Angela Merkel |
Os jornais gregos gostam de mostrar a chanceler alemã, Angela Merkel, em um uniforme nazista. O diário italiano "Libero" saudou a chanceler com um grosseiro "Vaffanmerkel" em sua capa (em alusão à expressão italiana "vaffanculo").
A revista britânica "New Statesman" afirmou que Merkel é a "mais perigosa líder da Europa". Muitos britânicos acreditam que as medidas de austeridade de Merkel estão destruindo o euro.
Em minha terra natal, a Alemanha, por sua vez, Merkel é a política mais popular em atuação. A reeleição dela para seu terceiro mandato, agora em 2013, é quase garantida. Mas por que os alemães aplaudem sua líder enquanto o restante da Europa parece detestá-la?
Uma razão fundamental para a popularidade persistente de Merkel é a economia alemã. Isso é difícil de imaginar se você vive na Grécia, na Espanha ou mesmo na Inglaterra em recessão. Mas a produção alemã subiu cerca de 8% desde o início da crise do euro, de acordo com o Ministério da Economia da Alemanha.
O rolo compressor das exportações alemãs está avançando muito bem. O desemprego alcançou seu recorde de baixa, e os salários estão finalmente subindo. Por que, então, não deveríamos gostar de Merkel?
Os alemães dão muito crédito a Merkel por protegê-los da crise financeira. Mas o crédito não é totalmente merecido – as reformas aprovadas por seu antecessor, Gerhard Schroeder, para o mercado de trabalho têm muito a ver com o atual sucesso da Alemanha, assim como a forte demanda asiática por carros e máquinas alemães e por um euro com cotação razoável.
Mas Merkel toma cuidado para não desperdiçar o dinheiro dos contribuintes em operações de socorro ao euro, e ela é dura com os países do sul da Europa, que são lentos em adotar reformas.
A maioria dos alemães aprova sinceramente a maneira como Merkel lidou com a crise do euro.
Outra razão pela qual os alemães amam sua chanceler é o fato de ela evitar escândalos e ostentação.
Ela ainda mora em sua modesta residência em Berlim, e não nos arejados apartamentos da chancelaria. Muitas vezes ela é vista fazendo compras no supermercado perto de sua casa.
Em julho passado, ela foi ao Festival de Ópera de Bayreuth* usando o mesmo vestido com que apareceu no evento em 2008.
A maioria dos alemães é frugal. Merkel também é. Até mesmo sua risada mundana e seu vício em enviar mensagens de texto pelo celular mostram que ela é exatamente como você.
Merkel também é uma política muito cautelosa, que odeia fazer grandes discursos. Ela é muitas vezes subestimada e tende a prometer menos e a entregar mais. Ela pode ser implacável quando quer se livrar de potenciais adversários políticos, mas nunca fala mal de seus adversários. Essas características a fizeram politicamente inatacável dentro de casa.
Mas, talvez, o mais importante seja o fato de que Merkel é o epítome da política alemã. A constituição alemã do pós-guerra (escrita com uma pequena ajuda de norte-americanos e britânicos) criou um sistema político que valoriza o cuidado e o consenso, e impede a tomada de decisões precipitadas.
Merkel é excepcionalmente boa em colocar todo mundo para trabalhar e cumprir suas ordens e em fazer as pessoas chegarem a acordos sobre as soluções que devem ser tomadas. Ela não tem ego. E ela também não vive sob o peso de princípios políticos inflexíveis (os partidos de oposição se queixam, com razão, de que Merkel constantemente assume o controle de suas ideias mais populares).
A crise do euro ajudou Merkel a parecer ainda mais presidencial enquanto ela viaja de reunião de cúpula em reunião de cúpula. Ela parece flutuar sobre as disputas mesquinhas que dominam o Parlamento alemão. Os alemães acreditam que a habilidade de criar consenso é importante para as lideranças.
Para os britânicos, acostumados à política movida pela concorrência – na qual quem recebe mais votos é eleito e que conta com o programa semanal "Question Time", atração que mostra o primeiro-ministro respondendo a perguntas dos deputados –, isso é quase impossível de entender.
Merkel simplesmente não funcionaria em Westminster. Os alemães, por outro lado, provavelmente achariam a maioria dos líderes britânicos espalhafatosos, impulsivos e de estilo desnecessariamente combativo.
De qualquer modo, as diferenças entre a Alemanha e o restante da Europa são um tanto exageradas. Os meios de comunicação amam bater em Merkel, mas os europeus parecem respeitá-la de um modo relutante.
No início deste ano, o Pew Global Attitudes Project** constatou que em todos os grandes países europeus as pessoas deram uma nota mais alta para Merkel do que a seus próprios líderes devido ao modo como ela lidou com a crise do euro.
Dois terços dos britânicos aplaudiram Merkel, mas apenas 51% consideraram que o primeiro-ministro David Cameron estava se saindo bem. Além disso, o show de unidade entre britânicos e alemães na última reunião de cúpula da União Europeia (durante a qual Merkel apoiou o veto de Cameron à ampliação do orçamento da UE) revelou que os dois podem ter uma causa comum.
Merkel é uma euro-pragmática. Ela acredita firmemente nos benefícios econômicos e políticos que a integração europeia traz para a Alemanha. Mas ela não é uma federalista de olhos embaçados.
Nesse sentido, ela está mais próxima da maioria dos políticos britânicos do que dos ex-líderes alemães, como Helmut Kohl ou Hans-Dietrich Genscher.
Mas não se engane: isso também significa que Merkel vai defender interesses nacionais da Alemanha sempre que necessário. Esta nova assertividade alemã vai manter o nível de aprovação de Merkel alto dentro de casa, mas vai colocá-la em desacordo com o restante dos europeus.
*O Festival de Ópera de Bayreuth (em alemão: Bayreuther Festspiele) é um festival de música realizado anualmente em Bayreuth, na Alemanha, em que são apresentadas óperas do compositor alemão Richard Wagner, que viveu no século 19. O próprio Wagner concebeu e promoveu a ideia de um festival especial para mostrar suas obras, em especial seu ciclo monumental composto por "O Anel dos Nibelungos" e "Parsifal".
Se os EUA/Inglaterra deram uma ajudinha aos alemães a fazerem uma nova contituição no pós guerra, isto não passa de uma piadinha de mal gosto, ou seja essa coisa tem outro nome: OCUPAÇÂO. Se a Alemanha perdeu a guerra, pois q pague o preço. Bom! Mas isto não atrapalhou em nada ao povo alemão, pois quem deu ao Bigode tudo aquilo, pode dar no minuto seguinte tudo de novo a pátria destruida. Mas fica o recado para europa q a Wehrmacht ainda está em pé!
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