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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A rede Al-Rai, porta-voz de Muammar Gaddafi, transmite a partir de Damasco

Em breve, o último bastião de Muammar Gaddafi se reduzirá a uma mansão rococó no subúrbio chique de Damasco. É de lá, no bairro de Yaafur, que opera a cadeia de televisão por satélite Al-Rai, que retransmite todas as mensagens do dirigente líbio em fuga desde a tomada de Trípoli, no dia 23 de agosto.

A mais recente, que é a sétima até agora, veio na forma de uma gravação com o áudio difícil de se ouvir, transmitida na quinta-feira (6): “Não tenham medo de ninguém, vocês são o povo, vocês pertencem a esta terra”, disse ele dirigindo-se a seus partidários na Líbia. “Manifestem-se contra os colaboradores da Otan.” Foi também na Al-Rai que Aisha Gaddafi, a filha do coronel, fez um apelo, em Argel, pelo levante contra o Conselho Nacional de Transição Líbio (CNT), para desgosto das autoridades argelinas que lhe haviam recomendado discrição.

A Al-Rai (“a opinião”, em árabe) pertence ao ex-deputado iraquiano Mishan Al-Juburi, 54, opositor ferrenho à ocupação americana do Iraque. Ex-partidário do Baath [partido socialista árabe], e depois opositor exilado de Saddam Hussein, ele voltou ao Iraque em 2003, nos furgões do exército americano. No início de 2005, ele foi um dos poucos sunitas eleitos ao primeiro Parlamento iraquiano da era pós-Saddam, uma vez que a grande maioria dessa comunidade boicotou as eleições.

Pouco tempo depois, ele fugiu do Iraque, acusado de incitar à insurreição contra as forças americanas. Juburi reapareceu na Síria, onde ele lançou a Al-Zawra, que pretendia ser o canal da resistência iraquiana. Na época, Damasco era a principal porta de entrada dos jihadistas vindos de todo o mundo árabe para combater o exército americano no Iraque. No final de 2006,  a Al-Zawra foi expulsa da egípcia Nilesat por “apologia ao terrorismo”. Ela ressurgiu sob o nome Al-Rai.

“É uma televisão aleatória”, explica Mohammed El-Oifi, professor no instituto Sciences Po e especialista em mídia árabe. “Às vezes, ela para de transmitir por dois ou três dias, sem explicação.” A maior parte de seus programas é constituída de chamadas de ouvintes, intercaladas por imagens violentas. Toda a família Juburi contribui e Mishan, o pai, que tem onze filhos, coordena regularmente a transmissão de suas diatribes anti-americanas. Para Oifi, “a Al-Rai tem apostado na hostilidade, no mundo árabe, à intervenção da Otan na Líbia. Ela ocupa um nicho deixado vago pela Al-Jazeera e pela Al-Arabiya, as duas principais redes por satélite árabes.”

O orçamento anual da Al-Rai, sociedade privada que responde à legislação síria transmitida pela Eutelsat, é de US$ 1,5 milhão. Não existe uma ligação oficial entre a Al-Rai e Damasco, mas a cadeia só pode ter o consentimento do governo, dado o fechamento do campo midiático na Síria. Diante de sua própria revolução, o regime sírio teme terminar como Muammar Gaddafi, derrubado com a ajuda da Otan. Mishan Al-Juburi se abstém de falar sobre a situação interna na Síria, “assim como a Al-Jazeera no Qatar”, garante seu proprietário.

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