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quarta-feira, 21 de março de 2012

Confrontos entre rebeldes e exército de Assad se intensificam nas ruas de Damasco


Novos e incomuns combates entre militares e desertores sírios eclodiram durante a madrugada de segunda-feira (19) em um bairro residencial de classe média de Damasco, onde também se situam embaixadas e edifícios oficiais. Rajadas de metralhadora e lança-granadas mataram entre quatro e dez pessoas, segundo as diversas fontes, em uma jornada excepcionalmente violenta na capital síria.

Os confrontos em Damasco foram esporádicos durante o ano que dura a revolta que nasceu ao calor da chamada primavera árabe e que aspira a acabar com o regime do presidente Bashar al-Assad, cuja família se eterniza no poder há quatro décadas. A violenta repressão governamental, que já custou mais de 8.000 vítimas fatais, segundo a ONU, se concentrou até agora em outras cidades do país como Deraa, Homs e, mais recentemente, Idlib, entre muitas outras.

O Observatório Civil para os Direitos Humanos, de oposição, com sede em Londres, considera os choques da madrugada de segunda-feira os mais violentos e sangrentos já registrados na capital até agora. Os analistas concordam que, em Damasco e Alepo, as duas maiores cidades do país, o regime ainda goza de um importante apoio. As duas cidades sofreram vários atentados com carros-bomba durante o último fim de semana, nos quais morreram cerca de 30 pessoas.

A agência oficial de notícias Sana indicou em seu site na web que os choques em Damasco ocorreram quando o exército atacou um esconderijo dos rebeldes em um edifício no bairro de Mezze. A Sana afirma que na operação morreram "dois terroristas e um mártir", referindo-se às forças rebeldes, primeiro, e ao soldado, depois.

O exército, que há meses tenta evitar a queda do regime de Assad a golpe de metralhadora, realizou uma nova incursão também na segunda-feira (19) em Deir al Zor, uma localidade de maioria sunita no leste do país.

Centenas de civis tentam fugir diariamente da violência e alcançar a Turquia, o Líbano ou a Jordânia, países vizinhos nos quais já se agrupam milhares de refugiados. Cerca de 230 mil sírios foram obrigados a abandonar suas casas desde o início da revolta. Na Turquia, onde o número de refugiados já alcança os 16 mil, o governo estuda a proposta de criar uma zona de segurança na fronteira. Essa iniciativa deveria contar com o consentimento sírio --do qual carece-- ou de presença militar turca ou de outros países para impô-la, o que por enquanto não está sobre o tabuleiro de negociação.

As condenações e sanções da comunidade internacional foram incapazes até agora de frear o banho de sangue na Síria. Na segunda-feira chegaram a Damasco novos enviados da ONU e da Liga Árabe para discutir novas propostas, como a presença de algum tipo de observador internacional no país e de um possível cessar-fogo.

Em Nova York, a França pôs sobre a mesa uma nova iniciativa diplomática. Trata-se desta vez de uma declaração com a qual Paris espera conseguir o apoio do Conselho de Segurança da ONU e com a qual tenta apoiar a missão de Kofi Annan, o enviado da ONU à Síria. A ideia dessa declaração não vinculante é enviar uma mensagem de união da comunidade internacional frente ao regime de Assad, depois que o veto russo e chinês impediu a adoção de duas resoluções vinculantes de condenação à Síria no Conselho de Segurança.

Entretanto, o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, viajou na segunda-feira a Moscou para tentar convencer os russos da necessidade de estabelecer um cessar-fogo durante pelo menos algumas horas por dia e permitir o acesso de ajuda humanitária às áreas mais afetadas. A situação na Síria só faz piorar, segundo a avaliação que Kellenberger transmitiu às autoridades russas. A Rússia, país que fornece, segundo um novo informe, cerca de 78% das armas que a Síria importa, resiste como a China a fazer frente comum com o resto da comunidade internacional para pedir o fim da repressão governamental do regime sírio. Depois do encontro do ministro das Relações Exteriores russo com o presidente do CICV, Moscou emitiu um comunicado em que pediu ao governo sírio e a todos os grupos armados um compromisso de cessação das hostilidades.

Síria multiplica por seis sua compra de armas
O regime sírio aumentou em 580% suas importações de armamentos no período 2007-2011, com relação ao quinquênio anterior, informa Andrea Rizzi, de Madri. A Rússia foi o principal fornecedor de Damasco, com entregas equivalentes a 72% do total, segundo dados incluídos em um relatório sobre as exportações globais de armas publicado na segunda-feira pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz (Sipri), de Estocolmo. O valor absoluto das importações sírias no último quinquênio é estimado pelo Sipri em 790 milhões de euros, com um sistema de cálculo que não se refere ao preço real de compra e venda, mas fundamentado nos custos de produção do material bélico. Esse sistema foi desenvolvido para facilitar o estudo comparativo dos fluxos de armas, mas não representa as cifras exatas dos contratos.

O principal capítulo de importações sírias entre 2002 e 2011 foi a compra de mísseis (no valor de 349 milhões de euros, segundo o cálculo do Sipri); sistemas de defesa antiaéreos (348 milhões); aviões militares (120); barcos (41); e sensores (34). A base de dados do Sipri não registra desde 1993 importações de material de artilharia, o mais utilizado na repressão destes meses. Esse tipo de armamento costuma ter um longo período de vida útil.

O notável incremento das importações de Damasco começou em 2008, depois de um período de compras reduzidas a partir de 1993. Esse período de poucas aquisições inicia pouco depois da queda da União Soviética e coincide com uma fase de fraco crescimento da economia síria, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

Em uma troca de e-mails de Nova York e Estocolmo, Paul Holtom e Mark Bromley, pesquisadores do Sipri, salientam que o recente aumento das compras sírias coincide, por sua vez, "com um esquema de reestruturação da dívida síria para Moscou vinculada a programas de compra e venda de armas. É um esquema parecido com os aplicados com a Líbia e a Argélia". Irã, Coreia do Norte e Belarus são os outros fornecedores da Síria.

Em todo caso, o aumento das importações não representa um crescimento do gasto militar sírio, que, pelo contrário, baixou de 5,4% do PIB em 2002 para 4% em 1999. Também em termos comparativos deve-se observar que, apesar do aumento, o total das importações sírias não foi muito superior às da Jordânia, país que tem 6 milhões de habitantes, contra os 20 milhões da Síria.

O quadro geral dos dados publicados pelo Sipri indica que, no quinquênio 2007-2011, as exportações globais cresceram 24% em comparação com 2002-2006. A demanda dos países do Sudeste Asiático impulsiona o mercado. Os cinco principais importadores do mundo são Índia, Coreia do Sul, Paquistão, China e Cingapura. Os cinco principais exportadores são EUA, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido. A América do Sul elevou em 77% suas importações no último quinquênio. Venezuela, Chile e Brasil foram os maiores compradores no estrangeiro.

A Espanha vendeu em 2011 material militar no valor de 707 milhões de euros. Seus principais clientes foram Noruega, Venezuela, México e Chile. Praticamente a totalidade do faturamento espanhol derivou da venda de barcos e aviões.

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