Países emitem advertências de terrorismo uns contra os outros, e UE não descarta ação da al-Qaeda
O governo da França deu anteontem à noite sua contribuição para aumentar a onda de alertas sobre a possibilidade de atentados terroristas perpetrados por extremistas islâmicos na Europa: um comunicado publicado no site do Ministério da Defesa recomendou a cidadãos franceses visitando ou vivendo no Reino Unido que tenham cautela em visitas a pontos turísticos e no uso da rede de transporte público. O alerta se junta a comunicados emitidos nos últimos dias pelos governos americano, britânico, sueco e até o japonês. O curioso, no entanto, é que os governos emitem alerta de segurança para outros países, e não para seus próprios territórios. Enquanto o Reino Unido advertiu para o perigo de viagens à França e à Alemanha, o governo francês avisou seus cidadãos para tomarem cuidado no Reino Unido; já a Alemanha negou haver algum perigo iminente de ataque e foi deixada de fora do alerta francês, sob a justificativa de Paris de que os alemães não apontaram riscos imediatos.
Ontem, a principal autoridade da União Europeia no combate ao terrorismo, Gilles de Kerchove, disse estar certo de que grupos extremistas estão preparando atentados.
— As autoridades não estariam amedrontando a população sem motivo. A ameaça de um ataque não diminui só porque não está havendo atentados, e sabemos que grupos como a al-Qaeda ainda têm a intenção de fazer ataques em larga escala — alertou Kerchove ao canal oficial de notícias da UE.
Europeus atacados fora do continente
Tanto a França quanto o Reino Unido estão sob o segundo mais severo nível de alerta, que estabelece um ataque como altamente provável. Informações da inteligência britânica apontam para um plano de ataques simultâneos em grandes cidades europeias nos moldes da operação realizada em Bombaim, na Índia, há dois anos, quando terroristas usaram metralhadoras e granadas em diversos pontos da cidade, matando 173 pessoas. Anteontem, a polícia francesa prendeu 12 suspeitos em duas operações antiterror.
De acordo com a mídia europeia, a Alemanha seria um dos alvos preferenciais, mas ontem o governo alemão reafirmou não ter qualquer informação de inteligência sobre ataques iminentes, apesar de os serviços de segurança do país estarem monitorando pelo menos 100 muçulmanos alemães que nos últimos meses viajaram para o Paquistão.
— Não devemos duvidar que a Alemanha seja um alvo para terroristas, mas não há qualquer plano concreto ou imediato de que tenhamos conhecimento — minimizou o ministro do Interior alemão, Thomas de Mazière.
Até o momento, os ataques contra cidadãos europeus ocorreram longe do continente. Ontem, por exemplo, um comboio com diplomatas britânicos foi atacado em Sanaa, capital do Iêmen, enquanto um executivo francês trabalhando para uma empresa de petróleo austríaca foi morto a tiros.
Londres, porém, precisa concentrar seus esforços de vigilância em duas frentes: há duas semanas, o Ministério do Interior elevou de moderado para substancial o risco de um ataque de terroristas republicanos em alvos fora da Irlanda do Norte depois de quase dez anos. A segurança foi reforçada para a convenção anual do Partido Conservador, que está sendo realizada em Birmingham.
Em relação ao terrorismo islâmico, acredita-se que a morte do militante radical britânico Abdul Jabbar no ataque de um avião americano por controle remoto, no Paquistão, no início de setembro, tenha desbaratado momentaneamente a organização das ações coordenadas. Jabbar, que estava na mira da inteligência britânica desde o ano passado, quando mudou-se para o Paquistão, seria o responsável pela formação de uma célula da al-Qaeda no Reino Unido para especificamente cuidar dos atentados.
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