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segunda-feira, 12 de março de 2012

Tráfico de armas que atende aos insurgentes sírios se expande no norte do Líbano


Exército Sírio Livre (ESL) defende suas posições em Homs 

Quando lhe perguntam sobre a origem das armas que estão nas mãos dos rebeldes sírios, Abou Hussein, membro do Exército Sírio Livre (ESL), presente no Líbano, é categórico. “A maior parte vem de ataques contra as tropas regulares na Síria”, ele garante.

Agora que os levantes têm se militarizado cada vez mais, e que as monarquias do Golfo como o Qatar e a Arábia Saudita consideram armar a oposição síria, esta desmente a existência de qualquer tráfico organizado.

Essa versão “oficial” é atenuada pela constatação dos comerciantes de armas libanesas desde a primavera de 2011, pouco após o início dos levantes na Síria: o preço das munições, das kalashnikovs, dos M16 e das granadas não para de aumentar. “Há um pequeno fluxo de armas leves do Líbano indo para a Síria”, confirma um observador.

Esse fornecimento chega a Homs, situada a algumas dezenas de quilômetros do Líbano, mas também a Idlib, no noroeste da Síria, ao longo de um corredor estratégico que passa por Hama, contra o qual o exército sírio tem aumentado o número de ofensivas.

O encaminhamento de armas do Líbano para a Síria é facilitado por dois fatores: primeiro, a ausência de demarcações fronteiriças entre os dois países, com exceção dos postos oficiais. “Estão vendo essas montanhas fronteiriças?

Estão vendo as dezenas de estradinhas?”, indica uma fonte das forças de segurança, apontando para um mapa da região de Qaa, em Bekaa, fronteira oriental com a Síria. “Para monitorar toda a área, o exército libanês precisaria de pelo menos 2 mil homens a mais”.

Segundo, a existência de antigas redes de coiotes, principalmente para o contrabando, mas que também puderam ser usados nos anos 2000 para levar combatentes à Síria, quando Damasco facilitava o trânsito para a jihad no Iraque.

Uma das principais regiões desse tráfico é Wadi Khaled, no norte do Líbano. Uma região fronteiriça pobre, de maioria sunita, a favor da insurreição. As aldeias se estendem até ali, a paisagem convém à “discrição”, segundo as palavras de um wassit (“intermediário”) no comércio de armas, que afirma que “muito dinheiro tem circulado para a compra de armas”.

O exército libanês reforçou sua presença em Wadi Khaled no mês de fevereiro. Seus serviços também relatam regularmente interpelações nas zonas fronteiriças: no início de fevereiro, duas pessoas, acusadas de tráfico de armas através da região de Ersal, em Bekaa, e com destino à Síria, foram detidas.

Uma escadaria coberta de lixo leva à casa de “Fouad” (pseudônimo), um comerciante de armas, em um bairro popular da periferia de Trípoli, no norte do Líbano, decididamente anti-Assad. Atrás de uma cortina, ele esconde uma kalashnikov e um M16, “para uso pessoal, como em todas as casas libanesas”, afirma. “Alguns libaneses do norte, no começo das revoltas, deram suas armas aos sírios. Deram, não venderam. Já eu não consigo.

Em Trípoli, a presença do bastião alauíta (pró-Assad) de Djabal Mohsen traz uma ameaça contínua de confrontos”, explica Fouad. Segundo ele, as armas que circulam no mercado libanês vêm principalmente do Iraque ou do Irã.

Esse traficante foi procurado por intermediários para atender às demandas de clientes sírios: “Mas não tenho o que eles querem. O que eles querem, há vários meses, são armas de grosso calibre.” Este observador partilha da mesma opinião: “Os armamentos que transitam hoje no Líbano não mudarão a configuração da situação no local.

Os rebeldes têm munição o suficiente e armas leves. Eles estão atrás de armas pesadas ou de precisão. Estas últimas eles não conseguem encontrar no Líbano. Adquirir armas antitanque ou concebidas para snipers lhes permitiria consagrar como santuários” os locais onde o ESL se encontra presente.

Para Ali e Abbas, dois jovens vendedores de armas no subúrbio sul de Beirute (reduto do Hezbollah xiita, aliado de Damasco), “a venda se efetua em toda parte, em todas as zonas onde potencialmente existem armas, subúrbio sul e Bekaa - outro bastião do Hezbollah - inclusive.” “O que conta é o dinheiro. A identidade de nossos clientes não nos interessa”.

No entanto, segundo “Fouad”, o Líbano é somente um “pequeno reservatório” para os insurgentes, apesar das especulações políticas sobre esse assunto. “As armas vêm do Iraque para a Síria em quantidade bem maior”, ele acredita. “No Iraque, além de tudo há a Al-Qaeda.” O chefe da organização terrorista, Ayman al-Zawahiri, levou seu apoio aos protestos na Síria, em um vídeo divulgado no dia 11 de fevereiro.

Não seriam somente armas leves que estariam entrando a partir do Líbano. Em Ersal, uma cidadezinha sunita do Bekaa cercada de aldeias xiitas, há crescentes rumores sobre enterros noturnos de combatentes do Hezbollah mortos na Síria depois de servirem junto às forças pró-Assad.

Do lado da rebelião, uma fonte relatava chegadas, ainda limitadas, de salafistas estrangeiros, que combateram no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão, ao norte do Líbano. Estes por enquanto ainda não teriam entrado na Síria.

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