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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Laços com a China dominam debate nas eleições presidenciais em Taiwan

Mapa chinês mostra Taiwan como
território da China
À medida que se aproxima do fim de seu primeiro mandato, o presidente Ma Ying-jeou enfrenta uma série de desafios que podem parecer familiares para os políticos ocidentais: salários estagnados, uma crescente diferença de renda e os altos preços das propriedades que deixaram jovens urbanos fora do mercado imobiliário.

Seu principal oponente nas eleições deste mês prometeu criar empregos bem pagos, 800 mil unidades de casas populares e subsídios mais generosos para aposentados e agricultores.

Mas quando os eleitores forem para as urnas em 14 de janeiro – apenas a quinta vez que fazem isso desde que Taiwan derrubou o governo de partido único em 1996 – também serão guiados por suas visões sobre um assunto extremamente importante e divisório: se essa vibrante ilha democrática de 23 milhões de habitantes deveria acelerar, desacelerar ou impedir seu cauteloso acolhimento da China.

A calamitosa guerra civil do continente que derrotou os nacionalistas, ou Kuomintang, aqui em 1949, deixou a China e Taiwan num estado de guerra formal. O único objetivo da China é a reunificação, mesmo que isso exija força militar, e cada lado se manteve cauteloso em relação ao outro durante décadas de tumulto interno. A questão sobre suas relações problemáticas – culturalmente próximas, politicamente suspeitas – ficou ainda mais urgente à medida que a riqueza e a influência regional da China se expandem, e cada vez mais óbvias à medida que o turismo continental aumenta na ilha.

Ma, 61, um nacionalista, supervisionou uma série de acordos que revolucionaram a forma como os chineses e taiwaneses comuns interagem. Agora há voos diretos, serviços postais e novas rotas de navegação entre Taiwan e o continente, e um acordo de comércio livre cortou as tarifas em centenas de produtos.

Os acordos abriram as portas para a enchente de turistas chineses – 213 mil chegaram em novembro, 30% a mais do que em novembro de 2010, que ergueram a economia local com mais de US$ 3 bilhões em gastos no ano passado. Outras novidades incluem um par de pandas gigantes da China, que foram uma recompensa antecipada para os gestos amigáveis de Ma em relação a Beijing, e quase mil estudantes do continente que agora estudam em universidades de Taiwan.

A explosão de contato reanimou velhas sensibilidades e deu origem a novas.

Nathan Batto, um cientista político da Academia Sinica, um instituto de pesquisa em Taipei, disse que o tema subjacente para muitos eleitores é se Taiwan pode continuar autônoma.

“A única questão que pauta todas as eleições aqui é quem somos e o que queremos ser”, disse ele. “Se Taiwan quer se aproximar da China ou manter sua distância?”

Os Estados Unidos não se posicionaram publicamente nesta disputa, mas, particularmente, alguns funcionários expressaram uma inquietação com a candidatura da principal oponente de Ma. Ela é Tasai Ing-wen, 55, uma acadêmica e ex-ministra de governo cujo Partido Democrático Progressivo tradicionalmente defendia a independência forma. No passado, pressões pela independência irritaram a china e preocuparam Washington, aliada de Taiwan e principal fornecedora de artefatos militares.

Pequim não relutou em transmitir sua preferência. Numa coletiva de imprensa recente, um assessor do Escritório de Assuntos Taiwaneses disse que uma vitória de Tsai poderia “inevitavelmente ameaçar o desenvolvimento pacífico dos laços”.

Em Taiwan, a confusão de facções inclui moradores indígenas e descendentes de chineses do continente que estão na ilha há décadas, ou mesmo séculos, antes que os nacionalistas chegassem. Taiwaneses com mente empresarial sabem onde o dinheiro está: o milhão ou mais de taiwaneses que trabalham e investem na China parecem apoiar os nacionalistas e Ma.

“Nós certamente não queremos prejudicar o status quo”, disse Liu Chia-hao, porta-voz de Taipei 101, uma torre de vidro verde icônica que domina o horizonte de Taipei. Liu diz que os visitantes do continente que enchem o mirante do prédio e as lojas de luxo ajudaram o projeto de US$ 1,8 bilhão a se pagar três anos antes do previsto.

“Queremos que este clima continue”, disse ele.

Mesmo uma das bases mais tradicionais de apoio do partido de Tsai, como a população de maioria taiwanesa étnica de Pingtung, no sul do país, onde ela nasceu, está pendendo na direção dos nacionalistas. Desde 2008, funcionários do continente, encorajados pelas novas políticas comerciais de Ma, vêm oferecendo somas suntuosas pelas últimas plantações de mangas, bananas e orquídeas dos agricultores de Pingtung.

“O presidente Ma prometeu que abriria os mercados agrícolas para a China, e no seu primeiro mês ele fez isso”, disse Cheng Cheng-ying, gerente da Associação de Exportadores de Flores de Taiwan.

Fazendo menção à bandeira azul dos nacionalistas e à verde do partido de Tsai, ele disse: “se você perguntar aos meus vizinhos, eles dirão que são verdes, mas no fundo todos se tornaram um pouco azuis”.

Mas as relações aquecidas também incitaram temores profundamente enraizados, alimentados por Tsai e seu partido, de que a ilha esteja se tornando muito acolhedora em relação ao monstruoso vizinho autoritário.

“Vamos encarar, a China não quer nada além de nos devorar, e o KMT está nos vendendo”, disse Zhou Zhu-zhen, enfermeiro aposentado, no mês passado durante um protesto.

A disputa tem sido dominada por preocupações menores e acusações mútuas. Na semana passada, Tasi e seus aliados acusaram o presidente de usar autoridades de inteligência para monitorar sua campanha ilegalmente. O campo de Ma vem questionando o papel de Tasi numa companhia de biotecnologia financiada pelo estado que lhe rendeu lucros significativos. Ambos negaram qualquer irregularidade.

No papel e em pessoa, os dois têm similitudes impressionantes. Educados no exterior – Ma em Harvard e na Universidade de Nova York, e Tsai na Cornell e na London School of Economics – eles passaram o início de suas carreiras na academia. Ambos fazem campanha de forma hesitante, mais detalhistas do que televisivos. Cada um promete gastos sociais generosos e uma cidade inteira de moradias de baixo custo.

Pesquisas sugerem que eles estão empatados estatisticamente, com um terceiro candidato, James Soong do Partido Primeiro o Povo, com cerca de um décimo dos votos. Tsai espera vencer com os apoiadores tradicionais de seu partido: fora os taiwaneses nativos da ilha e os agricultores do sul, eles incluem trabalhadores que sonham em voltar aos anos 90, quando Taiwan era um centro manufatureiro de alta tecnologia.

Os dois primeiros concorrentes tratam cautelosamente do assunto da China. Ele emerge principalmente na forma de debate do chamado Consenso de 1992, um pacto nebuloso entre Pequim e os líderes do Partido Nacionalista que permite a ambos reconhecerem o princípio de uma China única, evitando detalhes desconfortáveis. Tsai, ex-ministra do Conselho de Assuntos Continentais, que ajuda a estabelecer uma política através do estreito, diz que o acordo é uma ficção. Ela quer que os eleitores determinem como Taiwan se define nas negociações futuras com a China.

Embora ela tenha reduzido a estridência do partido em relação à independência, Tsai alerta que as políticas nacionalistas estão erodindo a soberania de Taiwan. Numa entrevista, ela ofereceu um exemplo simples de um compromisso de mau gosto: “quando os visitantes chineses chegam, temos que esconder nossas bandeiras”, disse ela.

Ma rejeita essas reclamações, dizendo que a trégua fortaleceu a posição global da ilha.

Pequim suspendeu os esforços para convencer os poucos países remanescentes que reconhecem Taiwan diplomaticamente, e retirou sua antiga oposição à participação da ilha em alguns órgãos internacionais. Os últimos três anos de calmaria no estreito, diz Ma, foram bons para a ilha e para a região.

“Taiwan não é mais vista como causadora de problemas”, disse Ma numa entrevista, “mas como uma força para a paz”.

2 comentários:

  1. Obrigado pelo artigo Taiwan é algo esquecido pela impressa nacional.

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  2. Hey quando vai voltar a falar sobre Taiwan?

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