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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Para Netanyahu, ser o favorito para vencer em Israel traz riscos

Benjamin Netanyahu

Com o início para valer da campanha eleitoral em Israel na terça-feira (8), com uma blitz de duas semanas de propagandas de televisão, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está enfrentando um problema que, à primeira vista, poderia ser invejável: todo mundo parece ter certeza que ele vencerá.

No sistema multipartidário de governos de coalizão de Israel, essa suposição faz muitos dos tradicionais apoiadores de Netanyahu flertarem com partidos menores, que atendem a interesses especiais.

Impressionantes 81% dos entrevistados de um levantamento esperam que ele cumprirá outro mandato, segundo uma pesquisa realizada pela Dialog e publicada no mês passado no jornal "Haaretz". Mas de lá para cá as pesquisas mostram que o apoio está caindo para a lista conjunta de candidatos encabeçada por Netanyahu, das atuais 42 das 120 cadeiras do Parlamento para apenas 32.

"Esse é o risco do grande favoritismo: quando todo mundo presume que ele vencerá, as pessoas sentem que têm o luxo de votarem segundo sua ideologia real", disse Gadi Wolfsfeld, um professor de comunicação política do Centro Interdisciplinar em Herzliya. "Ironicamente, o que ele está tentando fazer é provar que a esquerda realmente pode vencer. Se de algum modo ele conseguir minar a certeza de que ele vai vencer, então é claro que ele tem uma chance realista de atrair alguns votos de volta".

Analistas políticos e algumas pessoas de dentro da campanha dizem que esse desafio foi aumentado pela campanha sem brilho, por brigas internas e uma série de erros estratégicos, que incluem críticas a outros conservadores. Apesar de Netanyahu ainda ser o favorito para formar o próximo governo, os especialistas preveem que ele pode ficar com uma maioria relativamente magra no Parlamento, em vez de uma ampla coalizão que lhe daria liberdade para estabelecer as políticas e definir seu legado.

"Em algum ponto entre desastrosa e catastrófica" é como Sam Lehman-Wilzig, vice-diretor da escola de comunicação da Universidade Bar-Ilan, descreveu a campanha do primeiro-ministro até o momento. "Não há nada ali. É simplesmente ‘nós não queremos a esquerda no poder’, ‘confie em mim’ e ‘eu tenho experiência, por isso vote em mim’. Eu não acho que isso animará muitas pessoas."

Os aliados e assessores de campanha de Netanyahu reconhecem que o mês passado foi turbulento, mas disseram que as próximas duas semanas é que importarão.

"A única pesquisa que nos interessa é o resultado eleitoral em 22 de janeiro", disse um alto funcionário, prometendo "mensagens bem mais focadas na reta final".

Os críticos dizem que o primeiro grande erro foi a decisão de unir o Partido Likud de Netanyahu com o Yisrael Beiteinu ultranacionalista. Isso, somado à primária do Likud que eliminou vários moderados populares, alienou alguns eleitores centristas, disseram os analistas.

Então, com a migração dos direitistas para Naftali Bennett, o jovem líder carismático do novo partido Lar Judeu, Netanyahu o atacou, assim como ao Partido Shas ultraortodoxo, um antigo parceiro político. Ambos os ataques parecem ter saído pela culatra.

Alguns analistas e pessoas de dentro do Likud-Beiteinu se queixam de que o primeiro-ministro tem se mostrado quieto demais e reativo, e que sua recente promoção dos assentamentos judeus em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia colocou o conflito palestino no centro da campanha, deixando a ameaça nuclear iraniana, uma questão em que ele é mais forte, em segundo plano.

Na maioria desses casos, "é possível ver as digitais" do consultor político americano Arthur Finkelstein, disse Gabriel Weimann, um professor da Universidade de Haifa que é especializado em comunicação política.

"Finkelstein está dirigindo a campanha", disse Weimann. "Pessoas de seu próprio partido criticam Netanyahu por seguir Finkelstein, enquanto ele fica sentado nos Estados Unidos e não sabe o que está acontecendo aqui."

Finkelstein, um estrategista republicano de Westchester County, Nova York, que dirigiu muitas campanhas conservadoras nos Estados Unidos e em Israel nos últimos 30 anos, incluindo a de Netanyahu para seu primeiro mandato como primeiro-ministro em 1996, se recusou a ser entrevistado por meio de assessores de campanha.

Ele foi chamado a Jerusalém na semana passada quando a campanha estava enfrentando dificuldades, e vários analistas e pessoas de dentro da campanha dizem que já conseguem ver o início de uma mudança na estratégia.

Uma delas é o fim dos ataques a Bennett. E o primeiro-ministro parece estar mais relaxado: ele apareceu vestindo jeans em um evento de campanha para jovens profissionais aqui na noite de domingo, e foi caloroso e simpático em uma entrevista na noite de segunda-feira, sentado na casa de sua infância enquanto se lembrava de jogar bola e de assar batatas com seus irmãos.

Talvez mais importante, o primeiro-ministro agora está focado nos oponentes na esquerda. No fim de semana, três líderes dos partidos de centro-esquerda falavam sobre se unirem para a criação do que chamaram de "coalizão de bloqueio", para impedir Netanyahu de formar o próximo governo.
Se esse esforço dos três se concretizar em uma ameaça crível, isso poderia atrair de volta os eleitores conservadores tão confiantes na reeleição do primeiro-ministro a ponto de optarem por votar em um partido menor.

"O foco principal será, é claro, a possibilidade de enfrentarmos uma coalizão de três partidos no dia seguinte", disse Silvan Shalom, o ministro do Likud, na segunda-feira (7) em uma nova mensagem da campanha. Reconhecendo os tropeços até agora, Shalom disse: "Nós temos que nos esforçar mais; nós temos que trabalhar mais; nós temos que explicar".

As campanhas israelenses são breves e os analistas alertam que pode ocorrer uma grande movimentação antes da votação em 22 de janeiro, particularmente assim que as propagandas de televisão passaram a ser exibidas na terça-feira. O rosto de Netanyahu já é ubíquo nos outdoors e elevados de Tel Aviv, ao lado do slogan da campanha: "Um primeiro-ministro forte, uma Israel forte".

O primeiro-ministro, que mal deu início à campanha, fez uma aparição breve em uma danceteria na noite de domingo, passando vários minutos estendendo o braço do palco para tocar algumas mãos, com os guarda-costas à sua volta. Ele falou pouco, perguntando onde estavam seus filhos na multidão e então brincando: "Vocês todos são meus filhos".

"Quem deseja a proteção de Israel?" ele perguntou. "Só há uma escolha."

Centenas de pessoas na faixa dos 20 e 30 anos, a maioria homens, ocupavam a pista de dança, mas poucos estavam dançando apesar da música pulsante, preferindo ficar olhando para os celulares ou acenando bastões fluorescentes.

"Votar em um partido pequeno enfraquece Israel", diziam os folhetos de campanha distribuídos na festa. "Eu não vou desperdiçar meu voto."

O problema da vantagem esteve em exibição em várias entrevistas no comício. Richard Binstock, 33, um imigrante de Londres que trabalha no campo de alta tecnologia, disse sobre Netanyahu: "Ele defende Israel, luta por Israel, e eu respeito isso".

Mas então ele disse que planeja votar em Bennett.

Samuel Scott, 32, que trabalha em marketing e votou em Netanyahu em 2009, expressou uma postura semelhante.

"Eu admiro Bibi pessoalmente, e sou membro do Likud", disse Scott, usando o apelido do primeiro-ministro. "Mas talvez eles não recebam meu voto nesta eleição. Eu realmente desprezo as táticas de campanha deles. Eu acho que é interesseiro dizer que votar em qualquer outro partido significa desperdiçar o voto."

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