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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Vietnã e EUA: Todos à bordo?

Se deu até 1995, duas décadas inteiras até esses icônicos helicópteros americanos baterem em retirada sobre o teto de uma residência oficial durante a queda (ou libertação) de Saigon, para assim normalizar as relações diplomáticas entre os EUA e o Vietnã. Desde então, reconstruir suas relações tem sido um processo de "estancar rancores", nas palavras de John Kerry, chefe do Departamento de Estado Americano e veterano do lado perdedor da guerra.

De inimigo declarado, agora os EUA consideram o Vietnã como um aliado estratégico na região. Já para o Vietnã, os EUA é um mercado crucial para suas exportações agrícolas e têxteis, e ainda um contraponto diplomático a uma China ascendente. A balança entre ambos está hoje próximo de US$ 25 bilhões anuais, com grande parte dos bens indo para os EUA.Com isso, o Vietnã foi incluído nas negociações para o Trans-Pacific Partnership(TPP), tratado de livre comércio que ultimamente incluiu mais de uma dezena de países, na Ásia, Austrália e América.

O caminho para o potencial vietnamita passa pelo TPP, entretanto, esto pavimentado com potenciais obstáculos. O Vietnã teme que o acordo prejudicaria suas indústrias têxteis e atrapalharia suas empresas estatais com reformas indesejadas. Para agravar, nos últimos anos diplomatas americanos insistem que o país faça reformas políticas antes de qualquer profunda cooperação econômica. Pode ainda, ser constrangedor para o presidente Obama a iminência do Vietnã assinar o TPP, ao mesmo tempo que perseguem seus próprios dissidentes políticos.

E essa política repressora vem se intensificando. Condenações de dissidentes no primeiro semestre de 2013 em crimes como "propaganda contra o estado" e "tentativa de derrubar o governo", superou equivalentes em todo ano de 2012, de acordo com a Human Rights Watch, um grupo militante. Em Hanói está detido Le Quoc Quan, um conhecido advogado defensor dos direitos humanos, acusado de evasão fiscal. Aprovou-se ainda, uma recente lei que impõe controles sobre o uso da internet,que tornou-se um meio popular para criticar o governo. E por fim July Nguyen Van Hai, um blogueiro preso cujo caso foi lembrado por Barack Obama em um discurso, entrou na quinta semana em greve de fome, em protesto contra seu tratamento desumano.

O cenário tem um pano de fundo pouco auspicioso em 25 de Julho quando o presidente, Truong Tan Sang, fez o que seria apenas a segunda visita a Casa Branca por um chefe de estado vietnamita desde que as relações diplomáticas foram reatadas. A situação para o convite de Obama pode parecer perversa. Mas numa visão ampla, os EUA estão transformando o Vietnã num parceiro chave para seus planos na Ásia. Concomitantemente Obama está ansioso para concluir o TPP, um dos pilares para sua política econômica em toda a Ásia costeada pelo Pacífico.

Em Washington, Obama e Sang anunciaram em vaga definição uma "parceria entendida" e assinalaram suas intenções de assinarem o TPP no fim do ano. Ambos pediram uma solução pacífica para as disputas em torno do sul do mar chinês, e Obama acrescentou, sem detalhes, que ele e Sang discutiram "progresso" e "desafios" na questão dos direitos humanos no Vietnã. Dado que o convite de Obama acendeu a esperança de um potencial avanço na parceria estratégica do TPP, Ian Storey do Instituto de Estudos do Sudeste Asiáticos em Singapura julgou o fato como uma comemoração "aguada". Os líderes pareceram ocultar se os EUA irão considerar o banimento de venda de armas para o Vietnã,e como os dois lados planejam discursar sobre as lacunas vietnamitas no TPP, além de outras questões.

A respeito dos benefícios para o Vietnã oriundos do TPP, se virar signatário, possuem caráter obscuro até os últimos detalhes do acordo forem acertados. Se tratando que o Vietnã é o estado menos desenvolvido do possível tratado, um melhor acesso a mercados além-mares pode trazer ganhos consideráveis. Edmund Malesky da Duke University acrescentou que o acordo de livre regulações governamentais ajudaria o processo reformista no Vietnã, reduzindo a dominância de ações estatais.

A aprovação do país ainda é dúvida. Um ponto central é uma clausula que obrigaria as indústrias têxteis, cujas exportações para os EUA giram em torno de $7,6 bilhões anuais, a cessar a importação de matérias primas da China e outros não membros do TPP, o que pode acarretar prejuízos. Vale lembrar que interesses poderosos agem com cautela frente a disposições que cortam o poder do estado. A predominância da corrupção e ineficiência descompromissada das autoridades financeiras vietnamitas, tem, apesar de tudo, respaldo no alto escalão.

O governo provavelmente também precisaria libertar altas personalidades dos presos políticos nos próximos meses para demonstrar que ouve as preocupações americanas sobre os direitos humanos( ou que não está surdo para tal). Até uma provável liberdade condicional para o militante Quan, cujo julgamento estava marcado para 9 de julho mas então abruptamente cancelado para aliviar a aparência do presidente Sang em Washington.

Libertar alguns dissidentes para facilitar a ratificação de um acordo pode não indicar uma mudança política, como tradicionais críticos do Vietnã notaram. E trazer o Vietnã para o TPP pode desagradar vozes contingentes no Congresso Americano que representam a comunidade vietnamita nos EUA, que permanece desconfiada das motivações do regime comunista. Podem se juntar a eles sindicatos e advogados trabalhistas que alertam sobre as condições dos trabalhadores das fábricas vietnamitas.O Presidente Obama evidentemente quer seguir rumo a melhor estratégia americana em conjunto a objetivos econômicos cortejando Sang a mover um dedo quanto essas preocupações. Isso não necessariamente significa facilidade.

5 comentários:

  1. O mais assustador nisso tudo sintetiza-se numa singela pergunta: e quanto aos milhares de vietnamitas que foram trucidados pelas tropas americanas na justa defesa de sua soberania? Teria sido valido a perda de tantas vidas? Hoje, por muito menos, os EUA fazem um bloqueio desumano a Cuba. Onde estaria o bom senso deste pais?
    Pensemos muito no presente, vale a pena dar a vida por um pais, se no futuro os lideres destes ofuscam o passado e se apresentam como amigos fraternos? Cabe uma reflexao de todos que guardam um sentimento de patriotismo. Com certeza nao vale a pena...

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  2. Concordo com que o Anonimo acima disse é de se parar para pensar vale a pena?....

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  3. É verdade, por isso alguns analistas dizem que as guerras e batalhas são para fins políticos, e não um fim em si mesmo, digo rivalidade, ódio, subjugar e explorar o inimigo, portanto elas servem tão só para mudar o contexto da ordem vigente.

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  4. seu blog é pura mentira, você é um vendido, você é rafalista, para de mimimi, o principal caça da FAB vai ser o gripen, o rafale perdeu.

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    1. Eu sou uma mentira? Essa é a sua opinião. Mas aonde falou-se de caças nesse post? Sim, sou "rafalista", mas sei defender meu ponto de vista com dados, fatos e números e você?

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