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sexta-feira, 7 de junho de 2013

A relação de amor e ódio do premiê turco com a internet

Recep Tayyip Erdoğan
Os protestos na Turquia continuam a todo vapor --nas ruas e na internet. Na quarta-feira passada, a polícia prendeu ativistas por eles terem supostamente postado tuites "difamatórios". Esse é um sinal da aproximação contraditória que existe entre o governo turco e a internet, meio que a presidência finge abraçar.

Há uma coisa com a qual você sempre pode contar em Istambul: a visão de negócio de seus vendedores ambulantes. Depois que uma manifestação reunindo um punhado de ativistas ambientais havia aumentado e se transformado no maior protesto em massa já visto nos últimos anos na Turquia, os comerciantes que ficam em torno da praça Taksim e da rua comercial Istiklal começaram a vender máscaras e óculos de natação para proteger os manifestantes contra o gás lacrimogêneo.

Até mesmo os turistas compraram esses "kits" para o caso de serem pegos de surpresa pelos distúrbios. Afinal de contas, esse tipo de tumulto pode irromper a qualquer momento. É difícil avaliar a temperatura dos confrontos entre os manifestantes e a polícia.

Em Istambul, as forças de segurança estão mais contidas após a brutalidade demonstrada nos primeiros dias de manifestações, que gerou protestos da comunidade internacional. Agora, os confrontos acontecem à noite, no distrito de Besiktas, em Istambul, onde o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan mantém seu gabinete.

Mas há relatos de violência recorrente em cidades como Ancara e Antakya. Segundo informações, a polícia se mostrou especialmente agressiva na terça-feira à noite, usando gás lacrimogêneo e balas de borracha. Ninguém sabe quantas pessoas ficaram feridas durante os protestos. Ativistas de direitos humanos e médicos afirmam que o total de feridos chega a 3 mil pessoas, enquanto o governo só confirma um décimo desse total.

"Eles tentam provocar confrontos"
Os sindicatos convocaram uma greve, e os preços das ações turcas caíram, assim como a moeda local, a lira. Na terça-feira passada, o vice de Erdogan, Bulent Arinc, pediu desculpas pela reação violenta da polícia durante os primeiros protestos realizados na semana passada contra a demolição do Parque Gezi, em Istambul, uma área cheia de plátanos localizada dentro da Praça Taksim.

Mas, na terça-feira à noite, dezenas de milhares de pessoas se reuniram mais uma vez na Praça Taksim, em Istambul. Era possível sentir uma atmosfera de festival no ar – misturada ao medo de que a polícia pudesse atacar a qualquer momento.

"Eles tentam provocar confrontos", disse Mehmet, 30, que leciona Inglês. Durante vários dias, ele e alguns amigos têm ido à Praça Taksim depois do trabalho. Eles ficam até tarde da noite no Parque Gezi, sentados em tapetes, comendo batatas fritas e segurando garrafas de água. Os vendedores ambulantes vendem melancia, almôndegas e bebidas. O aroma de churrasco flutua pelo ar, as pessoas cantam e conversam, e ouvem-se risos e aplausos. Para muitos, essa é a primeira vez que participam de uma manifestação.

"Se eu cair, alguém vai me ajudará a levantar", diz Sema Ö., 29, que se mostra eufórica, como muitos aqui. "Nós sabemos que não estamos sozinhos e que uns se importam com os outros aqui". Ela também tem ido para a praça há vários dias, e seus olhos e pulmões queimaram devido ao gás lacrimogêneo.

Os manifestantes pertencem a uma geração que cresceu nas grandes cidades da Turquia e está cansada do sistema político autoritário e turbulento do país.

Internet tem papel fundamental
Eles ficaram sabendo dos confrontos que aconteceram em outras cidades por meio do Facebook e do Twitter e em sites de notícias estrangeiros – mas não da televisão turca nem dos jornais, dos quais eles desconfiam. Durante o início dos distúrbios em Istambul, a CNN Türk transmitia um programa de culinária em vez de mostrar o que realmente estava acontecendo nas ruas.

Na Praça Taksim, muitos manifestantes sacam seus smartphones e iPads assim que sentem que os problemas vão começar – um cheiro de gás lacrimogêneo, fogueiras sendo acesas ou um aumento súbito do barulho. Eles registram tudo o que veem e enviam imediatamente para a internet. A Revista "Foreign Policy" publicou em seu blog alguns vídeos dos protestos, filmados com aplicativo Vine, do Twitter.

De acordo com a agência de notícias estatal Anadolu, duas dezenas de pessoas foram presas na quarta-feira passada por disseminarem "informações falsas e difamatórias" na internet. Pouco antes disso, Erdogan havia criticado o Twitter.

O governo turco mantem uma relação paradoxal com a internet. Líderes políticos como o Presidente Abdullah Gül, que possui uma conta no Twitter, abraçaram a rede mundial de computadores em uma tentativa de se mostrarem modernos e abertos. As autoridades instalaram PCs nas escolas e elogiam as oportunidades que a internet oferece para a economia e a sociedade turcas – mas seu apoio cessa quando se trata da liberdade de opinião.

Uma lei de 2007 permite que o governo bloqueie sites inteiros que publiquem qualquer conteúdo ofensivo. E isso não se aplica apenas a conteúdos como pornografia infantil ou incentivo ao suicídio, mas também à violação de uma lei antiga, que remonta a 1951, batizada de lei Atatürk, que ameaça de prisão quem denigrir a memória do fundador da república, Kemal Atatürk.

Com base nessa lei, o acesso ao YouTube foi proibido. Faz dois anos que os internautas turcos não conseguem abrir o site normalmente – mas eles contornaram a proibição. Em universidades, internet cafés, salas de estudos, escritórios e redações, eles simplesmente acessam o YouTube por meio de servidores proxy, que lhes permitem esconder suas identidades.

Portanto, é justo que os vendedores ambulantes não ofereçam apenas óculos de proteção contra o gás lacrimogêneo, mas também máscaras de Guy Fawkes – o símbolo do grupo Anonymous, de guerrilha online.

2 comentários:

  1. Afinal se na Turquia a maioria da população (90%) é favor das leis do Islã e os 10% são contra, laicos. Então quem está com a razão? Esse sr.Recep Tayyip Erdoğan ñ passa de um fantoche dos EUA/OTAN, ñ coloco issrael neste rol porque segundo seu embaixador em Lisboa, esse cara tem pinta que está querendo ditar regra p/os países árabes e ainda traindo seu antigo aliado o Assad/Síria. Sr. Erdoğan aonde quer chegar? A europa tá olho em vocês desde o massacre dos arménios.

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  2. Aqui foi o FHC, lá esse Erdogan é a representação máxima do neoliberalismo, um capitalismo misturado com imperialismo disfarsado de liberarismo...mais a vida só é boa para quem tem dinheiro o resto sobrevive de escapar de ladrões-vampiros institucionais e não institucionais...é o fim !

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