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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Marina Raskova: A Heroína dos Céus

Marina Raskova foi uma das mais valentes mulheres aviadoras da União Soviética e uma das primeiras cidadãs a receber a Ordem de Herói da União Soviética. Foi ela quem criou a lendária unidade feminina de aviação apelidada pelos alemães de “Nachthexen” (Bruxas Noturnas).

Nascida em 1912, no seio de uma família de destacados músicos, a jovem Marina não pode seguir carreira devida a morte prematura de seu pai. Ao terminar o colégio, começou a trabalhar como operária em uma fabrica de produtos químicos. Justo ali passou a se interessar pela aviação e pela romântica idéia de poder voar. Em sua nova profissão, progrediu rapidamente graças a sua tenacidade e valentia. Aos 19 anos, Marina Raskova se matriculou na Academia de Aviação de Zhukovsky. Em 1934, graduou-se com a primeira mulher aviadora da União Soviética. A Academia de Aviação aprovo-a e no ano seguinte Raskova recebeu sua licença de piloto.

Em 1938, ela e outras aviadores estabeleceram uma marca mundial para as mulheres, ao cobrir 5908 km sobrevoando as intermináveis estepes e bosques russos em um avião bimotor Tupolev ANT-37 batizado de “Rodina” (Pátria em português). O vôo sem escalas foi realizado em 26 horas e 29 minutos, cobrindo a distância entre Moscou e Komsomolsk-on-Amur, no Extremo Oriente da URSS. Por sua façanha, Marina foi ganhadora da Estrela de Ouro dos Heróis Soviéticos.

Quando a Alemanha invadiu a URSS, em 1941, Raskova ostentava a patente de Capitã da Força Aérea Soviética. Ela conseguiu convencer Stalin a formar uma unidade combatente feminina. O desejo de Raskova atraiu a atenção de milhares de mulheres, que posteriormente a apoiaram. Quando a ansiada permissão foi recebida, imediatamente começaram a chegar voluntárias de toda URSS. A seleção das aspirantes foi feita pela própria Raskova nas aulas de Academia de Aviação.

Em outubro de 1941, a jovem aviadora foi enviada com suas alunas à base aérea na cidade de Engels, que fica situada no Oblast de Saratov, ao norte de Stalingrado. A primeira ordem foi pegar os tecidos de linha, agulhas e refazer os uniformes, uma vez que eram masculinos. Pantalonas, camisas, meias e botas tiveram que ser recondicionadas ao corpo feminino.

O treinamento em Engels foi duro. As pilotos voavam entre 12 e 14 horas diárias com o propósito de aprender em dias o que deviriam aprender em dois anos em tempos de paz, ou seis meses em tempos de guerra.

Naquele período de sangrenta guerra, os pilotos alemães dominavam os céus. Muitos aviões soviéticos foram destruídos em terra durante as primeiras horas da guerra, no entanto, os pilotos soviéticos não estavam devidamente preparados para combates defensivos.

O treinamento inicial era efetuado nos aviões Polikarpov PO-2, biplanos de madeira e lona. As mulheres praticavam bombardeiros em diferentes alturas e vôos noturnos em duplas ou sozinhas, aprendendo a navegar com instrumentos rudimentares como relógios, sem comunicação com a terra e com muita intuição. Cada avião contava com um piloto e um navegador, e esses estavam a voar e Roskova ficava avaliando-os.

Depois de seis meses de treinamento, Marina Raskova criou os três primeiros regimentos de diferentes aviadoras. Todos foram distribuídos no regimento da série 500: Foram o 586 Regimento de Caça, o 587º Regimento de Bombardeiro e o 588º Regimento de Bombardeiro Noturno.

Uma vez terminado o ciclo prático, as jovens aviadoras receberam sua pistola padrão e foram atribuídas oficialmente a seus aviões. Vestindo a roupa de vôo, dirigiram-se as suas aeronaves e desta vez, sem a assistência dos instrutores, e decolaram. Raskova naquele momento temeu pela vida das jovens aviadoras, afinal ela tinha dúvidas se havia ensinado o suficiente para salvar a vida de suas pupilas.

Raskova passou a comandar o Regimento de número 587. Eventualmente receberam os aviões Su-2, mas posteriormente passaram a voar nos bimotores PE-2. Em 22 de novembro de 1942, receberam ordens para mudarem-se para Stalingrado. As zonas de combate do grupo compreendiam Orel, Kursk, Smolesk, Vitebsk, Borysov e o Distrito dos Lagos Masurian.

O Regimento 587º de Bombardeiro Noturno, o mais famosos organizado por Raskova. Não tinha nada igual no mundo naquele momento. Os ataques das aviadoras soviéticas tiveram efeitos tão bons, que os alemães apelidaram os membros desse regimento de “Bruxas Noturnas”. Os pilotos da Luftwaffe que abatessem apenas um avião desse regimento, automaticamente ganhavam a Cruz de Ferro.

Marina não sobreviveu à guerra, afinal ela morreu em um acidente durante um vôo de uma unidade PE-2 sob o seu comando, em 04 de janeiro de 1943. Nesse dia houvera uma forte tempestade de neve que fez seu avião cair no lado ocidental do Rio Volga.

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