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segunda-feira, 5 de março de 2012

EUA recuam de pressão nuclear sobre Brasil


Washington desiste de cobrar explicitamente adoção de regime mais rigoroso de inspeção do programa pelo país


Mudança dos EUA já é notada pelo Itamaraty; visita de negociador americano em 2011 causou boa impressão

Angra I
Depois de anos com uma atitude considerada agressiva e imperial pelo Brasil, os EUA desistiram de cobrar explicitamente a aceitação a um regime mais rigoroso de inspeção do programa nuclear.

"Respeitamos a decisão do Brasil de aderir aos Protocolos Adicionais na hora que considerar mais adequada", afirmou à Folha Rose Gottemoeller, subsecretária interina para Controle de Armas e Segurança Internacional do Departamento de Estado.

Ela chega hoje a Brasília para uma rodada de conversas, acompanhada de Thomas Countryman, secretário-assistente para Segurança Internacional e Não Proliferação. O encontro é preparatório para a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington no mês que vem.

A frase de Gottemoeller pode soar óbvia, mas traz mudança. Em visitas anteriores, funcionários dos EUA cobravam abertamente uma adesão brasileira aos protocolos.

Criados em 1997, eles são salvaguardas adicionais ao TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear, de 1970) que permitem enorme liberdade à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para fiscalizar as atividades atômicas de um país.

Na visão brasileira, são inaceitáveis, ainda que isso renda sempre um grau de desconfiança, mesmo que a Constituição vete a bomba.

Para o Brasil, segredos industriais como o funcionamento das centrífugas nacionais de enriquecimento de urânio em combustível nuclear seriam abertos.

O Brasil está numa posição rara de possuir uma grande reserva de urânio (a sexta do mundo) e a tecnologia para processar o minério em combustível. É um mercado bilionário, e a produção não está estabelecida no país.

Segundo a Folha apurou, a mudança já era sentida no Itamaraty. No fim de 2011, o negociador americano que obteve o recente acordo com a Coreia do Norte, Glyn Davies, esteve em Brasília para visita extraoficial que causou boa impressão.

Isso pode ser visto como uma decorrência da última revisão do TNP, de 2010, quando a adesão aos protocolos não ganhou o caráter de obrigatoriedade pretendido pelas potências nucleares.

Assim, ganhou força a posição brasileira de manter a independência de seus programa e, ainda assim, ser cortejado como "um exemplo de credibilidade", como classificou Gottemoeller.

Ela, que negociou a retomada do desarmamento com a Rússia, trará na bagagem o que considera "resultados muito práticos" do processo.

É uma resposta à cobrança brasileira de que é hipocrisia exigir que os "sem-bomba" sejam vigiados enquanto os "com-bomba" mantêm seus arsenais enormes. E uma forma bem mais elegante de fazer lobby pela adesão aos protocolos.

Como as divergências são conhecidas, não é esperada uma grande novidade sobre o programa nuclear do Irã. O Brasil é contra uma ação militar para brecar as ambições de Teerã, e os EUA não a descartam por princípio.

3 comentários:

  1. Olha, sinceramente acho que todos os países que podem processar seu urânio já tem ou estão muito perto de possuir a bomba. O Brasil não é exceção. Aliás, acho que deve ter mesmo, por princípio de auto-defesa, para que outros países no futuro não queiram aqui aportar e não mais sair.

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  2. Concordo com vc Juliano. Michel Medeiros vc acha que um País que domina essa tecnologia a 20% poderia produzir uma bomba sem que a agencia int. de energia atômica persebessem?

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