Ahmadinejad, presidente do Irã |
Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã convive incessantemente com virulentas ameaças das potências ocidentais contra a sua integridade territorial e autodeterminação.
Apesar das constantes sanções aplicadas contra o país, em diversos segmentos, os persas avançaram significativamente nos campos econômico, político, bélico e tecnológico, convertendo-se em uma potência influente em todo o Oriente Médio.
Nessa nova etapa de confrontação, o Irã tem a alternativa de diluir o excedente de um quinto de sua produção, que tinha como destino a Europa, em outros mercados.
A China e a Rússia deverão absorver parte significativa desses 20%. O restante deverá ser destinado a países asiáticos, africanos ou latino-americanos, a preço inferior ao de valor de mercado -preservando, porém, um lucro mínimo.
Para o mercado energético internacional, a alternativa para suprir esse déficit, e evitar a alta do barril do petróleo, recai sobre a Arábia Saudita, maior produtor mundial. O desafio é saber até que ponto o reino da família Al Saud terá disposição para repor essa demanda e qual será o custo para conter, no longo prazo, a elevação do preço do produto.
Na concertação estratégica americana e europeia, vislumbram-se dois objetivos de médio prazo.
O primeiro é fazer o governo Ahmadinejad sangrar até as próximas eleições, que ocorrerão em 2013, na expectativa da vitória de um líder mais pragmático e reformista. O segundo é aguardar os resultados eleitorais desse ano nos EUA e na França, protagonistas nessa nova etapa de confrontação com os iranianos.
Enquanto isso, o governo Ahmadinejad vai ganhando tempo para ampliar e diversificar as suas alternativas econômicas em outros mercados, como a América Latina, que ele recentemente visitou. Além de produzir um forte e popular discurso interno antiocidental, estratégico para se manter no poder.
O fechamento do estreito de Ormuz como medida retaliatória será uma cartada importante e complexa para o Irã. Mas o governo deixará essa opção como uma solução final nessa lógica de bate-rebate.
Lamentavelmente, o espaço para o diálogo está cada vez mais estreito diante do recrudescimento das posições dos dois lados. A proposta turco-brasileira teria sido uma alternativa viável para iniciar uma negociação satisfatória para todas as partes.
A atitude americana e europeia de repelir lideranças de países emergentes na condução de processos políticos internacionais importantes, sobretudo em zonas estratégicas sensíveis, acabou liquidando qualquer perspectiva de diálogo.
A diplomacia brasileira se demonstra cautelosa com o tema, sem apresentar a mesma retórica no que tange à questão nuclear iraniana. Hoje, uma proposta brasileira no âmbito dos Brics terá maior consistência na busca de uma alternativa mais assertiva.
Medidas de estrangulamento econômico não forçarão os iranianos a desistirem de seu programa nuclear. O exemplo da Coreia do Norte só reforça essa perspectiva. Após anos de fortes pressões e hostilidades, o país asiático renunciou ao Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares e fabricou a bomba atômica.
O tema nuclear se tornou questão de sobrevivência e de autodeterminação para os iranianos. Há três décadas, o Irã optou por legar a sua segurança e o seu desenvolvimento à formação de uma sociedade construída por soldados e engenheiros.
Os fantasmas da década de 1950 e o espírito de Mohammad Mossadegh ainda permanecem vivos na psique iraniana.
HUSSEIN ALI KALOUT, 35, é cientista político, professor de relações internacionais e secretário de relações internacionais do Superior Tribunal de Justiça
Não sei se é pior um Irã nuclear ou sem isso. Se o Irã construir a bomba talvês outras nações do oriente medio queiram construir-la tb. Por outro lado (irã com a bomba) os imperialistas irão aprender a respeita-lo, quem sabe irão até parar de reprimir os palestinos!!!
ResponderExcluirOs EUA ajudaram a Arábia Saudita a construir suas armas atômicas também.
ResponderExcluirE desde quando a Arábia Saudita tem armas nucleares,não seria Israel?
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