastre no Mali?
Ouattara: Eu não vejo nenhum paralelo. No Mali, há apenas um pequeno número de terroristas. A maioria deles é estrangeira. O fundamentalismo não conta com apoio do povo. Outra vantagem é que nenhum país vizinho apoia os islamitas em casa.

Spiegel Online: Como o Paquistão e o Taleban?
Ouattara: Pelo contrário, todos os países temem os islamitas. Pense na Nigéria com Boko Haram.

Spiegel Online: Mali não é ameaçado apenas por terroristas estrangeiros, mas também tem problemas internos. Soldados depuseram o governo em um golpe. Isso será ignorado em meio ao combate com o norte?
Ouattara: Um governo de transição está no poder em Bamaco. Ele não é legítimo. Nós buscaremos novas eleições. Mali precisa de um reinício democrático.

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