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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Milagrosa fuga de sargento, após 12 anos de sequestro


No centro, Luis Alberto Erazo


O sargento da polícia colombiana Luis Alberto Erazo salvou a própria vida por milagre. Em meio ao luto que vive a Colômbia depois da trágica notícia da morte com tiros de misericórdia de quatro membros das forças de segurança sequestrados há mais de uma década pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Erazo causou no último domingo (27) lágrimas de emoção por seu regresso à liberdade.

Nas mãos Farc há 12 anos, Erazo --que chegou ao meio-dia em Bogotá, enquanto os restos de seus companheiros chegaram às 22h10-- contou que, ao ver os guerrilheiros disparando, decidiu correr no meio da selva. Os guerrilheiros o perseguiram atirando e depois lançaram granadas, que lhe causaram ferimentos, mas isso não impediu sua fuga.

O único sobrevivente do massacre chegou à capital, embaixo de chuva e dos aplausos dos jornalistas que o esperavam. Vestido com uniforme da polícia e uma venda na fronte esquerda que cobria suas feridas, o policial subiu diretamente em uma ambulância, na pista do aeroporto militar de Catam, e foi levado para o Hospital Geral da Polícia para receber cuidados médicos e reencontrar seus familiares, entre eles suas duas filhas adolescentes.

O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, narrou os fatos que ocorreram no sábado de madrugada nas profundezas da selva do departamento de Paquetá, no sul do país, onde foram encontrados, com tiros na cabeça e nas costas, os corpos do sargento do exército José Líbio Martínez, do coronel da polícia Édgar Yesid Duarte, do major da polícia Élkin Hernández Rivas e do superintendente da polícia Álvaro Moreno.

Martínez era o sequestrado mais antigo das Farc: 14 anos. Durante esse tempo foram poucas as informações que a guerrilha permitiu chegar a seus parentes, entre eles seu filho Johan Steven Martínez. O pequeno de 13 anos cresceu diante dos olhos de todo o país, menos os de seu pai, pois a cada aniversário era visto clamando por sua libertação.

Em meio a semelhante panorama, os primeiros minutos de liberdade do sargento Erazo Maya foram emocionantes. Exatamente quando as tropas faziam uma "tarefa de localização" do acampamento onde se acreditava estar os uniformizados, para posteriormente iniciar uma operação de resgate, foram avistadas pelos guerrilheiros.

No tiroteio, Erazo correu e se escondeu até sentir o silêncio profundo e depois o ruído estridente das serras elétricas dos soldados que derrubavam as árvores para abrir espaço para um heliporto improvisado, que permitisse aterrissar as naves para evacuar os cadáveres.

Ao vê-lo, as tropas gritaram de emoção. Ele os abraçou e a notícia chegou até sua humilde casa em Túquerrres, um município do departamento de Nariño, fronteiriço com o Equador. A informação foi transmitida a seus familiares pelo próprio presidente Juan Manuel Santos, que também qualificou o fuzilamento dos sequestrados como "um crime de lesa-humanidade".

Sua reação enérgica foi compartilhada por todos os partidos políticos. De fato, o recém-eleito prefeito de Bogotá e ex-guerrilheiro do M-19, Gustavo Petro, disse que "as Farc voltam a cometer um crime de guerra ao assassinar seus reféns". Por isso, disse o líder de esquerda, "o comandante da Frente deve ser processado como criminoso de guerra".

Reféns mortos

Além do sargento do exército José Libio Martínez, os outros mortos nas mãos da guerrilha são Édgar Yesid Duarte, coronel da polícia promovido ao grau de coronel estando no cativeiro. Foi sequestrado quando era capitão, em 14 de outubro de 1998, em Doncello, Caquetá. Era o segundo uniformizado que estava há mais tempo em poder da guerrilha. Era casado e tinha uma filha, a qual não viu crescer. Durante seu longo cativeiro, as Farc só enviaram duas provas de vida.

Elkin Hernández Rivas, major da polícia, foi sequestrado em 14 de outubro de 1998, quando tinha 22 anos e era tenente. Seu sequestro ocorreu em uma estrada que vai de La Montañita a Florencia (Caquetá). Caiu em uma emboscada das Farc que, ao descobrir que era policial, o levaram com Álvaro Moreno, intendente de polícia sequestrado em 9 de dezembro de 1999 em um ataque à estação de Curillo (Caquetá). Quando terminou o colégio, ele se matriculou na Polícia Rodoviária. Um dia, diante da necessidade de reforços na ordem pública, foi enviado no que se acreditava uma curta missão a Curillo, quando houve o assalto das Farc, que o levaram e agora assassinaram.

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