Fornalhas do crematório no campo de concentração de Majdanek |
Um artista sueco causou ultraje ao alegar ter criado uma pintura usando cinzas que tirou de um forno no campo de concentração de Majdanek, na Polônia. Promotores poloneses disseram nesta terça-feira (8) que iniciaram uma investigação. A pintura, exibida em uma galeria de arte sueca em dezembro, não está mais em exposição após protestos da comunidade judaica.
A pintura, chamada "Obras da Memória", foi exposta por três semanas em novembro e dezembro em uma galeria em Lund, Suécia, mas foi removida após protestos da comunidade judaica local.
A agência de notícias "The Associated Press" relatou que os promotores da cidade de Lublin, no leste, estavam checando se foi verdadeira a declaração do artista, Carl Michael von Hausswolff, de que cinzas das vítimas foram usadas.
Hausswolff escreveu em uma declaração no site da Martin Bryder Gallery, onde a pintura estava exposta, que coletou as cinzas durante uma visita a Majdanek em 1989, e as misturou com água para pintar a obra. Ele disse não ter usado as cinzas inicialmente por serem "muito carregadas", mas que em 2010 decidiu usá-las.
"As cinzas me seguem, sempre estavam lá (...) como se as cinzas contivessem energias ou memórias ou almas das pessoas (...) pessoas torturadas, atormentadas e assassinadas por outras pessoas em uma das guerras mais desumanas dos anos 1900", ele escreveu na declaração.
‘Repulsiva ao extremo’
A pequena pintura marrom e cinza parece retratar um grupo de pessoas juntas. A galeria se recusou a comentar o caso nesta quarta-feira (9).
O uso das cinzas pode ser uma ofensa sujeita a punição na Polônia, onde a profanação de restos mortais e locais de sepultamento pode resultar em penas de até oito anos de prisão. As autoridades suecas se recusaram a investigar, porque o suposto delito foi cometido fora da Suécia.
Cerca de 80 mil prisioneiros, incluindo 60 mil judeus, foram assassinados em Majdanek, que foi aberto em 1941 e fechado em 1944. Uma porta-voz do museu no local disse à "AP" que ainda havia algumas cinzas humanas nos fornos de Majdanek em 1989.
Salomon Schulman, uma figura proeminente na comunidade judaica sueca, disse que a pintura de Von Hausswolff era "repulsiva ao extremo", segundo noticiou o site de notícias "The Local", de Estocolmo.
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