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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

General concentra poderes no Egito

Quando o primeiro presidente eleito do Egito, Mohamed Mursi, promoveu o general Abdul Fatah al-Sisi a ministro da Defesa, quase um ano atrás, muitos viram nisso uma vitória do presidente islâmico e de uma democracia incipiente.

Mursi havia recuperado os amplos poderes da velha guarda, e o general Sisi parecia ter uma relação estreita com o novo presidente, chegando a enviar para Mursi um telegrama elogioso: "Os homens das Forças Armadas confirmam a Sua Excelência sua absoluta lealdade ao Egito e a seu povo, apoiando sua liderança como guardiães da responsabilidade patriótica".

Hoje Mursi é um prisioneiro dos militares, deposto pelo general Sisi em 3 de julho. E o general telegênico, que se projetou como protetor da segurança do Egito e de sua própria identidade, cavalga uma onda de vigoroso nacionalismo e sentimento pró-militar.

As percepções conflitantes do general Sisi -um oficial tarimbado que responde com relutância a um chamado a servir ou um homem ambicioso com um "senso de destino", como diz uma pessoa que o conhece- deixam grande parte do Egito a se perguntar se ele pretende devolver o país ao regime civil, como prometeu, ou capitalizar o apoio público buscando poder para si mesmo.

Semanas de manifestações e protestos pela hoje deposta Irmandade Muçulmana confrontaram o general, que supervisionou os dois piores casos de mortes de manifestantes pelos serviços de segurança desde o levante de 2011.

A Irmandade pensou que conseguiria o apoio contra o general Sisi após a demissão de Mursi e, mais tarde, depois da morte de dezenas de manifestantes. Mas o general Sisi conseguiu instigar aprovação suficiente entre os adversários da Irmandade para gerar apoio a uma repressão ainda mais dura.

"O Exército se mantém neutro diante de todas as facções", disse recentemente o general Sisi.

Mas, no mesmo discurso, ele pediu a milhões de pessoas que vão às ruas em seu nome para combater "a violência e o terrorismo", uma referência a seus adversários islâmicos. "Dividam a responsabilidade com o Exército e a polícia."

Em 2005, ele estudou no Colégio de Guerra do Exército dos EUA na Pensilvânia, onde pareceu se interessar especialmente por um curso que tratava de relações entre civis e militares, segundo seu orientador na instituição, coronel Stephen J. Gerras.

Enquanto esteve lá, o general Sisi disse que o mundo árabe precisava criar sua própria versão de democracia, mencionando uma base religiosa moderada, educação e alívio da pobreza como elementos críticos. Grupos islâmicos precisavam ser incluídos, "até os radicais", disse.

Depois que o presidente Hosni Mubarak foi derrubado, o general Sisi serviu no conselho do Exército que dirigiu o país, onde teria conduzido negociações com a Irmandade Muçulmana, a força política mais poderosa do Egito.

Mas, em novembro, Mursi declarou sua autoridade sobre os tribunais, provocando temores de que estivesse se tornando autocrático.

O general Sisi entrou em cena e convidou os líderes políticos para um diálogo, levando colegas de Mursi a acusar o general de trabalhar para minar o presidente.

Um assessor disse que o general havia se reunido com ativistas que tentavam depor o presidente.

Quando o general Sisi anunciou a intervenção militar que derrubou Mursi, os líderes que ele havia cortejado estavam sentados ao seu lado.

O general Sisi rejeitou as alegações. Ele e outros líderes militares, a instituição mais poderosa do Egito e um virtual Estado dentro do Estado, estavam cada vez mais alarmados pelo comportamento de Mursi, segundo diplomatas e analistas.

O desconforto dos militares crescia enquanto a economia despencava e a disputa com a Etiópia sobre o acesso à água do rio Nilo se tornava mais grave.

Mas analistas e pessoas que conhecem o general disseram acreditar que ele falava sério sobre devolver os militares aos quartéis. A liderança que ele representava quando se tornou ministro da Defesa "não apreciava a interferência constante e direta na política", disse Michael Wahid Hanna, que estuda política egípcia e os militares na Fundação Century.

O discurso do general Sisi sobre terrorismo levantou dúvidas, porém. "Estou muito surpreso de que ele escolha estar na frente e no centro", disse Hanna.

A queda de Mursi foi a última etapa na constante batalha por supremacia entre os militares e a Irmandade Muçulmana. Afinal, Mursi foi manobrado por um general que apelou para noções de identidade egípcia que ele acusara os islâmicos de trair.

O general Sisi disse que a Irmandade tinha começado a voltar um país conservador contra a religião. Mas ele e o Exército que comandava garantiriam que o Egito continuasse sendo o Egito, em suas palavras.

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