Um sniper do 3º Batalhão de Infantaria Leve Princesa Patrícia demonstra a fina arte de ocultação; O rifle é um Parker-Hale C3A |
Em vez de expressar algum pesar sobre seus trabalhos mortais, atiradores dizem que se sentem justificados para matar os inimigos que constituem uma ameaça para as tropas canadenses e civis afegãos. Além disso, a maioria apresenta níveis elevados de satisfação com a carreira, e dizem que seu trabalho tem sido uma influência positiva em suas vidas.
No entanto, os snipers afirmam ter mais problemas em combate que os outros soldados, quando perguntados sobre as experiências de combate específicas, como saber que alguém foi seriamente ferido ou morto em ação, ou ver os membros de sua unidade tornando-se vítimas.
As conclusões são parte de um estudo de três anos, encomendado pela Defence R&D Canada, o braço de pesquisa do Ministério da Defesa Nacional. Às vezes contraditório, pinta-se um retrato complexo dos selecionados soldados de elite, que são pagos para afastar inimigos.
Um comitê da Câmara dos Comuns estimou que 1.120 dos 27.000 soldados canadenses que serviram no Afeganistão, entre 2002 e 2008, apresentaram sintomas do transtorno de estresse pós-traumático. No entanto, soldados que voltaram da guerra se queixaram de que os militares não prestam assistência adequada às pessoas atingidas pelo transtorno.
Depois de relatos de atiradores de elite sendo traumatizados, o ex-comandante das forças terrestres do Canadá, Tenente-General Andrew Leslie, pediu um exame do seu bem-estar psicológico. Anteriormente, pouco se sabia sobre composições específicas das formações de atiradores.
"Ao contrário de outros soldados, que podem renunciar à responsabilidade pela morte de inimigos em função de que foram levados a lutar por seus comandantes, ou tiveram que matar para continuar vivos, os atiradores têm mais autonomia que os soldados em combate convencional e muitas vezes têm competência para decidir quem podem ou não matar", escreve o autor do estudo, Peter J. Bradley, um tenente-coronel aposentado das Forças canadenses que trabalha atualmente como professor na Royal Military College, em Kingston, Ontário.
Em seu estudo inicial exploratório, Bradley entrevistou 19 atiradores que serviram no Afeganistão e foi para o Canadá há pelo menos seis meses. A maioria tinha matado alguém em combate. Devido ao pequeno tamanho da amostra, Bradley adverte que mais pesquisa precisa ser feita antes de quaisquer conclusões poderem ser tiradas sobre a comunidade de franco-atiradores.
Em comparação com uma referência geral, os snipers exibiram elevados níveis de estresse psicológico após serem submetidos a um teste psicológico conhecido como Kessler Distress Scale. No entanto, ainda assim seus níveis de estresse foram efetivamente menores que os valores médios de estresse de soldados canadenses que serviram no Afeganistão.
Bradley observa que as forças canadenses têm desenvolvido um sistema de testes para filtrar candidatos que não se encaixam no perfil psicológico desejado. Segundo esta pesquisa, franco-atiradores tendem a ter baixas pontuações em "neurose", altas pontuações em “conscienciosidade” e baixas em "espírito do concurso".
De acordo com a teoria convencional, os soldados geralmente sentem uma sensação inicial de euforia depois de matar alguém em combate. A maioria depois expressa remorso, e, na terceira fase, eles tentam racionalizar suas ações - um processo que pode assombrar os soldados para o resto de suas vidas, observa Bradley.
Mas os franco-atiradores que entrevistou mostraram pouco remorso, com um terço afirmando que eles não tinham apreensões sobre a morte, já que eles estavam apenas fazendo seus trabalhos.
Bradley diz que é possível que snipers realmente não tenham arrependimentos e lidem bem com a situação. "Primeiro, matar em combate pode não ser tão traumático como se poderia pensar. Os seres humanos têm matado uns aos outros em combate durante milênios. Em segundo lugar, mesmo se assumirmos que a morte em combate é traumática, nem todo mundo sofre após ter um trauma".
No entanto, ele também sugere que os atiradores poderiam estar escondendo seus sentimentos para conseguirem conciliar emoções conflitantes sobre a morte, ou para "protegerem seus lugares no seio da comunidade de franco-atiradores".
"Snipers são soldados de elite e fraqueza não é coerente com uma imagem de franco-atirador," escreve Bradley.
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