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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ministro das Finanças da França é possível candidato a liderar o Eurogrupo

Jean-Claude Juncker

Jean-Claude Juncker já teve o suficiente, e anunciou na segunda-feira (3) à noite em Bruxelas que estará renunciando à direção do Eurogrupo no final do ano. Quem irá substituí-lo? Com a aproximação das eleições na Alemanha, todos os sinais indicam o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici.

Quando o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, e seu colega francês, Pierre Moscovici, deram sua primeira entrevista coletiva há duas semanas, perguntaram-lhes quem assumiria a liderança do Eurogrupo quando Jean-Claude Juncker deixar o cargo. No início do verão passado Juncker disse que queria entregar as rédeas, mas havia sido convencido a continuar por falta de consenso sobre um sucessor.

Mas apesar desses indícios de que estava próximo o fim do período de Juncker no topo, tanto Schäuble como Moscovici minimizaram a questão. "O ano que vem é o ano que vem", disse o francês. "Temos outras preocupações no momento", disse o alemão.

Na noite de segunda-feira, porém, os dois não puderam mais evitar a pergunta. No final de mais uma reunião do Eurogrupo, tarde da noite em Bruxelas - durante a qual os ministros das Finanças dos 17 países membros da zona do euro concordaram em fornecer 40 bilhões de euros em ajuda para os bancos espanhóis em dificuldade -, Juncker disse a seus colegas que pretendia se demitir no final do ano. "Eu lhes pedi para nomear outro ministro", disse Juncker.

Sua partida vai marcar o final de sete anos de sua condução da moeda comum - e ocorre em um momento tardio, na sua perspectiva. Juncker, que também é primeiro-ministro de Luxemburgo, há muito tempo se sentia perplexo pela falta de urgência com que seus colegas viam sua próxima partida, supondo que ele simplesmente continuaria até que eles finalmente encontrassem alguém.

O próprio Juncker não é inocente nesse sentido, tendo sido convencido a continuar em uma ocasião anterior, e até se permitiu ser eleito para mais um mandato como presidente do Eurogrupo no último verão. Mas ele foi firme em seu desejo de se demitir no final deste ano ou início do próximo. Agora, ao que parece, seria preciso muito trabalho de convencimento de uma personagem como a chanceler alemã, Angela Merkel, para fazê-lo mudar de ideia.

Confiavelmente pró-europeu  
Berlim, porém, já seguiu adiante. Desde esta primavera, Merkel colocou seu apoio por trás de Schäuble como o melhor candidato para assumir a liderança do órgão da zona do euro. Alguns disseram que a fixação dela em nomear seu ministro das Finanças tem mais a ver com preocupações políticas internas, diante das eleições gerais do ano que vem na Alemanha: sem dúvida agradaria aos eleitores ter Schäuble cuidando do dinheiro do contribuinte alemão em Bruxelas.

Juncker também apoiou Schäuble, embora por um motivo diferente. Schäuble mostrou-se confiavelmente pró-europeu e Juncker talvez espere que, como presidente do Eurogrupo, ele possa se emancipar da mão pesada de Merkel na condução da crise do euro.

De qualquer maneira, as chances de Schäuble ser escolhido são virtualmente zero. Por um lado, o ministro das Finanças alemão não se fez muito querido por seus colegas ultimamente. Por exemplo, duas semanas atrás ele concordou com uma redução maciça das taxas de juros que a Grécia deve pagar em seus empréstimos de ajuda de emergência - apenas para inverter o rumo 24 horas depois, sob intervenção de Merkel. Muitos prefeririam ter um chefe do Eurogrupo mais decidido.

Ele não é fácil, disse Schäuble recentemente sobre si mesmo, mas é completamente leal - uma declaração que só serviu para aumentar a desconfiança de seus colegas. Eles temem que essa lealdade possa afinal ser maior a Merkel que aos outros ministros da zona do euro.
Mas o argumento principal contra Schäuble é sua meia vida política. Com as eleições gerais alemãs marcadas para o próximo outono, os líderes da zona do euro não estão ansiosos para escolher um ministro alemão que talvez nem tenha um lugar no gabinete de Berlim no final de 2013.    

A França primeiro? 
Originalmente, Paris e Berlim haviam imaginado um sistema pelo qual Schäuble e Moscovici compartilhariam o cargo. A ideia era que o ministro das Finanças alemão assumisse a primeira fase antes de abrir caminho para o francês. Agora, porém, poderá ser o inverso. A França assumiria o cargo de Juncker primeiro e prometeria entregá-lo a Berlim em 2015, não importa quem for então o ministro das Finanças.

Este poderia ser muito bem Schäuble, se a atual coalizão de Merkel, que reúne seus conservadores com os FDP (sigla para Democratas Livres) , amigos das empresas, conseguir obter a maioria. Mas com o FDP tendo encolhido para uma posição de partido nicho desde a última eleição, tal resultado parece improvável. Em vez disso, parece que a Alemanha pode estar rumando para outra "grande coalizão" dos conservadores juntamente com os social-democratas (SPD) de centro-esquerda, o que significa que o atual líder parlamentar do partido, Frank-Walter Steinmeier, provavelmente assumiria o Ministério das Finanças. (Peer Steinbrück, o ex-ministro das Finanças e atual candidato a chanceler do SPD, insistiu que não participará do gabinete se perder a eleição para Merkel.) Outra possibilidade seria uma coalizão entre conservadores e verdes, o que significaria que o líder do Partido Verde, Jürgen Trittin, poderá ser designado.

Schäuble, porém, teria uma chance se se comprometesse a assumir o cargo em tempo integral, o que exigiria que renunciasse como ministro das Finanças alemão. O presidente francês, François Hollande, apoiou esse modelo, como o próprio Juncker, devido à extrema quantidade de trabalho envolvido. Schäuble, porém, sempre rejeitou a ideia por sua convicção de que o presidente do Eurogrupo deve ser estreitamente ligado a um governo nacional. O presidente do Conselho Europeu, Hermann Van Rompuy, também é contrário a um diretor da zona do euro em tempo integral, pois a liderança da UE já é bastante pesada como está.

Outros candidatos poderiam teoricamente ser considerados, mas suas probabilidades são consideradas limitadas. O ministro das Finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem, por exemplo, é considerado competente e menos teimoso que seu antecessor, mas só foi ministro das Finanças durante algumas semanas. Também é possível que o Eurogrupo escolha um candidato de fora. O Tratado de Lisboa estipula meramente que "os ministros dos países membros cuja moeda é o euro devem eleger um presidente por dois anos e meio, por uma maioria desses países membros". Ainda assim, ele quase certamente teria de ser alguém que exerceu um papel central nas recentes iniciativas para combater a crise do euro.

Seja quem for o próximo líder do Eurogrupo, Juncker provavelmente continuará exercendo um papel como representante de Luxemburgo. Enquanto seu ministro das Finanças, Luc Frieden, atualmente ocupa o assento de Luxemburgo no painel, Juncker, que tem o título oficial de "tesoureiro", além de seu papel como primeiro-ministro, é igualmente elegível para a participação no Eurogrupo. E ele disse que ainda quer ter uma voz.  

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