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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Candidatos batem na China, mas efeito eleitoral é pequeno


Eleitores sentem que, se os EUA prejudicarem o país, acabarão sendo afetados

Numa disputa apertada, os candidatos devem correr atrás de cada voto. No front da política externa, só duas questões parecem ter potencial de gerar interesse por parte dos eleitores. Uma delas é o Irã, e a outra, a China.

Entre as duas, a China deve ser vencedora para qualquer candidato que consiga projetar uma imagem de contundência, porque as práticas comerciais de Pequim são amplamente retratadas nos EUA como sendo injustas.

O deficit comercial com a China é visto como responsável por empregos perdidos na indústria. O fato de a China possuir US$ 2 trilhões em dívida americana é sentido como parte de um complô tenebroso para solapar a segurança econômica dos EUA.

Compreensivelmente, os dois candidatos adotaram um discurso contundente em relação à China.

O problema é que eles podem descobrir que seu discurso anti-China não lhes rende muitos votos.

Segundo a pesquisa mais recente do Pew Research Center, o cidadão comum americano está dividido. Por um lado, a maioria dos americanos (55%) reconhece a importância crescente da China e endossa a construção de um relacionamento forte com ela.

Por outro, só um quarto dos americanos parece confiar na China e, o que complica mais a questão, dois terços deles veem no país um concorrente, não um inimigo.

Há diferença partidária na percepção -60% dos republicanos estão preocupados com a ascensão da China, contra 48% dos democratas.

Enquanto os americanos divergiam pouco quanto à natureza da ameaça soviética, eles enxergam a China em termos mais nuançados.

Consequentemente, é mais difícil para qualquer dos lados criar um consenso sobre a política em relação à China.

Uma política mais amigável ganha pouco apoio público. Uma abordagem totalmente antagônica pode agradar a muitos republicanos, mas não aos democratas.

Isso nos deixa uma pergunta: se um discurso anti-China intransigente realmente valerá votos adicionais. A resposta é "provavelmente não", especialmente para Romney.

Os republicanos não gostam de Obama, de qualquer maneira. Logo, a política de linha-dura de Romney com a China não lhe trará apoio adicional entre esse grupo.

Para os democratas, Obama já fez o suficiente para abrandar suas frustrações com a China.

A razão mais importante pela qual o discurso anti-China rende tão poucos dividendos é que a maioria dos americanos tem dificuldade em compreender a questão.

A China é um elo na rede manufatureira global. Ela produz aparelhos para empresas ocidentais respeitadas. Todos os iPhones e iPads são fabricados lá.

Os americanos compram muitos objetos fabricados na China, mas poucos são de marcas chinesas. Diferentemente da japonesa, a competição chinesa é indireta.

Em outras palavras, o alcance econômico da China já penetrou na tessitura do capitalismo americano. A América não pode prejudicar a China sem prejudicar a si mesma (e vice-versa). Os eleitores americanos podem não saber disso. Mas sentem essa realidade instintivamente.

MINXIN PEI é professor de administração pública no Claremont McKenna College.

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