Imagem do avião anunciado como o primeiro caça chinês capaz de ficar invisível a radares |
O teste, cujas fotos foram publicadas na Internet pela imprensa oficial, foi interpretado como uma demonstração de poder, ao mesmo tempo que uma tentativa do governo chinês de oferecer maior transparência sobre a modernização de seu exército. O crescente gasto militar efetuado pela China nos últimos anos provocou grande preocupação em alguns países asiáticos e nos EUA, que se perguntam sobre as intenções últimas dos dirigentes de Pequim.
Estes afirmaram diversas vezes que a modernização militar não é dirigida contra ninguém e que suas forças ainda estão muito longe em tecnologia das de outros países "avançados". Apesar de seu forte crescimento, o orçamento militar chinês é muito inferior ao dos EUA.
Gates afirmou que Hu lhe disse que o voo do avião, conhecido como J-20, não tinha nada a ver com sua viagem, mas é pouco provável que um acontecimento dessa importância tenha sido fruto do acaso. Os dirigentes chineses podem estar ao mesmo tempo enviando uma mensagem a sua população - especialmente ao segmento mais nacionalista, incluindo os oficiais do exército - de que não se dobram às pressões de Washington.
A presença de navios americanos e as manobras navais que estes realizaram perto de águas chinesas provocaram a ira de Pequim nos últimos anos. Em 2001, o choque de um avião espião americano com um caça chinês causou um forte conflito diplomático.
Até a semana passada - quando apareceram em fóruns da Internet chineses diversos comentários e fotos do J-20 em terra - não havia transparecido o avançado estado de desenvolvimento do avião, que poderia rivalizar com o F-22 Raptor da companhia americana Lockheed Martin, o único caça furtivo da próxima geração operacional existente no mundo.
Alguns analistas afirmam que o J-20 demonstra que os engenheiros chineses avançaram mais depressa do que se pensava. A China poderá apresentar também este ano seu primeiro porta-aviões. O vice-almirante americano David Dorsett, diretor de inteligência naval, afirmou entretanto que a entrada em funcionamento do avião de combate chinês ainda vai demorar anos.
A visita de Gates às vésperas da viagem que Hu Jintao fará na próxima semana aos EUA, se enquadra no desejo das duas potências de limar suspeitas e reforçar a confiança mútua. Durante o encontro que Gates manteve na segunda-feira com o ministro da Defesa, general Liang Guanglie, ambos concordaram em minimizar a rivalidade militar existente e aumentar a cooperação, o diálogo e os intercâmbios entre seus exércitos para evitar passos em falso e reduzir as possibilidades de "malentendidos e erros de cálculo". Liang afirmou que o chefe do Estado-Maior, general Chen Bingde, visitará os EUA no primeiro semestre.
Um dos pontos mais delicados das relações entre as duas maiores potências do mundo é o apoio de Washington a Taiwan, ilha independente de fato que a China considera parte de seu território. Pequim suspendeu as relações militares com os EUA há um ano - e em consequência retardou a visita de Gates - devido à venda por Washington para Taiwan de armamentos avaliados em US$ 6,4 bilhões.
Durante anos, os responsáveis americanos tentaram estabelecer um diálogo de segurança permanente com Pequim, que fosse alheio às disputas políticas, mas os líderes chineses preferiram manter as relações militares como moeda de troca, e, diante da proposta de Gates de criar um "diálogo estratégico" focalizado nas armas nucleares, mísseis e ciberarmamento, limitaram-se a dizer que a estudarão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário