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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Cidadãos são treinados para ajudar na luta contra o terrorismo em cidade dos EUA

Banner da Polícia de Nova York para a final do futebol americano com o dizer “Se você perceber algo, avise”
No Colorado, um grupo antiterrorista inclui um ex-lobista de Washington, um ex-fuzileiro naval cuja mulher fica perturbada quando ele fala sobre as potenciais ameaças ao Aeroporto Nacional de Denver e um nativo de Nova York que se recusa a andar de metrô e passa o menor tempo possível em edifícios altos.

A aliança é eclética, mas, afinal, as pessoas que eles procuram identificar não se encaixam muito em estereótipos.

“Um terrorista não será aquele tipo de pessoa que a gente espera”, afirma Diana Woodson, assistente administrativa do Departamento de Segurança e Instalações do Distrito de Transportes Regionais. “Ele é o seu melhor vizinho, o seu melhor amigo. Ele nem sempre parece ser uma pessoa ruim, e pode ser um indivíduo modesto”.

É por isso que, na sua tentativa de combater as ameaças terroristas, organizações nacionais como o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, bem como forças policiais estaduais e municipais e companhias preocupadas com a segurança pública, estão apelando para mais uma fonte aparentemente absurda: o cidadão comum.

Em campanhas como “If You See Something, Say Something” (“Se você perceber algo, avise”), do Departamento de Segurança Nacional, e em vídeos como “Recognizing the Eight Signs of Terrorism” (“Identificando os Oito Indícios de Terrorismo”), produzido pelo Laboratório de Educação em Contraterrorismo de Denver, a ideia é fazer com que o cidadão comum tenha consciência de que ele pode ser tão importante quanto qualquer agência super secreta no que se refere a impedir um outro ataque terrorista contra os Estados Unidos.

“Infelizmente, existe gente pelo mundo afora que deseja nos atacar, e se cada um não assumir responsabilidade por si próprio, será difícil para as autoridades policiais garantir a segurança de cada cidadão”, afirma o major Steve Garcia, da Patrulha do Estado do Colorado.

Nos “velhos tempos” - dez ou quinze anos atrás – os cidadãos dificilmente sentiriam ter qualquer responsabilidade quanto ao “policiamento”. E mesmo quando desejavam denunciar atividades suspeitas, eles geralmente esbarravam em muitas dificuldades para fazer isso.

“Se um indivíduo via algo de estranho no seu bairro,” ele ligaria para a polícia, e o policial lhe perguntaria: 'Bom, já aconteceu alguma coisa de ruim?'”, diz o porta-voz do Departamentoo de Segurança Pública do Colorado, Lancer Clem. “Se a pessoa dissesse que não, o policial retrucaria: 'Então, telefone de novo quando acontecer algo'. Mas isso não ocorre mais”.

Atualmente existem organizações como o Centro de Análise de Informação do Colorado, no subúrbio de Lakewood, em Denver. Criado cerca de quatro anos após os ataques terroristas de 2001 e financiado pelo Departamento de Segurança Nacional, o centro de análise é um dos 72 “centros de fusão” espalhados pelos Estados Unidos. O centro de análise reúne representantes de agências de segurança e departamentos de polícia federais e locais – incluindo o Departamento de Segurança Nacional, o Departamento Federal de Investigação (FBI), o Serviço Secreto, o Departamento de Investigação do Estado do Colorado e o Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos dos Estados Unidos – bem como o Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente do Estado do Colorado, e departamentos de corpo de bombeiros e de polícia locais. O trabalho de busca e análise de informações é feito 24 horas por dia.

“Uma das descobertas contidas no Relatório da Comissão do 11 de Setembro foi que não havia comunicação suficiente entre as agência de segurança e policiais de níveis federal, estadual e municipal”, afirma Garcia, que integra o Centro de Análise de Informação do Colorado desde o início. “A criação dos centros de fusão eliminou essas barreiras, e agora atingimos a meta de combater o terrorismo com todos na mesma sala e analisando os mesmos dados”.

Esse podem ter origem em qualquer pessoa ou lugar – incluindo cidadãos comuns. A tentativa de ataque com um carro-bomba em Times Square, na cidade de Nova York, em maio de 2010, foi frustrada, em parte, porque um vendedor de cachorro-quente telefonou para a polícia quando viu um veículo soltando fumaça. E as atividades potencialmente perigosas da mulher do Colorado que mais tarde passou a ser conhecida como “Jihad Jane” foram interrompidas, entre outros motivos, devido a informações fornecidas por cidadãos comuns dos Estados Unidos e da Europa.

Ao final do mês passado, em uma sala de aula do Departamento de Polícia de Lakewood, Woodson ensinou 35 voluntários a reconhecer e combater o terrorismo.

Patrocinado pelo Centro de Análise de Informação do Colorado, o Programa de Conscientização da Comunidade é um elemento importante da missão dessa organização não governamental.

O documento publicado pelo centro, “Reconhecendo os Oito Sinais de Terrorismo”, revelou-se tão popular que o Departamento de Segurança Nacional pediu à organização que criasse um programa de conscientização popular.

Embora existam outros programas que preveem a participação dos cidadãos, a diretora-executiva do centro, Melanie Pearlman, diz que é o grupo dela que integra todos os dados obtidos.

“Tínhamos grupos diferentes – a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, a Iniciativa para Segurança em Áreas Urbanas, o Centro de Estudos para Resposta e Tratamento de Incidentes em Computadores – e diferentes agências estaduais e municipais se manifestando e enviando a mesma mensagem, mas tais mensagens eram heterogêneas e inconsistentes”, explica ela. “Portanto, nós colocamos todas essas organizações na mesma mesa para assegurar que todas elas atendessem às exigências para o desenvolvimento do programa”.

No início das aulas no centro, Woodson fala aos participantes um pouco sobre si própria. Por exemplo, ela diz que embora seja nativa de Nova York e ainda tenha familiares lá, ao retornar à cidade ela não anda de metrô e procura não entrar em edifícios altos.

Segundo ela, isso faz parte do seu plano pessoal de preparação para emergências.

Woodson, que também observa tudo o que acontece à sua volta ao passar de um corredor de supermercado a outro, diz que não está sendo hiper vigilante, e muito menos paranoica.

“Eu acho que as pessoas estão simplesmente tentando viver as suas vidas, especialmente neste momento econômico difícil”, diz ela. “Mas é preciso que se faça mais. É assim que o mundo funciona. A vida não é exatamente um episódio da série 'Ozzie & Harriet'”.

É por isso que, apesar das reclamações da sua mulher, Alan Beshany, que foi policial na Flórida e serviu no Corpo de Fuzileiros Navais durante seis anos, continua observando pessoas no aeroporto todas as vezes que os dois trabalham.

“Muitas pessoas simplesmente se preocupam em viver as suas vidas”, diz ele. “Mas atualmente vemos grupos que se comunicam com outras pessoas e tentam conscientizá-las a respeito do que está se passando”.

A verdade é que quanto mais gente estiver prestado atenção ao que ocorre à sua volta, mais seguros todos ficarão.

“Os cidadãos são parte desse processo, tanto quanto nós”, diz Garcia. “Eles têm a capacidade de levar em conta a própria segurança, e uma das melhores ferramentas das quais eles dispõem é a intuição. Se essas pessoas sentirem que há algo de estranho, provavelmente há”.

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