segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Ofensiva contra os ciberataques
Depois de ações sistemáticas de hackers, governo investe em segurança da informação para proteger redes dos Palácios do Planalto e da Alvorada e da residência oficial da Granja do Torto
O recente ataque de hackers a um site da Presidência da República fez acender o sinal de alerta no governo para a necessidade de investimentos extras em segurança de informação dos sistemas de comunicação do Palácio do Planalto. Após um estudo sobre onde haveria riscos de novas invasões, a Diretoria de Tecnologia da Informação, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência, deu início, na semana passada, à contratação de uma empresa para proteger a comunicação entre o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto.
Atualmente, a informação trocada entre os três principais locais de trabalho da presidente Dilma Rousseff não é criptografada e, portanto, está vulnerável a novos ciberataques.
O pacote a ser comprado, estimado em R$ 170 mil, vai minimizar os riscos na segurança das informações que trafegam nos três pontos de onde a presidente acessa a rede de dados do Planalto, muitos deles trazidos principalmente pelo acesso à internet, a porta de entrada usada por criminosos para atacar computadores de pessoas físicas, empresas e governos. A intenção do governo é fazer com que Dilma, ao acessar a internet do Alvorada e do Torto, tenha a mesma segurança de que dispõe no Planalto.
Na licitação, exige-se que sejam entregues pela empresa duas ferramentas de proteção de dados: Virtual Private Network (VPN) e firewall. Segundo o advogado Renato Ópice Blum, coordenador do curso de direito digital da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, as duas ferramentas, as mais usadas em ambientes de tecnologia de informação, são empregadas hoje por qualquer empresa de médio porte. São fundamentais porque, na internet, o tráfego de dados é feito por protocolos padrão, não necessariamente seguros.
As VPNs usam protocolos de criptografia que garantem a privacidade das comunicações. Já o termo em inglês firewall, criado nos Estados Unidos diante da necessidade de proteger informações militares nos anos 80, faz alusão à função de uma parede antichamas durante um incêndio, que evita o alastramento do fogo pelos cômodos da casa. No futuro sistema da Presidência, o firewall vai evitar a proliferação de acessos nocivos à rede. Na configuração atual da rede usada por Dilma, apenas a conexão do Planalto dispõe dessas tecnologias.
Capacitação
De acordo com Renato Blum, agora, um simples e-mail enviado pela presidente do Torto ou do Alvorada estará protegido. "É uma comunicação remota com criptografia. Se a Dilma estiver se comunicando pelo computador com o Palácio do Planalto, o hacker não vai conseguir ler a troca de mensagens porque tudo vai estar criptografado", explica o advogado. "Isso é trivial. Qualquer empresa já usa isso automaticamente."
Em outra ofensiva, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável por coordenar as atividades de segurança da informação da Presidência, enviou no último sábado dois servidores a Bogotá para um evento da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre boas práticas de segurança de informação e combate aos crimes cibernéticos contra governos. A reunião na Colômbia pretende dar bagagem à região para incrementar a segurança cibernética dos governos, que a exemplo do Brasil, também têm atravessado problemas.
No Brasil, está crescendo a prática de crimes cibernéticos contra sites do governo. Os sites do IBGE e da Receita Federal já foram alvo de invasões, ainda que, de acordo com o governo, os hackers não tenham conseguido roubar informações. Em outros países, há tentativas diárias. "O Brasil tem um alto índice de fraudes no ambiente corporativo. Na comunicação do governo, isso só não está pior porque estão tomando medidas para se proteger", explica Renato Blum.
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