Avião não tripulado foi comprado pela PF, sem licitação, por R$654 milhões
Promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff para combater o crime organizado nas fronteiras, o veículo aéreo não tripulado (Vant) decolou semana passada com dez meses de atraso em relação ao compromisso original e em meio a turbulências de ordem legal e resistências dos militares. O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu auditoria para apurar a regularidade da compra dos aviões espiões da Polícia Federal de um fabricante israelense, feita sem licitação, ao custo de R$654 milhões.
O tribunal investiga gastos com o contrato de qualificação de técnicos e pilotos, assinado antes da compra dos aviões. Os valores chegam a R$23 milhões. Só com diárias de 13 policiais enviados a Israel para capacitação foram pagos cerca de R$500 mil. O avião fez seu primeiro voo oficial semana passada, após um mês de testes. Desde então, vem captando imagens na Tríplice Fronteira. Um segundo modelo chega em breve. A PF quer adquirir 14 Vants até 2014 para serem operados de quatro bases.
O Vant é uma aeronave controlada à distância pelo piloto, de uma base em solo. Sua tarefa é captar imagens, que podem ser transmitidas em tempo real. Pode operar a milhares de quilômetros da base. Sem tripulação, é possível mantê-los no ar por dias, conforme o modelo, com risco e custo mais baixos.
As negociações para a compra dos Vants foram conduzidas entre 2008 e 2009 pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e pelo ex-diretor da PF Luiz Fernando Corrêa. Num processo interno, a polícia optou pelo Heron, da Israel Aerospace Industries (IAI), deixando de lado outros concorrentes. Segundo especialistas, há ao menos 70 modelos de Vant fabricados no mercado mundial.
- Se você for a qualquer feira de defesa, Vant é a coqueluche, o iPad do momento - diz o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, Carlos Afonso Pierantoni Gambôa.
Para comprar sem concorrência, a PF argumentou que o Heron e um similar dos Estados Unidos eram os que atendiam às suas exigências. Os americanos não estariam dispostos a vender o equipamento. A empresa israelense teria oferecido a transferência de tecnologia.
Arma típica de guerra, usada em áreas de operação militar, o Vant não é tradicionalmente empregado em missões de segurança pública. A PF foi a primeira polícia do mundo a comprar o Heron - meses depois, a polícia de Londres também o fez. Nos Estados Unidos, há experiências no patrulhamento da fronteira com o México.
O negócio provocou reação nas Forças Armadas, especialmente na Aeronáutica, que queria o projeto sob seu guarda-chuva. Nos bastidores, a Força Aérea Brasileira (FAB) alega já ter base de operações para Vants no Rio Grande do Sul.
O Vant foi citado na campanha presidencial de 2010. O candidato do PSDB, José Serra (SP), acusou o governo de negligenciar a segurança nas fronteiras. Em resposta, Dilma disse que o Brasil iria reforçar o combate ao narcotráfico e ao contrabando com a compra dos aviões. A promessa era de que estariam em atividade em janeiro deste ano.
Em entrevista ao GLOBO, o secretário Luiz Paulo Barreto negou qualquer irregularidade e atribuiu a auditoria a um trabalho de "rotina" do TCU. Segundo ele, a PF criou um grupo de trabalho e levou em conta "17 ou 18" modelos antes de escolher:
- Sei que algumas pessoas estão enciumadas. Ouvi comentários: "Mas como é que nem a Defesa tem isso?" Os Vants vão multiplicar por mil a capacidade operacional nas fronteiras.
A direção da PF negou irregularidades. "Os custos de diárias obedecem a padrões praticados por todos os servidores do Executivo", argumentou, em nota. A PF explicou que houve antecipação de treinamento porque "o modelo de Vant necessário e exclusivo para operações do tipo já havia sido apontado pelo Grupo de Trabalho da PF, nomeado formalmente, para seleção do sistema".
Quanto mais VANTs estiverem patrulhando nossas fronteiras melhor!
ResponderExcluirCompetência da PF que pensou grande e fez!
Ciúmes da FAB...
A FAB neste caso, está como naquele ditado:
Não F...e não sai de cima!
Competência da PF? Cidadão, a PF suga o dinheiro do povo brasileiro e trabalha pouquíssimo e gasta muito.
ResponderExcluirCom certeza há muito dinheiro desviado nessa compra ai. Por trás da boa vontade da PF, há muito interesse obscuro por trás.
ResponderExcluirTem que investigar esse tanto de dinheiro gasto nesse aparato.
654 milhões é suficiente para um país desenvolver uma avião não tripulado sozinho ou até menos. Mas o brasil gastou isso somente para comprar 14 aviões não tripilado... isso cheira muito mal, em um país sem recurso para saúde e educação.
E jamais devemos esquecer outras compras sem licitação da PF, tal como a compra de pistolas Glock, fuzis HK G36 e rifles de precisão Blaser LRS 2.
ResponderExcluir