Militares americanos avaliam o Embraer EMB-314 Super Tucano |
A Embraer se tornou alvo de uma campanha protecionista nos Estados Unidos, cujo objetivo é impedi-la de vencer um contrato da Força Aérea americana de quase US$ 1 bilhão.
A empresa brasileira participa de uma concorrência da Força Aérea americana para fornecer 20 aviões (que podem chegar a 55) para serem usados no Afeganistão e nos EUA. O Super Tucano da Embraer concorre com o AT-6 da americana Hawker Beechcraft, que se associou à Lockheed Martin para a concorrência.
A ofensiva protecionista está ocorrendo em três níveis: congressistas do Kansas, onde está baseada a Hawker, requisitaram a abertura de uma investigação pelo International Trade Commission (ITC) para determinar se a Embraer está recebendo subsídios do governo brasileiro, o que seria ilegal.
Ao mesmo tempo, defensores da Hawker lançaram uma campanha de relações públicas pressionando o Departamento de Defesa a dar o contrato para a companhia americana, porque a vitória da Embraer iria "eliminar 1.400 empregos americanos em uma época de recessão" e iria "terceirizar a segurança nacional dos EUA, deixando-a nas mãos de uma empresa estrangeira".
Por fim, a Hawker se prepara para atacar a Embraer em seu flanco mais vulnerável. "Não é possível que uma empresa que é investigada por corrupção continue participando da concorrência; vamos pedir que o Congresso estabeleça uma comissão de inquérito em cima do contrato", disse à Folha Todd Tiahrt, que foi deputado por 15 anos pelo Kansas e agora é consultor da Hawker.
A Embraer é alvo de investigação da Securities and Exchange Commission (CVM dos EUA) sobre possível violação da Lei Anticorrupção no Exterior.
A Embraer limitou-se a mandar uma declaração.
"Essa investigação [da SEC] é apenas uma investigação, e quaisquer conclusões sobre seus resultados potenciais são prematuras", escreveu Jackson Schneider, vice-presidente de Relações Institucionais da Embraer. Procurada algumas vezes, a Hawker não se pronunciou.
O resultado da licitação estava previsto para junho. Foi adiado para setembro, e agora a expectativa é que saia até janeiro.
O ITC, braço do governo americano, está investigando a competitividade da indústria americana de jatos e as "políticas e programas de governo afetando financiamento e pesquisa de aeronaves" do Brasil, da China, da Europa e do Canadá. Funcionários do ITC já foram até o Brasil reunir informações sobre a Embraer.
A Folha apurou que, caso o relatório aponte que a Embraer recebe subsídios, a Beechcraft pode pressionar o USTR a abrir um painel na OMC.
Está mais que claro que essa acusação é partido de um jogo para impedir a Embraer de vencer a licitação.
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