Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Primavera árabe inflama uma rivalidade histórica entre Arábia Saudita e Irã

Mahmoud Ahmadinejad discursa na Assembléia Geral da ONU

A "primavera árabe", que lançou milhões de jovens à rua para pedir democracia e liberdade e já acabou com três ditadores, também inflamou a rivalidade histórica entre o Irã e a Arábia Saudita, cujos dirigentes temem as consequências que as revoltas poderão ter em sua área de influência e no interior dos dois regimes autoritários. O antagonismo entre o Irã (de população persa) e a Arábia Saudita (árabe) tem raízes na diferença étnica, mas também na religiosa, já que ambos se consideram depositários da verdadeira fé muçulmana desde o momento em que Maomé morreu. O confronto pela herança do  profeta deu origem aos dois grandes ramos do islamismo: sunita e xiita. As diferentes estratégias que cada um defende para suas grandes reservas de hidrocarbonetos - a Arábia Saudita tem as maiores do mundo - só fazem acrescentar lenha à fogueira.

A relação entre os dois países na margem do golfo Pérsico se deteriorou consideravelmente depois da derrubada da dinastia Pahlevi no Irã e a tomada do poder pelo imã Khomeini em 1979. A casa de Saud, que reina em Riyad desde 1932, depois de ter conseguido unificar boa parte da península Arábica, sentia-se ameaçada pelo regime dos aiatolás. O apoio da monarquia saudita ao Iraque durante a sangrenta disputa que o confrontou com o Irã (1980-1988) também não ajudou a melhorar o clima.

Mas foram estes meses os que mais prejudicaram as relações. O regime saudita acusou o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, de apoiar a revolta da minoria xiita que se concentra na província oriental do reino. Enquanto isso, a monarquia conservadora tentou aplacar o mal-estar de sua população com importantes concessões econômicas, um notável impulso na construção de moradias sociais e o compromisso de atender às reivindicações da mulher, como a concessão do voto para as próximas eleições municipais, dentro de cinco anos.

O Irã teve razões para frear qualquer aproximação com seu vizinho, embora não compartilhem fronteira. Os telegramas do WikiLeaks, publicados por cinco jornais internacionais, entre eles "El País", revelaram o pedido de Riyad de que os EUA bombardeassem o Irã para acabar com seu programa atômico e qualquer possibilidade de que a república islâmica possua armas nucleares.

Israel e Arábia Saudita são os mais claros partidários de recorrer a uma operação armada para pôr fim às aspirações nucleares dos aiatolás. Teerã também viu com maus olhos a decisão da Arábia Saudita de enviar tropas a Bahrein em apoio a essa monarquia absolutista de credo sunita, que oprime a maioria xiita dessa minúscula península do golfo Pérsico. O Irã, que reprimiu sem hesitação a chamada  evolução verde contra a fraude eleitoral que permitiu a reeleição de Ahmadinejad em 2009, mostrou-se favorável às reivindicações de democracia e direitos humanos feitas pelos habitantes de Bahrein nas ruas de Manama.

Tanto o Irã como a Arábia Saudita competem por garantir sua influência no Oriente Médio, às vezes de forma muito palpável como no Líbano. Um dos maiores temores de Riyad é que Teerã consiga cobrir sob sua capa o Iraque, país com 60% de população xiita que sempre foi governado por sunitas e que depois da desastrosa invasão dos EUA tenta se tornar dono de seu futuro.

A crise econômica veio somar-se à tremenda tensão que exerce a primavera árabe sobre esses regimes autoritários situados em polos opostos. Com 26 milhões de habitantes, a Arábia Saudita defende uma estratégia energética de longo prazo com uma redução da produção petrolífera para manter os preços. O Irã, pelo contrário, com 70 milhões de habitantes e a economia em baixa, precisa bombear com urgência petróleo, e quanto mais caro melhor, para sustentar o desenvolvimento e conter eventuais revoltas.

A acusação formulada contra o Irã pelos EUA, principal aliado da Arábia Saudita, só faz deteriorar o difícil o jogo de influências e poderes no Oriente Médio e poderá originar uma nova escalada bélica na região.

2 comentários:

  1. Até o final do ano os EUA atacara o Irã com ajuda de Israel, Arabia Saudita e França...

    ResponderExcluir
  2. A querela alí e com Israel.
    E por que Israel não vai no mano-a-mano??

    Não se gabam até hoje da Guerra dos seis dias? Não têm uma das mais modernas forças armadas do mundo??? vai lá.

    ResponderExcluir