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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

EUA esfriam relações com a Rússia

O presidente dos EUA, Barack Obama, não participará da reunião de cúpula bilateral com seu homólogo russo, Vladimir Putin, prevista para o início de setembro em Moscou. Essa decisão não só é a primeira reação firme da Casa Branca à audácia diplomática que representou a concessão de asilo temporário a Edward Snowden.

Demonstra, também, a convicção da administração americana sobre a inutilidade de um encontro do qual não poderia sair qualquer acordo concreto, dadas as discrepâncias que separam as duas potências na maior parte dos temas chaves da política internacional e de sua própria agenda bilateral. Obama irá à reunião do G-20, que se realizará em São Petersburgo em 5 e 6 de setembro.

"Chegamos à conclusão de que não houve um progresso suficiente em nossa agenda comum que justifique a necessidade de manter um encontro bilateral entre EUA e Rússia", indicou na última quarta-feira (7) o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, em um comunicado.

Embora a presidência americana insista em deixar claro que essa é a principal causa que motivou a suspensão da cúpula, não desvincula a medida do caso do perito em informática que efetuou os vazamentos dos programas de espionagem maciça do governo americano. "A decepcionante decisão da Rússia de conceder asilo temporário a Edward Snowden também foi um fator que levamos em conta na hora de rever o estado atual de nossa relação bilateral", explicou Carney.

O Kremlin mostrou-se "decepcionado" pela decisão de Washington e atribuiu a mesma ao caso Snowden, no qual, afirmou o assessor de Relações Exteriores de Putin, "a Rússia não tem qualquer culpa". A Casa Branca sempre contemplou com receio o propósito dessa cúpula bilateral, dadas as claras perspectivas de não chegar a avanços concretos, não só em assuntos de âmbito internacional, como Síria ou Irã, mas também em seus próprios interesses, como a redução de armas, o escudo antimísseis ou o respeito aos direitos humanos.

O governo dos EUA vê na concessão de asilo a Snowden - apesar dos esforços diplomáticos para evitá-lo, nos quais até o próprio Obama se envolveu - mais um indício da falta de interesse da Rússia pelo êxito de uma reunião que somente teria favorecido ao presidente russo, que contempla esse tipo de cúpula como um apoio a seu prestígio mundial.

"O assunto do vazador serviu como desculpa perfeita ao governo americano para cancelar uma reunião diante da qual sempre se sentiu incômodo", salienta Cory Welt, diretor do Instituto de Estudos Europeus, Russos e Euroasiátcos da Universidade George Washington.

Essa decisão não contribuirá para distender as relações entre EUA e Rússia, cujas profundas discrepâncias ficaram em evidência na última reunião entre seus líderes, no mês de junho passado, no quadro da cúpula do G-8 na Irlanda do Norte.

"Putin não pareceu muito contente", brincou Obama, na terça-feira (6), em uma entrevista no programa de Jay Leno. Foi a primeira ocasião em que o presidente abordou em público o assunto da concessão de asilo a Snowden. "Fiquei decepcionado", confessou ao apresentador. O presidente americano reconheceu que esse incidente é "um exemplo dos profundos obstáculos e desafios de nossa relação bilateral".

Durante o programa televisivo, o presidente não escondeu a falta de sintonia com o chefe de estado russo. "Às vezes eles parecem retornar à guerra fria e adotam uma mentalidade de guerra fria, e eu não paro de dizer ao presidente Putin que isso é passado", afirmou Obama.

O confronto entre o Kremlin e a Casa Branca tornou-se mais profundo desde 2011, quando dezenas de milhares de russos tomaram as ruas de Moscou para protestar contra seu governo. Então, Putin acusou Washington de apoiar os manifestantes, declarações que reiterou em junho passado.

O descontentamento do governo dos EUA sobre a situação dos direitos civis na Rússia foi contestado pelo Kremlin proibindo as adoções de crianças russas por cidadãos americanos. No programa de Jay Leno, Obama também criticou a falta de tolerância do Executivo de Putin em relação aos homossexuais. "Não tenho paciência com esse tipo de país", disse.

A Casa Branca, entretanto, não ignora a importância de manter abertas as vias de diálogo com a Rússia, país cuja colaboração é vital para garantir a segurança da saída de suas tropas do Afeganistão. Carney confirmou que os secretários de Estado e de Defesa, John Kerry e Chuck Hagel, se reunirão com seus homólogos russos, Serguei Lavrov e Serguei Shoigu, amanhã em Washington, para "discutir como podemos avançar no amplo leque de assuntos que formam nossa relação bilateral".

Nesses encontros, serão discutidos a crise síria, o programa nuclear do Irã e da Coreia do Norte, assim como o tratado Novo START (sobre redução do arsenal nuclear) e o escudo antimísseis na Europa. "Nossa cooperação nesses assuntos continua sendo uma prioridade para os EUA", salientou o porta-voz.

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